GALERIA TOYBROKER

Por Ricardo Leite*

O universo de brinquedos inspirados em obras de BD e animação é vastíssimo e anterior ao fenómeno de brinquedos derivados da tela (tecnicamente designados de TV/movie related), aposta recorrente no atual panorama da indústria do brinquedo. Esses pioneiros produtos derivados da BD são praticamente tão antigos como esta. Logo no início do século XX, nos EUA, o merchandising dá os primeiros passos, seguindo o sucesso de obras publicadas em jornais concorrentes, mas é eventualmente a Disney quem começa a verdadeira exploração do “filão”. Figuras de Donald e Mickey em louça ou “papier-mâché”, ou Popeye em celulóide com braços articulados, peluches, mealheiros, etc. são exemplos típicos dessa época inicial no período entre guerras. Na Europa, poucos anos mais tarde, surgem os primeiros brinquedos de personagens como Becassine e Babar.

Mas é com o desenvolvimento da indústria do plástico, a partir dos anos 1950, tanto nos EUA, como na Europa, que se dá verdadeiramente a explosão destes derivados no mercado dos brinquedos. Figuras de Astérix, Tintin, Lucky Luke, Schtroumpfs, etc. são exploradas pelos fabricantes, tanto como peças para venda como brindes de campanhas publicitárias. Paralelamente nos EUA, o universo dos super-heróis, com Batman à cabeça, invadem as lojas de brinquedos e encantam as crianças.

A partir da estreia do primeiro filme da saga “Star Wars” em 1977, George Lucas veio dar uma nova dimensão (realmente galáctica!) ao conceito de merchandising, projetando o tema da  ficção científica para primeiro plano, e revolucionar a indústria do brinquedo, sendo praticamente responsável pelo declínio e mesmo falência de alguns fabricantes que apostavam nos temas clássicos onde o nosso “western” de Tex se encontra…

Do personagem Tex Willer, poucas são as transições conhecidas para a 3ª dimensão, no universo dos brinquedos, como é o caso da Mego. Em meados dos anos 70 este fabricante americano de “Action Figures”, que já estava intimamente ligado à produção de figuras de personagens dos super heróis Marvel e DC, produziu, com grande qualidade, um conjunto de 4 figuras dos principais personagens de Tex, aproveitando magistralmente moldes e conceitos de acessórios de uma outra linha da Mego – American West: O próprio Tex, executado com grande mestria, com aproveitamento do molde da cabeça de Batman, o seu inseparável companheiro Kit Carson, também aproveitado da fisionomia do Rei Artur, da série Super Knigts (utilizada também para Buffalo Bill), o seu filho Kit, a partir da cabeça de Tarzan e finalmente o índio Jack Tigre, criado a partir da fisionomia de Cochise, o último membro deste quarteto mortífero para os fora-da-lei do Oeste da dupla Bonelli/Galleppini.

Estas figuras distribuídas no mercado italiano pela Baravelli, uma vez que foram produzidas em número reduzido, são hoje autênticas raridades para os coleccionadores. Para além do interesse nas figuras como coleccinável, o facto de as caixas originais onde as mesmas vinham, terem sido executadas a partir de desenhos originais de Galep, torna o conjunto ainda mais cobiçado pelos mesmos coleccionadores, principalmente para os que são ao mesmo tempo fãs de Tex. Para aumentar ainda mais a procura e consequentemente inflaccionar o preço, não só os coleccionadores italianos as procuram, como também os grandes coleccionadores de figuras Mego nos E.U.A., se degladiam em leilões da especialidade, cada vez que aparecem à venda. No mercado especializado dos brinquedos de colecção estas figuras atingem preços na ordem dos milhares de dólares e, mesmo assim, dado a sua escassez, só muito esporadicamente surge uma ou outra para venda. Disponíveis regularmente estão as réplicas (quase perfeitas), feitas há poucos anos na Índia, mas infelizmente sem caixas!

* Texto de Ricardo Leite publicado originalmente na Revista nº 7 do Clube Tex Portugal, de Dezembro de 2017.

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