Depoimento de José Carlos Francisco para o ColetiveArts, em ‘Conversas e Pradarias’ a propósito do 74º aniversário de Tex

José Carlos Francisco, Portugal (segurando arte de Laura Zuccheri, diante de arte de Massimo Rotundo)

Chamo-me José Carlos Pereira Francisco, também conhecido por Zeca e nasci a 13 de Dezembro de 1967, em Maputo, ex-Lourenço Marques, capital de Moçambique, África, tendo vindo para Portugal, com os meus pais, em 1977. Sou casado, pai de duas filhas e profissionalmente sou director de produção numa indústria de mobiliário metálico, sendo também no campo editorial o representante da Mythos Editora em Portugal.

Comecei a ler Tex com pouco mais de 12 anos, uma vez que a minha paixão pelo Ranger criado, em 1948, por G. L. Bonelli e Aurelio Galleppini, nasceu já em Portugal, mais precisamente em 1980, aquando de umas limpezas do sótão da habitação principal onde eu fui residir com os meus avós, descobri uma caixa com muitas revistas de histórias em quadrinhos e entre elas estava somente um exemplar de Tex, mas era uma edição especial que me conquistou de imediato. Tratava-se de “Pacto de Sangue“, uma aventura onde acontece o casamento do Ranger e fiquei de tal forma impressionado que mesmo depois de 42 anos aqui estou eu a falar desta paixão.

José Carlos Francisco na Ala Tex no Museu do Vinho Bairrada em Anadia – Capital Portuguesa do Tex

Foi-me pedido para falar da melhor aventura do Tex em toda a saga, mas não é fácil eleger a melhor história de Tex, pois são muitas as aventuras que me deixaram uma recordação inolvidável, mas as mais marcantes foram “El Muerto”, “O Passado de Kit Carson”, “Oklahoma”, “Flechas Pretas Assassinas” e mais recentemente “Patagónia”, uma autêntica obra-prima da 9ª Arte que foi inclusive publicada em Portugal, não podendo esquecer “O Vale do Terror“, sobretudo pelo brilhantismo gráfico alcançado por Magnus.

O que me atraiu nas histórias do Tex foi sobretudo por o Ranger encarnar valores universais como, por exemplo, o desejo de justiça graças à força da lei ou até mesmo fora dela, a consciência da igualdade entre os homens e a capacidade de julgá-los apenas com base no seu comportamento efectivo, características essas que eram revolucionárias para uma personagem na década de 40 do século passado mas que são actuais nos dias de hoje, assim como continuarão a ser no futuro. Uma fórmula que praticamente continua imutável já que apesar de terem mudado os autores que trabalham com Tex, se alguém aplicou modificações ou inseriu novas temáticas, fez isso com o mais rigoroso respeito pela personagem, mantendo-se fiel aos princípios de G. L. Bonelli. No fundo Tex é o homem que todos gostaríamos de ser e quem lê Tex não consegue ficar indiferente ao Ranger, porque de certo modo ele é real, já que nos podemos rever nos seus princípios, nos seus actos e na sua coragem, sempre em prol da justiça. Mas para além de tudo isso há que destacar a excelência da produção. Tex é uma série excepcional pelos seus longos enredos, muitos deles permeados de factos e personagens históricas e que sempre teve magníficos desenhadores.

* Para ler o texto (publicado a 30 de Setembro de 2022) no ColetiveArts, clique AQUI!

2 Comentários

  1. Parabéns Zeca, um dos maiores especialistas em Tex e Bonelli do mundo.
    Pra mim, o maior.

    • Muito obrigado, pelos parabéns, mas sobretudo pela sua consideração, pard António Matias, mas felizmente temos na nossa língua portuguesa, muitos e bons especialistas em Tex e Bonelli e você também é um deles 🙂
      Um grande abraço!

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