Entrevista de José Carlos Francisco à revista Billy The Kid & Outras Histórias nº 24

Entrevista de José Carlos Francisco à revista Billy The Kid & Outras Histórias nº 24

Nome: José Carlos Pereira Francisco

Profissão: Chefe de produção numa indústria de mobiliário metálico, sendo também no campo editorial o representante da Mythos Editora em Portugal.

Nacionalidade: Portuguesa

Relação com o faroeste? Desde que me lembro sempre fui um apreciador de histórias aos quadradinhos com predilecção pelo género faroeste e ainda em Moçambique, país onde nasci e residi até quase aos 10 anos, a minha leitura preferencial já eram as edições de Bonanza, Tex Tone, Façanhas do Oeste, Buffalo Bill, O Falcão, Heróis do Faroeste, Sioux, Apache, Mascarilha, Lucky Luke e tantas outras, isto porque desde tenra idade fui habituado a ler BD’s porque a minha mãe tinha uma livraria que vendia BD’s.

Sobre o blogue: O blogue português do Tex nasceu em 2006 para mostrar ao mundo que mesmo não sendo Tex publicado em Portugal, havia muita paixão pelo Ranger neste pequeno, mas belo país à beira-mar plantado. Com o decorrer do tempo e com a ajuda e colaboração de outros colaboradores, o blogue tornou-se uma referência mundial para os fãs e coleccionadores não só de Tex, mas do faroeste em geral, destacando-se sobretudo pelas entrevistas aos autores da editora Bonelli, para além das inúmeras novidades e conteúdos exclusivos como por exemplo o Alfabeto do Velho Oeste.

Sobre o Clube Tex: O Clube Tex Portugal foi criado em 10 de Agosto de 2013, por ocasião do 18º Salão Internacional de Banda Desenhada de Viseu, na presença de Andrea Venturi. A ideia germinava desde 2011 e foi, digamos assim, oficializada com a devida autorização da Sergio Bonelli Editore, na pessoa do seu director geral Davide Bonelli, que deu o seu apoio incondicional ao Clube desde o anúncio da sua criação. O Clube Tex Portugal é caso único em Portugal, de um Clube dedicado exclusivamente a um herói da BD, e foi o primeiro Clube oficial de Tex no mundo. É uma iniciativa dedicada aos fãs e coleccionadores portugueses, que visa um maior convívio não somente entre os admiradores do Ranger, mas também, entre outras coisas, proporcionar a vinda a Portugal e consequente convívio com autores de Tex. Além disso,  publicamos uma revista semestral destinada em exclusivo aos sócios do Clube.


Desde quando és fã de Tex? A minha paixão por Tex nasceu somente em Portugal, porque Tex não era vendido em Moçambique. Tal ocorreu em 1980 durante umas limpezas em casa dos meus avós onde descobri uma caixa com muitas revistas e entre elas somente um exemplar de Tex, mas era uma edição especial que me cativou de imediato. Tratava-se de “Pacto de Sangue“, uma aventura onde acontece o casamento do Ranger e fiquei de tal forma impressionado que passados mais de 35 anos desse dia aqui estou eu a falar desta minha paixão, que aumenta a cada nova história.

Qual a diferença da personagem Tex para outras? Creio sobretudo que diferença principal é que Tex encarna valores universais como, por exemplo, o desejo de justiça graças à força da lei ou até mesmo fora dela, a consciência da igualdade entre os homens e a capacidade de julgá-los apenas com base no seu comportamento efectivo, características essas que eram revolucionárias para uma personagem na década de 40 mas que são actuais hoje, assim como continuarão a ser no futuro. Uma fórmula que praticamente continua imutável já que apesar de terem mudado os autores que trabalham com Tex, se alguém aplicou modificações ou inseriu novas temáticas, fez isso com o mais rigoroso respeito pela personagem, mantendo-se fiel aos princípios de G. L. Bonelli. No fundo Tex é o homem que todos gostaríamos de ser e quem lê Tex não consegue ficar indiferente ao Ranger, porque de certo modo ele é real, já que nos podemos rever nos seus princípios, nos seus actos e na sua coragem, sempre em prol da justiça. Esse penso ser na minha opinião o segredo maior do sucesso, mas para além disso há que destacar a excelência da produção. Tex é uma série excepcional pelos seus longos enredos, muitos deles permeados de factos e personagens históricas e que sempre teve magníficos desenhadores ao seu serviço.


Das histórias de Tex que envolvem os Apaches, quais as que mais lhe agradaram? Aquela que certamente mais me agradará, ou pelo menos a que mais aguardo, já que ainda não foi contada, será a história do primeiro encontro de Tex com Cochise, história que está a ser produzida no presente, mas falando das histórias já feitas, não me posso esquecer de “O Passado de Tex”, onde curiosamente o chefe apache tem a sua primeira aparição, assim como de “A Volta do Bandoleiro” onde os apaches salvam Tex e Carson de uma enrascada ou de “Território Apache”, uma das melhores histórias de toda a longa saga de Tex ou ainda “Os sinos dobram por Lucero” quando apaches mescaleros liderados por Lucero espalham a morte e o terror através de saques e ataques a ranchos na fronteira entre o Estados Unidos e o México ou mais recentemente a aventura “Rumo a Forte Apache” quando o Arizona se encontrava a ferro e fogo, devido ao facto de um grupo de apaches rebeldes chefiados por Chunz lutar contra o exército americano instalado em Forte Apache, mas são tantas as aventuras de Tex com a participação dos apaches que é difícil escolher as melhores histórias.

Das histórias de Tex qual a personagem Apache mais importante? Na saga de Tex, a personagem apache mais importante é indiscutivelmente Cochise, chefe dos apaches e irmão de sangue do próprio Tex, numa homenagem de G. L. Bonelli ao célebre homónimo real já que se trata de uma personagem que na realidade existiu tendo sido inclusive chefe de todas as tribos apaches, comandando pessoalmente a tribo dos Chiricahuas. No mundo de Tex, Cochise que está sempre pronto para ajudar o seu irmão branco, foi apresentado inicialmente como um destemido guerreiro em busca de escalpes, fama e glória, mas com o passar do tempo o grande chefe privilegiou a paz entre o seu povo e os homens brancos.


Fale um pouco sobre teu acervo de revistas e ilustrações de Tex. Somando as duas principais colecções (completas) de Tex, a brasileira e a italiana e álbuns publicados em 23 outros países, inclusive em Portugal, tenho mais de 1500 revistas do Ranger. Há ainda a acrescentar mais de 1500 revistas de várias outras colecções e novas séries de Tex que têm surgido nos últimos anos, tanto italianas como brasileiras e ainda um festival de edições especiais e extras com destaque para as coloridas, de vários tipos, formatos e países, para além de mais de uma centena e meia de livros temáticos dedicados a Tex, totalizo no presente um valor superior a 3000 edições de Tex.
Quanto à minha colecção de ilustrações originais de Tex que já são mais de 80, ela começou em 2006, quando durante uma das minhas visitas à Sergio Bonelli Editore, em Milão, Claudio Villa teve a gentileza de me fazer um desenho exclusivo de Tex enriquecendo-o com uma dedicatória personalizada. Pouco tempo depois, um amigo italiano enviou-me, pelo correio, um desenho original realizado por Fabio Civitelli e também esse com a devida dedicatória. A partir desse momento comecei a ganhar um carinho especial pelos desenhos originais, sobretudo por serem peças únicas e realizadas propositadamente para mim, não somente por desenhadores de Tex mas também por muitos outros autores da Casa Bonelli (e não só!) que conhecia pessoalmente, e também dos mais renomados ilustradores, por ocasião das entrevistas publicadas no Blogue Português de Tex. Com tudo isso, a minha casa transformou-se em uma verdadeira “galeria” texiana, com os desenhos expostos nas paredes.


Se não tivesse o Tex serias fã de qual personagem? Não imagino a minha vida sem Tex, mas caso eu nunca tivesse descoberto Tex, provavelmente a minha personagem preferida fosse “Comanche”, de Greg e Hermann ou então o “Tenente Blueberry” da dupla Charlier/Giraud, curiosamente ambos disputam com Tex o título de melhor personagem do Oeste americano com a particularidade de todos os três serem de autores europeus.

Obrigado, Zeca!

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

Um comentário

  1. Zeca e o Blog não são importante somente em Portugal, eles são importantes também para os fãs brasileiros, por nos dar noticias da Casa Bonelli em um idioma que nós brasileiro podemos entender.

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