Natural de Elvas, onde nasceu a 10 de Outubro de 1935, o consagrado desenhador José Augusto Direitinho Pires faleceu no passado dia 15 de Julho, aos 86 anos.
Apesar de ter chegado tarde à banda desenhada, pois só publicou a sua primeira história, “O último prato de Tenton Gant”, aos 27 anos, no “Cavaleiro Andante“, dedicou-se a esta nobre arte (a sua paixão de vida) durante mais de 60 anos, publicando não somente em Portugal, mas também no estrangeiro, sobretudo na Bélgica
Mas o que muitos não sabem, é que José Pires candidatou-se, na primeira década deste século, a desenhar a mais famosa personagem da banda desenhada italiana: Tex Willer.
O desenhador português chegou a enviar ao editor Sergio Bonelli diversas páginas teste de uma história de Tex, com argumento e guião de Gus Peterson (Gus Peterson e José Pires são uma e a mesma pessoa. “Gus” tinha origem no seu apelido “AuGUSto” e “Peterson” seria uma derivação de “Pires”), história essa que era proposta para um Tex Gigante, mas o responsável-mor da Sergio Bonelli Editore acabou por rejeitar a iniciativa de José Pires, sobretudo porque à época Tex não poderia ser desenhado pela via digital, técnica que José Pires já usava assiduamente.
Após o “chumbo” de Sergio Bonelli e tendo em conta que José Pires já tinha desenhado algumas dezenas de páginas, o desenhador português aproveitou essas páginas, efectuando algumas (óbvias e necessárias) alterações para publicar, em 2016, Buster: Desperadoes – A quadrilha selvagem; José Pires e Guy Patterson; Edição do autor. Uma banda desenhada western (um dos géneros de ficção em geral e da banda desenhada em particular que era muito querido ao autor José Pires) à maneira de Tex, mas que acabou por nada ter a ver com a famosa personagem italiana.
Hoje num exclusivo rigorosamente mundial, vamos dar a conhecer aos nossos leitores seis das pranchas da história de Tex, enviadas por José Pires a Sergio Bonelli, assim como a capa realizada também por José Pires e também a sinopse e planificação das primeiras sete cenas da história:

‘Desperadoes‘ (A quadrilha selvagem) – Sinopse e planificação de cenas de uma aventura de Tex proposta por José Pires a Sergio Bonelli
(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)
Que arte bacana, gostei bastante…
Os traços destoam completamente do nanquim italiano, por ser um desenho digital, quem desenha percebe o desencaixe dos movimentos e proporção de partes do corpo, mas acho que serve para preservar a memória do autor e seu amor pelo ranger mais famoso do mundo. Os italianos são extremamente conservadores no que se refere a preservação do estilo original.
Obrigado e até um dia, amigo e professor José Pires, pessoa que tanto me ajudou na compreensão da profissão de artista de BD, há muitos anos atrás num pequeno curso na Amora. Ficam as saudades e o convite à descoberta da sua extensa obra.
Só um pequeno esclarecimento: Gus Peterson e José Pires são uma e a mesma pessoa. “Gus” tinha origem no seu apelido “AuGUSto” e “Peterson” seria uma derivação de “Pires”.
O José Pires gostava, por vezes, de utilizar pseudónimos, só por brincadeira (Adolfo Dias, era outro dos que utilizava).
De resto, um belo post, como quase todos os deste fantástico blogue.
Grande abraço.
Olá, Carlos.
Muito obrigado pelo esclarecimento relativamente ao ‘Gus Peterson’… eu desconhecia.
Vou actualizar o texto, inserindo a informação dada por ti.
Um grande abraço e obrigado também pelas tuas simpáticas, e sei que sinceras, palavras!