Blueberry e Tex por Rossano Rossi

Por Afrânio Braga, criador do blogue Blueberry, Uma Lenda do Oeste: https://blueberrybr.blogspot.com

Blueberry e Tex por Rossano Rossi

Rossano Rossi (1964), desenhador aretino, depois de haver frequentado brevemente os cursos da arte da ourivesaria, intui logo que a sua verdadeira paixão são as histórias em quadrinhos. Assim, na metade dos anos Oitenta, com pouco mais de vinte anos de idade, ele inicia a desenhar em revistas como “L’Intrepido”, “Splatter”, “Blitz” e “Ramba”. A sua carreira sofre uma reviravolta no início dos anos Noventa, quando é contratado pelo editor Sergio Bonelli para entrar no staff dos desenhadores de “Mister No”.

Tex Willer e Rossano Rossi – Casa Museo Bruschi, Arezzo, Itália, 2016

Em 1994, ele é contactado pelo argumentista Federico Memola que o quer para o staff de “Zona X” na nova série “La stirpe di Elan”, e é ele próprio através da imaginação de cenários fantásticos e surreais que completa algumas das pranchas mais belas pelo seu traço delicado e refinado. Em seguida, Rossi trabalha em algumas histórias: “Jonathan Steele” e “Nick Raider” e quando termina a série ele passa a desenhar os álbuns de “Tex”, através de “Tex Almanacco del West” (2005), numa parceria com o indiscutível chefe de escola aretina Fabio Civitelli. Com o número 567 sai a sua primeira história regular (2008), pelo roteiro de Claudio Nizzi, intitulada “Dieci anni dopo” e “Sangue in Paradiso”, uma prova magistral do seu longo e intenso trabalho. Em 2011, publica a segunda, “Attacco alla diligenza” e “Alto tradimento”. Em 2015, Rossi trabalhou na realização de um novo episódio, em dois álbuns, sobre textos de Tito Faraci, de título “Nodo scorsoio”. Mais recentemente, em 2019, Rossano Rossi desenhou “Il boss di Chicago“, aventura escrita por Pasquale Ruju e publicada no Maxi Tex nº 25.

Rossano Rossi, influenciado seguramente pelo seu mestre Fabio Civitelli e por Giovanni Ticci, ao retratar os seus implacáveis pards está em constante procura de uma representação a mais espontânea e expressiva possível, conseguindo elaborar e propor infinitos enquadramentos estratégicos. Luzes e sombras são bem representadas nos traços subtis e delicados, habilmente empregados na troca dos planos e da profundidade. Um claro e escuro utilizado principalmente às costas das personagens com a precisa vontade de fazer ressaltar toda a dramaticidade da cena. Muitas as figuras em silhuetas, um método, como afirma o desenhador, para separar a cena, sobretudo, quando o roteiro é ambientado em situações nocturnas ou em passagens caóticas.

Uma técnica que se, às vezes, parece lenta, como ele mesmo admite, é conduzida com abnegação e seriedade profissional levando-lhe necessariamente a um constante empenho de actualização estilística. Por notar, na realização das personagens, o estudo meticuloso do detalhe seja nas indumentárias da época, seja nos acessórios, seja na apresentação das personagens; um exemplo disso é a moderna cabeleira de Rhonda Carpenter em “Sangue in Paradiso”.

Do seu trabalho nas pranchas das histórias de “Nick Raider”, “Jonathan Steele” e “Zona X”, séries nas quais Rossano Rossi deu amplo espaço à fantasia e à criatividade tanto que a instintiva cumplicidade com a fantasia permitiu-lhe uma maior liberdade no idealizar mundos irreais e quiméricos, um universo alternativo onde no interno da magia coexiste uma mistura de culturas e arquitecturas diferentes. Filmes como “Mad Max”, “Blade Runner” e “Guerra nas Estrelas” o influenciaram, indubitavelmente.

Mundos encantados e misteriosos, pensados e realizados com traços decorativos e refinados nos quais resulta a beleza das personagens, sobretudo, femininos carregados de uma sensualidade inusitada, fazem de Rossano Rossi um desenhador apreciado por uma heterogénea geração de apaixonados pelas histórias de banda desenhada.

Fernando Pessoa e Rossano Rossi, Lisboa, Portugal, 2018

A série “Blueberry” foi criada por Jean-Michel Charlier e Jean Giraud
Blueberry © Jean-Michel Charlier / Jean Giraud – Dargaud Éditeur

A personagem Tex foi criada por Giovanni Luigi Bonelli e realizada graficamente por Aurelio Galleppini
Tex © Sergio Bonelli Editore

Blueberry, o irmão francês de Tex.” – Sergio Bonelli editor e argumentista

Agradecimentos a Rossano Rossi pelo desenho de Blueberry e Tex, lendas do Oeste, para o blogue.
Afrânio Braga

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *