* Entrevista conduzida por Pedro Cleto
Convidado da 7.ª Mostra do Clube Tex Portugal, que teve lugar no Museu do Vinho Bairrada, nos passados dias 30 de Abril e 1 de Maio, mas onde infelizmente não pôde comparecer devido a razões pessoais alheias à sua vontade, Roberto Diso, um veterano dos quadradinhos italianos, concedeu uma entrevista ao Jornal de Notícias, publicada na edição online de 29 de Abril.
Fica agora a versão integral dessa conversa, feita à distância, e que não teria sido possível sem a inexcedível disponibilidade de José Carlos Francisco e Júlio Schneider, a quem agradeço.
Pedro Cleto – Mister No foi o herói a que dedicou a maior parte do seu tempo enquanto desenhador. O que tem ele de especial? O que tem ele de Roberto Diso?
Roberto Diso – Certamente os meus cabelos de então, que eram escuros com as têmporas grisalhas. O próprio Sergio Bonelli me pediu para destacar esse detalhe em Mister No. E também algumas características psicológicas que eu e o Sergio tínhamos em comum com a personagem.
Pedro Cleto – Se tivesse de escolher só uma história, qual a que o marcou mais e porquê?
Roberto Diso – Sem contar as de Mister No, porque haveria mais de uma e a resposta seria longa, eu diria Mohican (romance gráfico com roteiro de Paolo Morales, 2010, SBE), história com personagens intrigantes, possuidoras de várias facetas psicológicas e que actuam em territórios diversos, o que me permitiu abordar graficamente situações ambientais sempre diversificadas, sem um momento sequer de tédio, o que por vezes pode ocorrer quando por várias páginas os protagonistas permanecem sempre no mesmo cenário.
Pedro Cleto – Também desenhou Tex, Volto Nacosto, Dragonero… Qual o seu preferido? Porquê?
Roberto Diso – Tex, naturalmente, e creio que tal se deve sobretudo porque eu gosto demais de desenhar cavalos e cenários western.
Pedro Cleto – Quase 70 anos a desenhar banda desenhada: foi um sonho que por vezes se tornou um pesadelo?
Roberto Diso – Não, isso nunca, mas um pouco de tédio digamos que por vezes sim.
Pedro Cleto – O que lamenta não ter feito na sua carreira?
Roberto Diso – Não ter pintado tantos quadros quanto eu gostaria, e não ter podido levar em frente a personagem de Rodo, o Cavaleiro, de quem fiz roteiro e desenhos (1985, publicada nas revistas Giungla!, da Editora Nerbini, e L’Eternauta, da Comic Art).
Pedro Cleto – Que conselho daria a um novo autor que queira desenhar para a Sergio Bonelli Editore?
Roberto Diso – Dedicar toda a atenção possível à anatomia de seres humanos e de animais para entender bem como se movem, e também as expressões faciais de homens e mulheres, é importante porque transmitem emoções.
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