Lucio Filippucci: De Martin Mystère para Tex!

Gino D’Antonio, o extraordinário desenhador/escritor que infelizmente nos deixou em 24 de Dezembro de 2006, brindou-nos ainda antes da sua partida com a estreia no mundo de Águia da Noite, em concreto com o argumento de um Texone (Tex Gigante), que tem como tema central os pântanos da Florida, onde vivem os índios Seminoles e que está a ser desenhado por Lucio Filippucci.
 
É justamente a este desenhador, assim como à sua primeira prova texiana, mas já bem conhecido por quem segue as outras séries da Sergio Bonelli Editore, que dedicamos hoje este espaço.
 
NLucio Filippucciascido em 1955, na bela cidade de Bolonha, Filippucci – vêem-no num auto-retrato aqui do lado esquerdo – estreia-se aos vinte anos, graças à editora “Edifumetto” de Renzo Barbieri; em 1979, substitui Milo Manara na série “Chris Lean” na revista “Corrier Boy”, para a qual ilustra também numerosas histórias breves.
Em colaboração com o colega e amigo Giovanni Romanini, trabalha também para o mercado francês. Paralelamente ilustra numerosas campanhas publicitárias para o Município de Bolonha e Região Emília Romana, e livros como “O manual de autodefesa televisiva” de Patrizio Roversi (Sperling & Kupfer) e “O manual da top-model” de Syusy Blady (Longanesi).
Colabora por algum tempo com a Panini e com as editoras de livros de infância “Piccoli” e “Juvenilia”, e, em 1992, junto com Alberto Savini vence o Prémio Lunigiana com o volume “Quel tunnel Sotto la scuola”; em 2001 o Museu de Arte moderna de Prato dedica-lhe uma exposição pessoal. Nesse mesmo período, entra no staff de Martin Mystère, do qual se torna rapidamente um dos esteios principais.
 
Tex de Lucio FilippucciDesde há um par de anos, que aceitou submeter-se à prova com o nosso Ranger, do qual vos mostramos aqui do lado direito um belo primeiro plano, distinto do inconfundível estilo gráfico de Filippucci, que nos confessou: “Ao início, passar do traço sintético e moderno de Martin Mystère àquele mais clássico e realista de Tex, foi difícil, quase traumático. Depois, lentamente consegui adaptar-me, entrando em sintonia com o seu particular ritmo narrativo, e superando as dificuldades maiores, entre as quais, por exemplo, representar de modo credível os cavalos. Quem nunca os desenhou não pode aprender de um dia para o outro. Neste sentido, mais que abarcar repertórios fotográficos ou livros ilustrados, preferi ver o trabalho de dois grandes autores western, Jean Giraud de Blueberry e o inolvidável Rino Albertarelli. A eles, segundo a minha opinião, se devem os cavalos mais belos, aqueles que se movem com um movimento mais fluído. No futuro, antes de passar a uma nova história, procurarei documentar-me melhor…
O facto é que enfrentei este Texone como se enfrenta uma onda que te cai em cima ao improviso. Foi emocionante, mas tive pouco tempo para programar o trabalho
”.
 
E com respeito à ambientação? “Neste caso”, responde Filippucci, “baseei-me por certo na minha importante experiência pessoal. Para desenhar as ilhotas, as palmeiras, as magnólias, as canas que infestam os pântanos da Florida, ajudou-me bastante o facto de ter ilustrado “I giardini venuti dal vento”, um livro escrito pela minha mulher, Maria Gabriella Buccioli (que recebeu o prémio “Giardini botanici Hanbury”) que contou, em forma romanceada, como conseguiu transformar um velho quintal nas colinas bolonhesas, num maravilhoso jardim botânico, aberto ao público. E estamos já a trabalhar num segundo livro…”.

Arte de Lucio Filippucci 
Antes de terminar, uma pergunta inevitável ao vencedor do Prémio ANAFI como melhor desenhador em 2005: Não tem nostalgia de Martin Mystère? “Bem”, diz Filippucci sorrindo, “admito que do Detective do Impossível, com as suas viagens aos universos mais fantásticos, sinto um pouco a falta. Mas não o perdi de todo: com Alfredo Castelli estou, com efeito, readaptando em edições ampliadas e coloridas para o mercado internacional algumas histórias do Docteur Mystère publicadas em anos anteriores nos Almanacchi del Mistero”.
 
Texto de José Carlos Francisco, baseado na rubrica “Caro Tex…”, de Sergio Bonelli, inserida em Tex Nuova Ristampa nº 179 de 15 de Março de 2007.

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