Por Rodrigo Bratz
Informações e curiosidades extraídas do livreto que acompanha a edição especial do DVD italiano do filme de Tex, com texto de Alberto Farina:
– A ideia de levar Tex ao cinema ou à televisão vinha periodicamente à tona desde os anos 60.
– Por volta de 1976 falou-se com certa insistência sobre um filme no qual Tex seria interpretado por Charlton Heston. O director seria Enzo Castellari, um veterano dos faroestes italianos. Castellari chegou a reunir-se com G.L. Bonelli para tratar do filme, mas o projecto não seguiu adiante porque Bonelli queria participar da produção e “pedia coisas que não eram possíveis“.
– Foi no início dos anos 80, e após a renúncia de Bonelli em empenhar-se directamente na produção, que a rede de TV italiana Rai 3 retomou um antigo projecto de um filme/seriado televisivo de Tex.
– Desde o início o objectivo de Tex e o Senhor dos Abismos não foi o de tentar um relançamento do género faroeste. Conforme explicou o director Duccio Tessari em uma entrevista à época, “embora no filme as pessoas andem a cavalo usando revólveres e chapéus, falta a tradição, o clima, o perfume do western; há uma história de aventura, mas trata-se sobretudo de uma BD portada ao cinema com todos os riscos, os perigos e as dificuldades de uma operação desse género“.
– Uma das condições impostas por Bonelli para autorizar a adaptação cinematográfica era a de que “Tex fosse respeitado tanto na integridade da personagem quanto nos diálogos“. Por conta disso, o guião (no Brasil: roteiro) do filme foi revisado nada menos do que onze vezes antes de se chegar à versão final, visando manter-se o mais fiel possível à linguagem dos quadradinhos. Para a editora, a garantia do respeito à personagem era a presença, entre os guionistas, do irmão de Sergio Bonelli, Giorgio.
– A Rai 3 decidiu produzir Tex e o Senhor dos Abismos recorrendo somente aos seus próprios funcionários. Eram empregados estatais e “trabalhavam apenas porque era preciso que trabalhassem“, o que fez com que o director Duccio Tessari sofresse todo o tipo de dificuldade na realização do filme.
– Outro problema com o qual Tessari teve de lidar foi o baixíssimo orçamento da longa-metragem. Para efeito de comparação, o total orçado compreendia metade do que havia sido gasto apenas na cena inicial de 007 – Alvo em movimento (no Brasil: 007 – Na mira dos assassinos), lançado também em 1985.
– Antes de a Rai 3 escolher o intérprete de Tex, foi realizada uma pesquisa entre o público, à qual 72% dos interessados respondeu Giuliano Gemma. Em segundo lugar ficou Paul Newman.
– O estilo adoptado pelo director Duccio Tessari foi o de “uma estilização marcada, com uma quase total supressão dos movimentos da câmara, na tentativa de levar às telas a estaticidade dos quadradinhos nos quais se subdividem as páginas da revista“. Essa solução era também uma forma de minimizar as limitações do orçamento.
– A decisão de fazer um “filme-BD” foi seguida de tal modo que até regras de continuidade cinematográfica foram propositalmente desobedecidas. Um exemplo: Tex que, logo depois de ser salvo da areia movediça, onde estava atolado até o pescoço, aparece vestindo uma camisa totalmente limpa.
– Tessari buscou “restituir aos leitores a experiência tranquilizadora, em uma tradição já com quarenta anos, de uma aventura sem sombras, inocente e inteligentemente ingénua, desenrolada no passar de uma cena de acção a outra sem se dar muitas explicações“. Para o director, o público-alvo do filme eram os leitores de Tex.
– Tex e o Senhor dos Abismos foi planeado inicialmente como um filme televisivo e como o piloto de uma série com treze capítulos de uma hora cada. Não foi pensado para ser lançado no cinema. Mas os produtores, ao final, decidiram não só fazê-lo como também condicionaram o sucesso da longa-metragem à realização da série de TV. “Um pecado de soberba que a Rai pagaria caro“.
– O filme foi apresentado de modo exageradamente triunfal na Mostra do Cinema de Veneza, na secção “Venezia Giovani“, junto a produções como Regresso ao futuro (no Brasil: De volta para o futuro), Cocoon – A Aventura dos Corais Perdidos (no Brasil: Cocoon), Amor e sangue (no Brasil: Conquista sangrenta), Mad Max Além da Cúpula do Trovão (no Brasil: Mad Max – Além da Cúpula do Trovão), e também o faroeste neoclássico Silverado.
– “Em vez do auspicioso efeito reboque, a inserção em uma secção de conteúdo tão espectacular fez com que Tex e o Senhor dos Abismos recebesse uma rajada de juízos negativos que, dadas as premissas, era bem difícil contestar. Porque nenhuma das críticas ferrenhas poderia levar em conta o facto de que se tratava de uma operação genuinamente televisiva e – com posterior bom senso – a seu modo pioneira. Se tivesse sido apresentado como um filme televisivo, Tex teria provavelmente experimentado uma tolerância bem diferente e se candidatado efectivamente a inaugurar uma série longeva, como era a intenção inicial.“
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Apesar das dificuldades é um excelente filme com o fenomenal Giuliano Gemma em grande forma aos 47 anos. É evidente que uma grande produtora americana não iria se interessar num filme italiano, porque na realidade os faroeste italiano apesar dos baixos investimentos retratam melhor o oeste americano de Clint Eastwood e Charles Bronson em filmes italianos espetaculares, e, atores italianos magistrais como Gemma e outros que brilharam nos anos 60.
Poucas vezes os americanos retrataram a essência do faroeste.
Jonah Hex foi um fiasco nas telas.
Quanto aos quadrinhos é bem claro que a Bonelli é muito superior aos americanos…
Concordo com a afirmação do António Matias. Apesar de terem orçamentos muito mais reduzidos, os westerns italianos sempre foram muito mais realistas que os western americanos. É bem claro que o filme do TEX beneficia de orçamento muito curto mas mesmo assim é muito fiel à BD. Giuliano Gemma foi o homem certo para interpretar Tex Willer.
Há um pormenor que talvez passe despercebido à maioria mas fica a nota: no filme Tex e Carson usam apenas um coldre e um revólver mas nos livros ambos têm sempre dois colts.
Mesmo com as questões todas que foram colocadas, eu gosto do filme, e como é único que fala do Tex o guardo com carinho.
Seria maravilhoso um outro filme de Tex com os 4 pards, uma superprodução… já pensaram com seria maravilhoso…
Vi o filme a semana passada. Achei muito bom e fiquei impressionado com a semelhança do filme com as aventuras em banda desenhada.
Ainda não assisti ao filme, mas gostaria muito de assistir. Como faço para conseguir.
Até hoje estão produzindo filmes espetaculares como Tombstone com Leonardo Di Caprio, Duelo de Bravos, Atirando Para Matar, Os Implacáveis, Inferno no Faroeste, porque não fazer uma super produção para o mais famoso herói de faroeste da história? O que acontece é que não respeitam os fãs de Tex, muitos já morreram sonhando com filmes de Tex, mas não respeitam os fãs. Se respeitassem teria muitos filmes de Tex como esses citados por mim. São ótimos filmes e lançados recentemente por produtoras competentes. O que falta é respeito aos fãs. O maior desejo dos fãs de Tex é ver ele em filmes na tela para que a juventude de hoje se aproxime mais… muitos fãs vão morrer sem esse sonho realizado de ver seu herói em filmes pelo menos um por ano com ótima produção como os citados por mim…
Um filme com Charlton Heston, Clint Eastwood, John Wayne na pele do nosso Ranger Tex seria uma Maravilha. Mas não se pode desmerecer o italiano Giuliano Gemma que aceitou de bom grado interpretar o Grande Defensor da Lei e Justiceiro Tex Wiler.