Entrevista com o fã e coleccionador: Paulo Aguilar

Entrevista conduzida por José Carlos Francisco.

Para começar, fale um pouco de si. Onde e quando nasceu? O que faz profissionalmente?
Paulo Aguilar: Nasci em 30 de Agosto de 1965, no Dominguizo, uma aldeia da Serra da Estrela. Vim para Lisboa com 5 anos, vivi em várias partes de Lisboa: Lumiar, Damaia, Arruda dos Vinhos, Brandoa, Reboleira acabando por me fixar em Alverca, vivo em união de facto e tenho um filho. Actualmente sou Operador de Armazém na Sonae.

Quando nasceu o seu interesse pela Banda Desenhada?
Paulo Aguilar: Influências do meu Padrasto, ele lia, e aos fins-de-semana comprava-me sempre 4/5 livros, O Falcão, Apache, Tex Tone, Heróis do Faroeste, basicamente os westerns da altura.

Quando descobriu Tex?
Paulo Aguilar: Através de conversas com um amigo, sobre o que nós líamos. Eu falei-lhe que Tex Tone era o “cowboy” mais “fixe” e ele falou-me em Tex. Gerou-se ali uma discussão, porque ele não conhecia Tex Tone e eu não conhecia Tex, e lá chegamos a um consenso. Havia dois Tex. Então comecei a procurar Tex e encontrei um livro. Já não estou certo do nome, penso que era a “Montanha dos Tuaregs” ou algo assim, foi o primeiro livro que li do Tex, desde logo fiquei fascinado com o que li, na altura só tinha um senão, as histórias não eram completas, e não era fácil encontrar livros do Tex na altura, e também eram muito caros, lembro-me que só passado muito tempo, depois ter lido mais alguns Tex, é que consegui saber o fim da história dos “Tuaregs“. Cheguei a juntar um número considerável de livros, mas um dia assaltaram-me a arrecadação da casa da Damaia e levaram-me os livros, tinham sido guardados na arrecadação para ficarem até ao fim das aulas… gostava mais de ler Tex do que estudar.

Porquê esta paixão por Tex?
Paulo Aguilar: Eu sentia-me bastante injustiçado na altura, o meu pai falecera quando eu tinha um mês de idade. E a procura de justiça, de igualdade, o pôr tudo no lugar, ajudar os necessitados, dava-me algum conforto e fazia-me sonhar. Depois os cenários onde se passava boa parte da acção, as serras, os nevões passados nalgumas histórias, fazia-me lembrar a curta infância passada na Serra da Estrela.

O que tem Tex de diferente de tantos outros heróis dos quadradinhos?
Paulo Aguilar: O sentido de justiça, o fazer tudo pelos amigos, a dureza com que trata os “bandidos” e a sua frieza a lidar com as situações mais complicadas. E o facto de ser Águia da Noite fascina-me. Sempre adorei os “índios”, a sua dedicação aos Navajos é de uma nobreza descomunal.

Qual o total de revistas de Tex que você tem na sua colecção? E qual a mais importante para si?
Paulo Aguilar: Neste momento tenho 400 e poucas, mas com tendência para aumentar para perto das 500 nos próximos dias. São todas importantes, as que gosto mais são as do Tex anual, mas destaco o Tex contra Mefisto a cores, foi uma que saiu numa colecção de banda desenhada lançada por um jornal, que já não me lembro qual. Pelo facto de estar a ser reconhecido em Portugal, como um ícone internacional.

Colecciona apenas livros ou tudo o que diga respeita à personagem italiana?
Paulo Aguilar: Colecciono apenas livros, verdade seja dita também não encontro mais além disso, também sou coleccionador de Conan, e consegui comprar uma figura muito bonita num festival de banda desenhada, se um dia tiver oportunidade de adquirir mais além dos livros, faço-o.

Qual o objecto Tex que mais gosta de possuir?
Paulo Aguilar: A Estrela de Ranger do Texas 🙂
Representa os ideais em que acredito. Justiça Igualdade e Fraternidade.

Qual a sua história favorita? E qual o desenhador de Tex que mais aprecia? E o argumentista?
Paulo Aguilar: Desenhador gosto do Galleppini, os desenhos são detalhados sem serem demasiado carregados, ou seja não são muito escuros, o Ortiz na minha opinião por exemplo, tem um desenho muito carregado. Gosto também do Civitelli, são carregado quanto baste e bem feitos. Como argumentista gosto do Nizzi, mas também gosto do Bonelli. Mas todos os argumentistas têm a sua magia, o que faz com que as histórias não caiam em rotina. História favorita, é difícil responder, mas todas em que entram os Navajos eu gosto muito, mesmo. Mas não sou um intelectual da BD, apenas gosto de ler e sentir-me satisfeito com o que li.

O que lhe agrada mais em Tex? E o que lhe agrada menos?
Paulo Aguilar: As aventuras em que entra o Jack Tigre em parceria com o Kit por um lado e o Tex e o Carson por outro, e no fim juntam-se todos para a acção final. Não há nada que me desagrade.

Em sua opinião o que faz de Tex o ícone que é?
Paulo Aguilar: A sua coerência, o ser defensor dos fracos oprimidos, a sua lealdade, na vida real não existe nada disso, então Tex permite-nos sonhar com igualdade de direitos para todos.

Costuma encontrar-se com outros coleccionadores?
Paulo Aguilar: Não, não costumo, devido ao facto de ser bastante introvertido, gosto de estar nos eventos, gosto de ouvir a opinião das pessoas, gosto das novidades, mas faço-me passar despercebido e incógnito. É assim que eu sou e gosto de ser 🙂

Para concluir, como vê o futuro do Ranger?
Paulo Aguilar: Vejo com positividade enquanto as regras da sociedade não mudarem, enquanto houver desigualdade e injustiças sociais, as pessoas vão-se refugiar nos seus sonhos e nos seus heróis. E Tex é o nosso herói, que nos faz acreditar que as coisas um dia poderão mudar.

Prezado pard Paulo Aguilar, agradecemos muitíssimo pela entrevista que gentilmente nos concedeu.

Paulo Aguilar e a sua colecção de Tex

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

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