Entrevista conduzida por José Carlos Francisco.
Para começar, fale um pouco de si. Onde e quando nasceu? O que faz profissionalmente?
Antonio Moreira: Nasci na cidade de Niterói, no Rio de Janeiro, no longínquo ano de 1949, em um domingo de sol, no dia 18 de Setembro, no início da magnífica Primavera do sudeste brasileiro.
Minha primeira formação profissional foi de desenhador arquitectónico, e paralelamente a isto, fiz o curso de “Desenho Artístico e Publicitário” na Escola Pan-americana de Arte, tentando fazer carreira como ilustrador. Como esta carreira não foi avante, formei-me em Ciências Contábeis, com Pós Graduação em Engenharia Financeira, e hoje trabalho na área da contabilidade, como empregado de uma empresa metalúrgica.
Pode falar-nos sobre a sua faceta de desenhador, tanto no passado, como no presente, onde se incluí por exemplo este magnífico desenho de um Tex pujante e decidido?
Antonio Moreira: O início de minha paixão pelo desenho confunde-se com a paixão pela ilustração, comecei a desenhar muito pequeno, e meu projecto de vida era viver da arte. Muito jovem já fazia ilustrações para empresas, ilustrando BD’s corporativas, e nessa mesma época ilustrava BD’s eróticas para uma editora aqui no Rio de Janeiro.
A necessidade de obter melhores ganhos financeiros (ou a falta de talento) fizeram-me procurar outros caminhos mais rentáveis, e a arte virou hobby. Do desenho parti para a pintura de quadro a óleo sobre tela, já tendo inclusive participado de exposições, inclusive em praças pública.
Incentivado por um amigo (do grupo BonelliHQ) voltei a desenhar, e daí saiu este Tex, da maneira que entendo que deveria ser o perfil gráfico do Tex Willer; o seu carácter e suas habilidades nós já conhecemos, precisávamos então que toda esta força, e violência contra os facínoras (por que não podemos negar esta sua característica), fosse representada graficamente, que sua figura, seu olhar, sua postura transmitisse respeito e até medo. Na tentativa de quebrar este paradigma é que saiu este Tex, o que não é nenhuma novidade, porque o Gianluca Cestaro já faz isto muito bem e melhor.
Quando é que teve início esta paixão pela Banda Desenhada, em especial pelo Tex?
Antonio Moreira: Pela Banda Desenhada, desde que aprendi a ler, e como naquela época as bancas de revistas eram infestadas com revistas de faroeste de diversos títulos, a paixão pelos “gibis de bang-bang” aconteceu de imediato.
Tex entrou no momento em que apareceu nas bancas, um pouco timidamente, pois naquela ocasião considerava as suas histórias muito longas e cansativas.
Porquê o Tex e não outra personagem?
Antonio Moreira: Primeiramente por sua longevidade, por podermos encontrá-lo a cada mês nas bancas de revistas. E, principalmente, por que gosto de personagens fortes, invencíveis, indestrutíveis, que não perdem nenhuma luta ou duelo, mas que também sejam humanos e sem super poderes.
O que Tex representa para si?
Antonio Moreira: A certeza de que sempre encontrarei um bom faroeste para ler, a satisfação de poder apreciar este faroeste em preto e branco, que é a maior expressão da 9ª Arte.
Qual o total de revistas de Tex que tem na sua colecção? E qual a mais importante para si?
Antonio Moreira: Tenho todas as edições normais, e orgulho-me de dizer que as comprei na época em que foram publicadas. Tenho, também, as colecções completas de todas as outras séries publicadas no Brasil, com a excepção de Tex Coleção, da qual tenho um bom número de edições, mas não a sua totalidade.
Guardo com carinho igual, algumas edições italianas recebidas de presentes de amigos, além das estatuetas de Tex e seus pards.
Tex é a personagem principal da minha “gibiteca”, e para ele construí uma estante exclusiva.
Colecciona apenas livros ou tudo o que diga respeita à personagem?
Antonio Moreira: Colecciono tudo que sai no Brasil.
Qual a sua história favorita? E qual o desenhador de Tex que mais aprecia? E o argumentista?
Antonio Moreira: São tantas histórias que não me atrevo a escolher uma, muitas nem me lembro mais, mas se tenho que escolher, escolho Oklahoma principalmente por eu ter vivido um tempo por lá, na cidade de Tulsa, e que até já fez parte das aventuras de Tex. Aliás Oklahoma é conhecido como o Estado mais nativo entre os Estados Unidos.
Argumentista não há ninguém como foi o velho G.L. Bonelli.
Desenhadores de histórias? Os inigualáveis Ticci e Ortiz. Os apaches de Ticci são sensacionais, e o claro/escuro do Ortiz, imbatível. Há também o Gianluca Cestaro, desenhador pouco comentado/utilizado, mas que a SBE deveria, na minha opinião, contratar, assim como fez com o Galep, para assumir o perfil gráfico de Tex daqui para frente. O Tex de Gianluca Cestaro passa para o leitor a força de uma personagem dura e forte, como nosso Tex Willer deve ser.
O que lhe agrada mais em Tex? E o que lhe agrada menos?
Antonio Moreira: Agrada-me a sua dureza no combate aos bandidos, sua honestidade a toda prova e seu sentimento de amizade e justiça.
Desagrada-me a falta de envolvimento amoroso com o sexo oposto. No meu tempo de criança, os filmes de bang-bang sempre terminavam com um beijo de despedida do herói na heroína da vez.
Com relação às edições, agrada-me a sua apresentação em preto e branco e desagrada-me em demasia o tamanho de seu famigerado formatinho.
Em sua opinião o que faz de Tex o ícone que ele é?
Antonio Moreira: Não tenho a menor dúvida de que aqui no Brasil, os fãs, em sua maioria quase absoluta, acima dos 30 anos, fazem de Tex o ícone que ele é.
Para concluir, como vê o futuro do Ranger?
Antonio Moreira: Como estamos com as edições bem atrasadas em relação à Itália, entendo que no Brasil, o futuro próximo, ou mediano, será igual ao presente, com a editora preocupada com o mercado, e os fãs sustentando as vendas.
Morrer ele não morrerá, sempre haverá, no mínimo, um fã empreendedor disposto a publicá-lo.
Prezado pard Antonio Carlos Moreira, agradecemos muitíssimo pela entrevista que gentilmente nos concedeu.
(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)
Sou suspeito para falar do pard Amora, pois somos amigos quase pessoais de longa data. Pois bem, ele inicia sendo o típico rancheiro do Oklahoma e prossegue dando suas bicadas (boas por sinal) em tudo que pode e termina como um autêntico Doutor em Ciências Econômicas.
Amora, parabéns pela sua gibitex e por todo o resto, pelas edições de Itu que tem aí, pelo seu Tex bravo (esse aí tem uns 40 anos, né?) e por todo o resto.
Sempre muito bom conhecer mais algumas facetas dos nossos caros amigos.
E vamos fazer uma expo-Tex em Niterói.
Grande abraço,
G.G.Carsan
Amora, gostei muito da sua entrevista, principalmente por descobrir um lado seu para mim desconhecido, o de desenhista.
O seu cantinho do desenho com a mesa cheia de pinceis é de dar água na boca, principalmente para quem como eu tb gosta de desenhar. Tal qual você, tb gosto um bocado dos Cestaro.
Parabéns pela entrevista, pela sua coleção e pelos “Ultra Volumões Texianos” que você tem.
Abraços,
Sílvio Introvabili
Grande Amoreira, bela entrevista.
Muito legal poder saber um pouco mais sobre um grande apaixonado pelo western, seja em quadrinhos, seja em filmes.
Um forte abraço e mais uma vez, parabéns.
Jesus Ferreira
Grande Irmão,
Adorei sua entrevista e sua casa (…risos…).
Grande abraço.
João Guilherme
Parabéns pela SUA COLEÇÃO, um dia eu chego a sua quantidade de gibis. Parabens e vamos continuar a lutar para que os gibis não parem!
É… taí, esse é o cara! Nosso verdadeiro e fiel membro do bengalas boys club, também conhecido por Oklahoma Kid ou DukeJãoeine! Como sempre uma simpatia, um artista de grande talento e um admirador de Tex e de western em geral.
O homem tem uns Tex gigantescos incríveis.
Aposto que deixou muitos colecionadores babando.
Bela entrevista e parabéns aos dois bengalas brothers (Zeca Willer e DukeJãoeine. Valeu!
Pard Zé Carlos, gostei muito dessa entrevista com pard Antonio Moreira, esse pard é o cara, o Blog do Tex está de parabéns!