Entrevista com o fã e coleccionador: Raul Querido

Entrevista conduzida por José Carlos Francisco.

Para começar, fale um pouco de si. Onde e quando nasceu? O que faz profissionalmente?
Raul Querido: Cumprimentos Texianos… falar de mim é falar de alguém que se orgulha de viver numa pequena Cidade portuguesa chamada Fiães há 36 anos, além de ter nascido no Porto nos anos 60, sempre me senti de Fiães. Trabalho numa empresa de transformação de cortiça natural para rolhas, como empregado de escritório na área financeira. Desde que me conheço tive a mania das colecções, desde as caixas de fósforos, cromos, selos, caricas,  raspadinhas… mas actualmente é ao TEX a quem dou mais importância desde Maio 2010.

Quando nasceu o seu interesse pela Banda Desenhada?
Raul Querido: Mesmo antes de saber ler já gostava de BD, mas os tempos eram diferentes, O acontecimento mais importante da semana poderia ser um episódio do “Bonanza”ao domingo à tarde. Aos 12 anos vi o meu primeiro filme no cinema, um western e achei-me um privilegiado, um dia inesquecível.
Via e depois comecei a ler tudo o que me chegava às mãos através dos vizinhos ou amigos, por vezes relia livros duas e três vezes, mas nesse tempo ao contrário de agora havia muito tempo disponível. O maior problema, o meu e da maior parte da minha geração era dinheiro, comprar um livro nessa altura era só para quem trabalhava e eu felizmente não precisei de começar aos 12 anos como o meu maior amigo da altura, ele tinha dinheiro, eu tinha tempo… Ficou uma promessa que fiz a mim mesmo que um dia haveria de ter todas as revistas do TEX, mas só em Maio de 2010, veio-me à memoria esse dia e passei ao ataque, alfarrabistas, internet, jornais, objectivo coleccionar as revistas do TEX e tinha de começar do zero.

Quando descobriu Tex?
Raul Querido: No princípio o TEX era mais um, um dos melhores, mas as histórias não eram completas, era tudo perfeito mas era como começar a ler um livro na página120 e ou faltavam-lhe as últimas 120. Mas se a memória não me falha nos finais dos anos 70, já todos as papelarias e quiosques tinham a revista, mas só para olhar da montra, pois 20$00, eu não tinha. Os que conseguia ler eram emprestados.

Porquê esta paixão por Tex?
Raul Querido: A minha paixão pelos TEX deve-se às memorias que me traz. Eu também já fui um cowboy, tive o meu coldre e pistola sempre junto à coxa direita, e o meu cavalo de canas de milho e eu percorremos quilómetros e ganhei muitos duelos ao TEX, (acertava-lhe sempre no chapéu novo), o tempo vai passando e durante muitos anos o prazer da BD desvaneceu-se e vieram outros “hobbies”, o mundo muda a uma velocidade impressionante e como pessoa normal, veio o tempo das consolas, a televisão mudou muito, os vídeo-clubes, o desporto, os estudos e os filhos… tanta coisa para tão pouco tempo. Mas a promessa mantinha-se.

O que tem Tex de diferente de tantos outros heróis dos quadradinhos?
Raul Querido: O TEX como livro tem tudo para ser o melhor, se houvesse Óscares como nos filmes, ganhava-os todos.  Mas a história longa diferencia-o de todos os outros que conheci para melhor, principalmente para quem podia e pode comprar todos as revistas sequencialmente.

Qual o total de revistas de Tex que você tem na sua colecção? E qual a mais importante para si?
Raul Querido: Hoje 750, mais coisa menos coisa,  mas como comecei há cerca de ano e meio, não foi fácil. As que mais me orgulho de ter é o número 5 da 1ª edição, “O Signo da Serpente” em 2ªediçao e “O Ídolo de Cristal” em capa dura.

Colecciona apenas livros ou tudo o que diga respeita à personagem italiana?
Raul Querido: Eu sei que existem mais coleccionáveis além dos livros, mas onde adquiri-los? Itália é um pais privilegiado, mas requer tempo e dinheiro para se chegar a essas peças, eu gostava de ter muito mais, até agora só consegui revistas.

Qual o objecto Tex que mais gostava de possuir?
Raul Querido: Gostava de ter as personagens principais em bonecos, que acho que só foram feitos em Itália e  claro o número 1, 1ªedição em formato Italiano… Difícil de trazer do Brasil.

Qual a sua história favorita? E qual o desenhador de Tex que mais aprecia? E o argumentista?
Raul Querido: Esta é uma pergunta difícil para mim pois quando leio os livros não me preocupa quem  é o argumentista ou o desenhador, mas depois de dar uma vista de olhos aos vários Ouros, ainda mais difícil ficou de responder pois eles não são desenhadores são artistas, todos eles sem excepção, nem fazia ideia que havia tantos, salientar algum seria uma injustiça para os outros. Quanto ao argumentista também não sei responder pois estou muito atrasado na leitura, daqui a alguns anos espero ter uma opinião. A história que mais me marcou foi as que colocaram Mefisto e seu filho porque passaram mais de 30 anos em que as li e nunca esqueci essa personagem.

O que lhe agrada mais em Tex? E o que lhe agrada menos?
Raul Querido: Como personagem, ser amigo dos índios e sempre à procura de justiça é o principal caminho para ser um Herói do faroeste como BD. Para mim o formato foi o mais importante pois é um livro de estante, (então a edição ouro fica bem em qualquer móvel), se tivesse mantido o formato tiras ou de 32 páginas, não estaria aqui a falar dele. Claro que todo o resto é importante, como a  grande qualidade dos desenhos, as historias, etc.
De mau os preços dos livros e as sucessivas edições, está muito difícil comprar  todas as edições. Os coleccionadores já começam a ser selectivos;  Arranjar espaço para colocar tantas revistas não é fácil, e TEX merece mais do que estar guardado numa caixa no sótão.

Em sua opinião o que faz de Tex o ícone que é?
Raul Querido: O que o tornou tão popular deve-se a um conjunto de situações. Apareceu na altura ideal e também num grande país, de resto todos sabemos que as histórias tipo novela em que se tinha que esperar um mês para saber o resto ou mais da história funcionava muito bem no tempo das Heidis e Sandokans. A personagem amiga e justa também veio favorecer o seu êxito. Deve-se muito às editoras porque escolheram quase tudo na perfeição.

Costuma encontrar-se com outros coleccionadores?
Raul Querido: Muito raro, só nas situações de transacção de revistas. Falo sim virtualmente com alguns coleccionadores, principalmente com o  Sr. Francisco Borges para troca de ideias e a quem agradeço o prazer de tornar esta entrevista possível, mas só isso.

Para concluir, como vê o futuro do Ranger?
Raul Querido: Para Portugal não vejo sorrisos durante muitas mais décadas, os jovens têm outras prioridades, eu em casa, sou um solitário Texiano. Mas pelo contrário no Brasil está a melhorar o poder de compra e com certeza isso ajudará a perdurar o TEX nesse pais, nos outros países, não sei.
Para finalizar deixo aqui a atenção de que não sou um expert nesta matéria pois ainda agora comecei a conhecer o mundo TEX e diariamente sou surpreendido. Um grande abraço a todos os coleccionadores em geral.

Prezado pard Raul Querido, agradecemos muitíssimo pela entrevista que gentilmente nos concedeu.

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

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