Entrevista conduzida por José Carlos Francisco.
Para começar, fale um pouco de si. Onde e quando nasceu? O que faz profissionalmente?
José Luís Silva: Nasci em Lisboa em Setembro de 1968 e sempre vivi na zona da grande Lisboa, primeiro na Parede com os meus pais e avós e agora vivo em Mem Martins. Quanto à minha carreira profissional, esta sempre teve a ver com computadores. Depois da passagem por diversas empresas hoje em dia sou o responsável por toda a segurança informática do grupo PT, na vertente da rede interna e também dos DataCentres, que são 5 e estão espalhados pelo país. Infelizmente a minha profissão não me deixa muito tempo livre para me dedicar aos meus hobbies preferidos, a fotografia e o coleccionismo de BD (não só o nosso Tex, mas também muitos outros tais como Blueberry, Michel Vaillant, Tanguy & Laverdure e muitos outros títulos da Marvel, DC, Image e Dark Horse).
Quando é que teve início esta paixão pela Banda Desenhada, em especial pelo Tex?
José Luís Silva: Na adolescência lia diversas BD’s (Guerra, Falcão, Mundo de Aventuras, etc…) e um dia descobri um western maravilhoso numa livraria que já não existe, quando ia de casa dos meus avós para a dos meus pais. Foi paixão à primeira aventura. Devia ter cerca de 15 ou 16 anos e a vida nunca mais foi igual, no que tocou à BD. Como a mesada não dava para tudo, deixei de comprar as outras BD e passei a adquirir o Tex e Tex Reedição que saíam desfasados de 15 em 15 dias. O meu avô (que possuía uma grande biblioteca em casa) um dia apanhou-me a ler um Tex e pediu-me para dar uma espiada. A partir desse dia ele passou a financiar-me a aquisição do Tex. Quando faleceu, ele deixou instruções à minha avó para continuar a pagar-me os Tex até que ela também já não estivesse presente. E assim foi!
Porquê o Tex e não outra personagem?
José Luís Silva: Sempre gostei bastante do género western que passava na televisão. Séries como Bonanza ou os filmes do Sergio Leone com o Clint Eastwood ou o Lee Van Cleef ou ainda alguns dos clássicos com o John Wayne. Foram muitas das características que vi nesses heróis interpretados na TV e no cinema que eu descobri em Tex!
O que Tex representa para si?
José Luís Silva: O que me atraiu em Tex foi o seu senso de honra, a bravura, os valores da família e o mérito de nunca abandonar os seus amigos, por pior que fossem os apuros em que eles estivessem. Foi tudo isso me cativou em Tex e me levou a continuar a comprar as suas histórias.
Qual o total de revistas de Tex que tem na sua colecção? E qual a mais importante para si?
José Luís Silva: Tenho todos os primeiros 240 números, alternados entre 1ª e 2ª edições. Nem todos estão em óptimas condições. Depois tenho algumas falhas esporádicas até ao nº 350 e depois tenho a colecção em dia, até ao último número vendido em Portugal. Quanto ao resto tenho tudo em dia (Ouro, Anuais, Especiais a cores, Álbum Capa Dura, Grandes Clássicos, Gigantes, Edição de Férias e Almanaque) à excepção de Tex Coleção e Tex Edição Histórica, que possuo poucos exemplares. Por agora a intenção é terminar a colecção de Tex normal e melhorar a qualidade dos exemplares em pior estado, só depois pretendo investir em exemplares de Tex Coleção e de Tex Edição Histórica. Também consegui adquirir álbuns exemplares da Revistinha Júnior, directo do Brasil, mas ultimamente isso deixou de ser possível!
Colecciona apenas livros ou tudo o que diga respeita à personagem?
José Luís Silva: Apenas livros e, essencialmente, Tex 1ª e 2ª edições. Quando saíram as figuras de Tex em Itália tentei entrar em contacto com a editora e adquirir a colecção completa, mas não obtive nenhuma resposta de volta. Tenho apenas alguns pósters, marcadores de páginas e o calendário Bonelli.
Qual a sua história favorita? E qual o desenhador de Tex que mais aprecia? E o argumentista?
José Luís Silva: Gosto muito dos desenhos de Ticci, Civitelli e Claudio Villa, mas no computo geral todos eles estão ao nível de nos poderem proporcionar as histórias do nosso herói mais querido. Quanto a argumentistas, Boselli e Faraci parece voltarem a trazer as grandes aventuras de volta enquanto que Nizzi deixou de mostrar todo o seu dinamismo e qualidade. Relativamente à minha história favorita, talvez por ter sido uma das primeiras que li do personagem, sempre que falo em Tex vem-me à mente a saga Entre duas Bandeiras, Quando Explodem os Canhões e Batalha Sangrenta (Tex 53 a 55) que retratam tudo aquilo que se espera de Tex. O Homem de Atlanta (Tex Gigante nº 1) também é uma das minhas histórias preferidas.
O que lhe agrada mais em Tex? E o que lhe agrada menos?
José Luís Silva: Começo com o que me agrada menos. Desagrada-me profundamente histórias que se estendem por mais de 2 ou 3 números de Tex. Houve um período onde isso acontecia muito e quase me fez parar de comprar Tex. Parecia que se tentava “fazer render o peixe” da forma mais fácil, tentando prender o leitor a exemplares com pouca densidade e dispersando a história por muitos números. Outra situação versa a questão do sexo feminino. Não seria necessário que Tex (ou as personagens à sua volta) tivessem ou encontrassem paixões em todas as aventuras mas, quanto a mim, poderia fazer-se evoluir um pouco a personagem nesse campo. Quanto ao que me agrada mais, já expliquei anteriormente.
Em sua opinião o que faz de Tex o ícone que ele é?
José Luís Silva: Sem dúvida que a qualidade dos seus desenhadores e argumentistas. Depois também existe toda a dedicação e liderança de Sergio Bonelli que faz a diferença.
Para concluir, como vê o futuro do Ranger?
José Luís Silva: Bom, pelo que o blogue português do Tex tem divulgado parece vir aí uma óptima fase de Tex e eu pretendo acompanhá-la de perto. Acho óptimo que os desenhadores de Tex venham a estar dedicados em exclusivo ao personagem, pois parece-me que lhes dá um maior entrosamento com o personagem. Espero no entanto que a distribuição em Portugal possa vir a melhorar e muito, pois tem sido cada vez mais difícil arranjar um local de compra onde se consigam adquirir todos os exemplares de cada uma das colecções.
Prezado pard José Luís Silva, agradecemos muitíssimo pela entrevista que gentilmente nos concedeu.
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