Ernesto Rudesindo García Seijas, nasceu a 1 de Junho de 1941 na cidade de Ramos Mejía, província de Buenos Aires (Argentina) e desde muito tenra idade começou a desenhar em cada pedaço de papel que lhe caía nas mãos. Quando jogava futebol com os seus amigos, logo deixava a bola, para desenhar na calçada, com pedaços de giz, daí ser apelidado na época como “Pincelito“.
Motivado pela admiração ao seu irmão 12 anos mais velho, que era desenhador publicitário, decidiu ingressar com 12 anos na Escola Secundária de Belas Artes, a qual abandonou pouco tempo depois por falta de interesse em todas as demais disciplinas que não o desenho, coisa que lhe custou uma tareia do seu pai.
Pouco tempo depois inscreve-se na Academinas Pitman, onde estuda desenho por dois anos. Porém a sua curiosidade de aprendiz não se ficou só por aí, pois comprou vários livros do conceituado desenhador norte-americano Andrew Loomis, de quem aprendeu o que lhe faltava para lançar-se a desenhar profissionalmente.
Seu primeiro trabalho pago como desenhador foi na Editorial Fascinación, onde devia completar os quadros que faltassem nas novelas ilustradas que vinham de Itália. Em pouco tempo começa a desenhar para a revista Totem uma história que se intitulava Bill y Boss, cujo argumento era de Oesterheld. Como essa banda desenhada anteriormente era desenhada por outro desenhador chamado García, que tinha ido viver para França, Ernesto decidiu agregar o apelido materno: Seijas.
No ano de 1958 começou a trabalhar para a revista “Bucaneros, el gigante de la historieta“, onde desenhava os piratas que davam o título à revista. Muito jovem, com 17 anos já trabalhava rotineiramente com desenhos, tanto que alguns o confundiam com o ajudante de García por vê-lo tão jovem levando os originais de Aventuras do Oeste escritas por Alfredo Grassi. A década de 60 encontrou o jovem porém maduro desenhador, abrangido na escola de Alex Raymond, com traços cada vez mais belos e pouco a pouco mais pessoais.
Colaborou para quase todas as revistas argentinas daquela época: Frontera, Hora Cero, Misterix (onde ilustrou no ano de 1963 León Loco, uma história de adolescentes e barcos com argumento de Oesterheld), Rayo Rojo e por fim Intervalo.
Também por essa altura ilustrou muitíssimas capas da colecção de livros Robin Hood. Na revista Intervalo, presumidamente feminina, da Editorial Columba, Ernesto Garcia Seijas ilustrou “novelas” românticas e séries intermináveis, assim como adaptações de clássicos do cinema de então.
Em pouco tempo confiam-lhe Helena, personagem de Robin Wood, que permitiria ao artista utilizar toda a gama de recursos de que era capaz: uma mulher belíssima, heróis e vilões sofisticados, um ambiente tão realista que por vezes se dizia que era fotográfico. Indubitavelmente o melhor que publicou a revista Intervalo desde a sua aparição até ao seu encerramento.
Por essa altura começou a colaborar com as Ediciones Record. Foi nessa editora que teve a possibilidade de criar sem limites e dar rédea solta tanto à sua imaginação como aos seus estupendos recursos técnicos: Black Soldier, Skorpio, Mandy Riley, El pequeño Rey, La estirpe de Josh, onde Oswal fazia o lápis e Ernesto os finalizava com tinta, Los aventureros e El hombre de Richmond. Começa também a desenhar novamente para Columba, neste caso para a revista Nippur, o personagem Kevin.
No ano de 1987 sai a primeira tira ilustrada para o diário Clarin: El Negro Blanco. Desta série surge um personagem que conquista vários corações: Flopi.
Porém a Arte de Garcia Seijas não termina nas fronteiras latino-americanas. Seus desenhos podem ser apreciados em países como Espanha, Estados Unidos da América e Itália, países onde se publicaram e se publicam historietas como El Negro Blanco, Mandy Riley, Príncipe de las arenas, Bambi y Lenny, Radzel.
O Mestre argentino também fez diversas capas para edições encadernadas de personagens como Wonder Woman, Tarzan, Fantomas, Lone Rager, etc, para a Acme Agency, que distribuía os comics da Editorial Navarro.
Entrado nos anos 90, começa uma historieta de terror, que sai como suplemento da revista Espectador da Editorial Perfil.
Também passa pelo mítico diário La Prensa, onde ilustra o personagem Bardo.
Em 2005, faz a sua estreia na Sergio Bonelli Editore com o número 80 de Julia, embora anteriormente tenha desenhado durante 4 anos, uma história para a série Tex Gigante, história que somente deve ser editada no próximo ano, aquando dos 60 anos do Ranger. Após o seu trabalho em Julia, foi inserido definitivamente no staff de Tex, tendo visto precisamente em Janeiro deste ano de 2007, ser editada a sua primeira (que foi na realidade a segunda, já que a do Tex Gigante continua inédita) história de Tex; “Polizia apache“, no Almanacco del West 2007.
No presente está a desenhar a sua terceira história na saga, ele que é referenciado como um especialista em desenhar mulheres bonitas e bem feitas, como é o caso do seu trabalho em Helena, a sua obra mais apreciada na Itália, onde há quem o considere mesmo como um dos melhores desenhadores do mundo.
Para finalizar, diga-se que Seijas, é dos únicos grandes desenhadores da época de Ouro da historieta argentina que ainda tem tido material seu publicado, mesmo que em reedições.
Texto de Jesus Nabor Ferreira e José Carlos Francisco.
Fonte: http://www.garciaseijas.com.ar/cv.php
É relevante o fato de termos, na América do Sul, tantos artistas competentes dedicados a Nona Arte, se cosiderarmos o número, quase insignificante, de publicações próprias nesta área do cotinente americano.
Se excetuarmos as publicações infantis de Maurício de Souza no Brasil, a maioria de todas as outras são importadas.
O que é uma pena.
Obrigado Seijas, belos trabalhos a nós deixado.
AMoreira.