Entrevista do BDJornal n. 20, de Agosto/Setembro de 2007
Entrevista conduzida por J. Machado-Dias
BDJornal (BDJ)- A 16ª edição do Salão Moura BD, a deste ano, foi, segundo li e ouvi, a melhor de sempre. Parece-te que isso se deve à mudança do calendário, de Novembro para Maio? E porquê esta mudança?
Carlos Rico (CR)- A mudança de calendário do salão contribuiu, por certo, para o êxito deste embora haja, obviamente, outros factores que também terão que ser considerados. Esta mudança de calendário prendeu-se, sobretudo, com o facto de Novembro ser um mês com condições climáticas muito instáveis. Recordo-me de algumas edições onde a chuva ou o frio persistiram quase durante todo o tempo em que o salão decorreu (em especial em 2005, onde choveu persistentemente durante dez dos quinze dias do salão!). Essa situação, como é lógico, afastava o público do festival. A alteração da data de realização já se colocava há muito tempo. Em 2002 chegámos, inclusive, a fazê-lo e abrimos o salão em finais de Junho, mas nessa altura o problema foi (ironicamente) o calor excessivo e, também, a fraca afluência das escolas (dado ser já um período de final de ano lectivo)! Estando o mês de Maio “cativado”, desde há muitos anos, pelo salão da Sobreda (um salão com uma linha muito próxima do nosso), não tínhamos muito mais alternativas (até Maio continuamos com tempo instável e a partir de Junho temos o período de férias) e regressámos a Novembro com mais três edições de “risco”, digamos assim. Com a experiência negativa de 2005, a decisão foi, definitivamente, tomada e agora, depois do êxito obtido em 2007, creio que a calendarização do salão se manterá pelo mês de Maio (até porque não me consta que o salão da Sobreda possa “renascer” nos próximos tempos, infelizmente).
BDJ- Parece-me que a abertura de uma ala do Convento foi também importante para uma melhor distribuição do Salão, tendo contribuído igualmente para a apresentação cenográfica mais elaborada que deduzo pelas fotos que vi. Qual a tua opinião?
CR- De facto, a abertura de uma ala do convento não só tornou possível que as exposições ficassem melhor distribuídas, como também permitiu poupar uma fatia considerável do orçamento do salão, dado que o aluguer de tendas, como sabes, nem é barato nem é uma solução ideal. A nova ala do convento já tinha estado nos nossos planos em 2005 mas, nessa altura, as obras de consolidação do edifício não estavam concluídas e optámos por alugar duas tendas. Com a conclusão da obra, foi possível utilizar essa ala ficando, assim, o salão com cerca do dobro do espaço disponível. Existem mais duas ou três salas com área semelhante à da ala que abrimos este ano ao público e que, por motivos vários, não puderam ser aproveitadas. Creio que será possível, em próximas edições, aumentarmos ainda mais a área de exposições, o que evitará, por exemplo, como sucedeu este ano, que uma boa parte dos trabalhos do Concurso de BD e “Cartoon” fiquem de fora por falta de espaço.
BDJ- No entanto, segundo consta, a intenção da Câmara é a de instalar o Museu de Arqueologia no Convento, após o restauro. É de prever que o Moura BD deixe de poder contar com esse espaço. Como pensas resolver esta questão?
CR- Segundo o Sr. Presidente da Câmara Municipal de Moura, a ideia do Museu de Arqueologia está, por agora, colocada de parte, dado implicar custos avultados e poder ser transferido para outro local disponível na cidade. Neste momento, a perspectiva é a da criação de um espaço para exposições (aliás, a Câmara começará, em breve, a melhorar o espaço da Igreja do Convento, colocando um piso novo e uma iluminação mais condigna, entre outros melhoramentos). Assim sendo, à priori, o salão manter-se-á pelo Convento do Castelo. Não sendo, na minha opinião, o espaço ideal para a realização de um salão de banda desenhada, acaba por ser, dentro das hipóteses disponíveis, aquela que melhor responde, por agora, à dimensão que o salão adquiriu.
BDJ- Voltando ao Salão deste ano: a presença de originais de desenhadores do Tex e a visita em pessoa de um dos seus mais consagrados autores, Fabio Civitelli, deve ter contribuído para um aumento de público. Pareceu-te que isso aconteceu? E foi possível contabilizar o público? Se sim, como foi feita essa contabilização, uma vez que as entradas são gratuitas?
CR- Por mais fórmulas que se inventem, por mais métodos que se sugiram, a verdade é que não é fácil atrair público para visitar um salão de banda desenhada. Quando falo em atrair público refiro-me ao público que não tem uma relação próxima com a banda desenhada (não compra nem lê BD habitualmente). O público especializado (aquele que lê e que compra assiduamente BD, que conhece de cor os autores expostos e as revistas onde as pranchas foram publicadas, aquele que se desloca de propósito para pedir um autógrafo a um determinado autor) está presente mas é uma minoria! Isto é verdade tanto em Moura como em Viseu, Beja ou Amadora! É claro que a presença inédita em Portugal de Fabio Civitelli e a exposição sobre a nova vaga de desenhadores de Tex contribuíram para atrair público que nunca antes tinha vindo a Moura. Aliás, houve gente que veio, propositadamente, desde muito longe, só para conhecer o autor italiano. Foi o caso do editor de Tex no Brasil, Dorival Lopes, que, junto com a esposa, se deslocaram desde a cidade de S. Paulo. Tivemos também o caso curioso de um casal italiano que, estando a passar férias em Sevilha, soube que o salão estava a decorrer e decidiu vir até Moura para assistir à cerimónia da entrega de troféus e cumprimentar Civitelli. Isto para além dos inúmeros “texianos” que se deslocaram dos mais variados pontos do país e que ficaram, para satisfação nossa, encantados com o que viram no Moura BD. O “público leigo”, contudo, mesmo com a alteração de calendário, continuou a visitar o salão em número, aparentemente, igual ao dos outros anos. Portanto, e em resumo, é verdade que houve uma espécie de “injecção de público novo” (essencialmente adepto da série Tex) mas não chegou para fazer do salão de 2007 o mais visitado de sempre. Em relação às entradas, elas sempre foram, obviamente, gratuitas. Por isso mesmo, o número de visitas é contabilizado de maneira informal. De qualquer modo, a média habitual de cerca de 3200 visitantes (1200 dos quais são estudantes) foi conseguida.
BDJ- Globalmente, qual é a tua opinião sobre a visita de Fabio Civitelli e que dados novos ela introduziu no Salão?
CR- A presença de Fabio Civitelli será sempre um ponto alto no historial do salão, dado que nunca antes este autor tinha estado presente em qualquer festival em Portugal. Civitelli ficou extremamente surpreendido com o nosso convite uma vez que, segundo ele, a sua obra não é (re)conhecida em Itália – pelo menos num patamar equivalente ao dos grandes autores italianos (como Hugo Pratt, Guido Crepax ou Milo Manara, por exemplo). Esta foi, aliás, a primeira vez que recebeu um prémio na sua já longa e brilhante carreira e, também por isso, valeu a pena termos apostado na sua vinda (e aqui quero deixar, publicamente, uma palavra de agradecimento ao José Carlos Francisco, o maior coleccionador português de Tex, que teve um papel fundamental para que Civitelli viesse a Moura, dadas as suas relações privilegiadas com a Sérgio Bonelli Editore). Fabio Civitelli é um autor que eu considero completo porque, além de desenhar extraordinariamente bem (é de um cuidado extremo na recolha de elementos para as suas histórias), já desenvolveu argumentos (para a série Tex) e – muito importante – é de uma empatia inacreditável para com o público. De facto, todos se perguntavam se seria possível um autor daquele calibre conceder tantos autógrafos, desenhar tantos Tex’s ou cumprimentar tanta gente sem mostrar cansaço ou o mais pequeno sorriso forçado. O autor chegou, inclusive, a trazer uma pasta com fotocópias das pranchas já por si desenhadas para a história dos 60 anos de Tex (a ser lançada em 2008) e mostrou, vezes sem conta, durante os dias que permaneceu em Moura, a maneira como desenhou determinada vinheta, a técnica utilizada (tudo a pincel, mesmo os traços mais finos), os cenários autênticos onde a acção se desenrola (captados através de fotografias, de filmes ou documentários), a maneira como Tex deve ser desenhado de modo a parecer mais jovem (uma vez que uma parte da história reporta-nos para o passado do personagem)… Foi, realmente, extraordinário, aliás como o foram também os nossos José Abrantes e Catherine Labey, dois autores a quem a BD portuguesa muito deve e que, merecidamente, foram também homenageados. Creio que o conjunto de autores que homenageamos nesta edição foi decisivo para que o Moura BD atingisse o êxito que obteve. O público presente na sessão de homenagens reconheceu isso mesmo e brindou os três autores com enormes ovações na altura em que os Troféus Balanito lhes foram entregues. Não será fácil repetir uma sessão como aquela!
BDJ- Esta abertura mais marcada aos autores estrangeiros, com a presença física dos mesmos e respectivos originais será para manter?
CR- Creio que sim. Quando em 2005 propus ao Sr. Presidente da Câmara a hipótese de, a partir de aí, homenagearmos, também, um autor estrangeiro a ideia era, precisamente, trazer todos os anos uma figura importante até Moura, de preferência um desenhador que nunca tivesse estado antes em Portugal, como aconteceu com Civitelli. Já estamos a trabalhar para isso, aliás, de modo a que em 2008 outro grande nome da BD europeia seja homenageado em Moura… É claro que os autores nacionais são, para nós, obviamente, também muito importantes. Sempre o foram, especialmente os autores mais clássicos, ou veteranos, como alguns gostam de lhes chamar. Temos sido, aliás, muito criticados (outras vezes, até, ignorados) porque damos destaque a nomes que, hoje em dia, já não produzem banda desenhada! Só que o Moura BD não é um festival com intuitos comerciais e pode dar-se a esse luxo! E eu julgo que estes autores merecem esse destaque! Nós fazemos questão de os homenagear e de os catapultar para o papel de protagonistas no salão dando-lhes um reconhecimento público que, muitas vezes, acaba por ser, praticamente, o único que tiveram em toda a vida! Nomes importantes da BD portuguesa como António Barata, José Baptista (Jobat) ou Isabel Lobinho, só para dar três exemplos, tiveram em Moura a primeira homenagem pública (a não ser, eventualmente, na Tertúlia BD de Lisboa, embora em moldes diferentes e para um público muito mais restrito) e, no entanto, nenhum deles fazia banda desenhada há já muitos anos! E quem pode negar que foram homenagens merecidas?… Não quero com isto dizer que não haja espaço para homenagear autores mais novos! Aliás, este ano um dos homenageados foi José Abrantes, um autor de uma geração mais recente e que continua a produzir a bom ritmo! Além disso, temos dado, ao longo dos anos, oportunidade a muitos jovens autores para exporem os seus trabalhos (Ricardo Blanco, Manuel Diogo , Sergei, Susa Monteiro e os seus colegas do Atelier Toupeira, Ângela Gouveia, Nuno Vaz ou Luís Pinto Coelho são só alguns exemplos). Creio que o futuro do Moura BD passará um pouco por aqui: os autores veteranos continuarão a ser homenageados (e a ver alguns trabalhos recuperados na nossa colecção Cadernos Moura BD), os jovens autores continuarão a expor o seu trabalho e os autores europeus de bom nível começarão a marcar presença assiduamente.
BDJ- Quais foram, na tua opinião, os aspectos mais positivos desta edição do Moura BD?
CR- Foram muitos, felizmente. Começando pelo excelente conjunto de exposições apresentadas, onde tenho, forçosamente, que destacar “A Nova Vaga de Desenhadores de Tex”, por se tratar de um exclusivo mundial (nem o próprio Fabio Civitelli conhecia os trabalhos expostos!) e descrita pelo Jorge Magalhães como “uma das melhores exposições apresentadas em Festivais de BD portugueses!”. Também a presença inédita de Civitelli, bem como de José Abrantes e Catherine Labey, deixaram marca junto do público. As edições do salão foram outra mais valia: a nossa colecção Cadernos Moura BD continuou com o número sete (dedicado a José Abrantes) e, de novo, lançámos um fanzine/revista com texto de Jorge Magalhães dedicado ao “Western” na BD Portuguesa. O catálogo da Humorgrafe “Nas Garras Felinas da Sátira” completou o leque de publicações de excelente nível. Destaque, também, para o êxito obtido pelo nosso Concurso de BD e “Cartoon”, onde aceitámos a concurso trabalhos de 70 autores: 45 portugueses, 22 brasileiros, 1 espanhol, 1 argentino e 1 ucraniano(!). A venda de publicações (especialmente as edições do salão) bateram “records” nunca antes alcançados. Por último, a divulgação do salão foi a melhor de sempre: dezenas de blogues e de “sites” (alguns estrangeiros), bem como a publicação, nas revistas Tex (edição brasileira e italiana) de reportagens sobre o salão levaram notícias do Moura BD a todos os cantos do Mundo.
BDJ- Das vezes que visitei o Moura BD, pareceu-me sempre que grande parte da população estava alheada do Salão, tirando a sessão mais ou menos cerimonial, mas que me pareceu de grande participação pública, a que assisti nas Entregas de Prémios e Troféus no Cine Teatro Caridade. Como é que reage a população de Moura a um Salão de banda desenhada?
CR- A população da cidade já se habituou a que, anualmente, o Moura BD ocorra. Simplesmente, reage ao salão como, provavelmente, reagirá a população de outra cidade qualquer a uma manifestação do género: há um grupo de indefectíveis que aparece sempre, há aqueles que visitam o salão por curiosidade, ou por acaso e há aqueles que nem sequer o visitam! Claro que, para quem organiza uma iniciativa desta envergadura, isso nunca é suficiente! Queremos sempre mais! A verdade é que numa cidade com perto de 9000 habitantes, não podemos esperar que todos visitem o salão! Por essa razão, temos tido, ao longo dos anos, a preocupação de oferecer, um leque variado de actividades (teatro, música, caricatura e banda desenhada ao vivo, cinema, etc) de modo a cativar “vários públicos”, digamos assim. Normalmente, integramos essas actividades (especialmente a música e o teatro) na inauguração e na sessão de encerramento do salão, o que tem resultado numa grande participação pública, como tu bem dizes. É preciso não esquecer que a entrega de prémios do Concurso Escolar de Banda Desenhada também se torna num excelente atractivo para o público local se deslocar à sessão de encerramento!
BDJ- E junto das Escolas, qual é a aceitação do Salão?
CR- Nas escolas o salão já é uma presença reclamada. Graças a um trabalho de 14 anos (tantos quantas as edições dos concursos) junto das escolas de todo o concelho de Moura (em especial as escolas do ensino básico), a relação do público mais jovem com o salão é mais sólida do que com a população em geral. Temos muitos casos de professores e de alunos que, antes do regulamento do concurso estar na rua, nos perguntam pelo mesmo. Isto é sintomático da vontade de participar no concurso (onde, em cada edição, temos sempre para cima de uma centena de trabalhos concorrentes). Para além disso, as visitas ao salão (com marcações sempre completas) são programadas com especial atenção: há sempre um programa específico para as escolas, preparado pela equipa de educadoras da Ludoteca Municipal (dramatizações de acordo com o tema do salão, pinturas faciais, a hora do conto, etc).
BDJ- Tirando os cartazes e flyers, a promoção do Salão, nos espaços públicos da cidade e presumo que nas Escolas, como é feita?
CR- Além de cartazes e flyers, temos feito de tudo, ao longo destes quinze anos, para divulgar o salão. Entre os métodos utilizados contam-se: um “post” na página web da Câmara de Moura; pendões e faixas nas principais ruas da cidade; “mupis” e “out-doors”; “spots” áudio, quer na rádio local quer nas rádios regionais (e, por vezes, nacionais); “spots” vídeo, na RTP2; “banner” anunciando o Concurso de BD e “Cartoon” no portal sapo; impressão de “t-shirts”; publicação do cartaz e do programa em jornais locais e regionais (normalmente a cores); envio para os nossos ciber-contactos de toda a informação disponível (que depois é colocada, sucessivamente, em dezenas de sites e blogues); o Boletim Municipal e a Agenda Cultural do Município, claro, também lhe dão um bom destaque; isto para além daquela publicidade que não é paga mas que é muito importante e que passa pelas reportagens na televisão (a RTP já se deslocou a Moura em três ou quatro ocasiões), entrevistas de rádio (incluindo a RR), reportagens em jornais e revistas com secções de BD, pequenas notícias em jornais e revistas de grande tiragem (como o DN e a Visão), etc. Praticamente, só nos falta pegar num megafone e, num estilo de “propaganda de circo”, anunciar o salão… Em relação às escolas, nos primeiros tempos eu próprio me deslocava às salas para entregar o regulamento do Concurso Escolar e, ao mesmo tempo, sensibilizar alunos e professores para concorrerem, explicando um pouco daquilo que é a BD e das suas técnicas. Nos últimos anos tal não tem sido necessário uma vez que a maior parte dos professores já estão sensibilizados para isso. Mas, quando solicitado, vou sempre às escolas, claro. Já tenho, aliás, programada uma visita a uma escola do concelho, lá para Outubro, para falar destas questões.
BDJ- Seguindo o exemplo de Beja, não seria de tentar aliciar a CM de Moura para a criação, mesmo que integrada na Biblioteca Municipal , de uma Bedeteca com fundo próprio?
CR- Essa ideia está em embrião há já largos anos. Surgiu de uma conversa entre mim e o Luiz Beira, onde ele me propôs a criação em Moura de uma Bedeteca-Museu da BD, tendo em conta o enorme acervo de obras em banda desenhada que o Luiz possui. A ideia pareceu-me, desde logo, excelente. Já lá vão, seguramente, mais de dez anos. Na altura cheguei a propor ao então presidente da Câmara esse projecto mas, atendendo ao pouco espaço de que a Biblioteca Municipal de Moura dispunha (problema que se agravou, com o tempo), as coisas não avançaram. Neste momento, o acervo de álbuns que o Luiz Beira vai ceder a Moura está à minha responsabilidade. A Biblioteca Municipal de Moura aguarda por obras num outro edifício para onde, futuramente, irá mudar os seus serviços. Estou a catalogar todo o material existente que, diga-se, não foi só cedido pelo Luiz Beira: o Osvaldo de Sousa também cedeu um exemplar de todos os catálogos da Humorgrafe, algumas editoras com as quais temos trabalhado ao longo dos anos têm-nos oferecido álbuns, eu próprio tenho algum material que cederei de bom grado… Mas não há dúvida que a maior parte do material que temos é do Luiz Beira, pessoa a quem se deve a génese do Moura BD, como sabes.
BDJ- Obrigado, Carlos pela disponibilidade para esta conversa.
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Agosto/Setembro de 2007