Blueberry e Tex por Peter Nuyten

Por Afrânio Braga, criador do blogue Blueberry, Uma Lenda do Oeste: https://blueberrybr.blogspot.com

Blueberry e Tex por Peter Nuyten

Peter Nuyten

Peter Nuyten, ilustrador, banda desenhista e autor:

No início dos anos 80 do século passado, eu comecei como assistente administrativo na Philips. Após dois anos, comecei a estudar, à noite, na Academia de Arte Arnhem, então o HKA – Hogeschool voor de Kunsten Arnhem, hoje em dia Artez. Depois disso, iniciei independentemente como desenhador gráfico, mas logo eu mudei para a direcção de ilustrador, inicialmente para a área de publicidade, mas com o tempo passei a fazer cada vez mais ilustrações informativas e educacionais.

Na década seguinte, trabalhei por quase seis anos no Iris, um estúdio formador de desenhadores, em Nijmegen. Naqueles anos, diversos membros do estúdio também fizeram a revista de banda desenhada independente “Iris”, na qual também fiz alguns trabalhos junto com vários outros banda desenhistas holandeses que nesse meio-tempo são artistas holandeses conhecidos.

Em meados dos anos 90, eu tive a oportunidade de fazer interessantes contribuições ilustrativas para várias editoras educacionais de renome. Um pouco mais tarde, especializei-me cada vez mais em assuntos relacionados à história militar. Isso deveu-se, principalmente, ao facto de que quando eu era criança, tinha muito interesse em história. Uma das minhas mais importantes ambições de infância era tornar-se um arqueólogo.

Em 1995, produzi a minha maior atribuição de ilustração histórica. Estas eram ilustrações informativas para o livro “Tipi’s, Totems and Tomahawks” de Theo Vijgen; um livro sobre a história dos nativos da América do Norte. Este livro foi indicado pelo júri infantil holandês e recebeu o prémio Zilveren Griffel e eu recebi uma menção especial pelos meus esforços e abordagem. O livro recebeu uma grande quantidade de publicidade. Eu fui abordado por uma editora sueca que me procurou para publicar o livro em grande formato e a cores em países escandinavos. Muito desastrosamente, a editora holandesa, na época, acabou não sendo incentivadora em tudo, o que eu ainda acho incompreensível.

Em 1998, a Amsterdam University Press lançou algo pretensioso: o colorido “Historical Tableau” editado pelo renomado Dutch Frits Oostrom. Van Oostrom é professor universitário em Utrecht; ele é especializado em literatura holandesa da Idade Média. Em 1995, ele foi outorgado com o Prémio Spinoza pelo seu trabalho científico. O seu livro “Maerlants wereld” recebeu o prémio de literatura AKO em 1996. Portanto, foi uma honra eu ter sido convidado por ele para contribuir com este livro.

O livro trata da história do póster escolar histórico holandês e intentava ser um novo trampolim e defesa para uma reintrodução do póster escolar de outrora, mas com um toque moderno. Autores e ilustradores renomados foram reunidos, tanto quanto possível, como equipas de duas pessoas e foram convidados a contribuir para o livro. Na solicitação de Adriaan van Dis, um renomado autor holandês de romances, para trabalhar com ele a fim de entregar um projecto para esse livro, eu fiz uma ilustração colorida para o seu texto sobre escravidão. Infelizmente, a intenção de van Oostrom de dar nova vida ao póster escolar por meio deste livro não se materializou posteriormente.

De qualquer modo, comissionado pelo então Museu do Exército em Delft, eu tenho sido capaz de trabalhar com o coração e a alma, desde 2005, na série de pósteres escolares da história militar, os quais foram apresentados às escolas e ao público com grande sucesso. Infelizmente, o museu decidiu cancelar o bem sucedido projecto, após diversos anos, devido a medidas económicas austeras do governo. Eu também trabalhei para várias editoras educacionais em séries educacionais temáticas históricas tais como “The Indigo” e “Brandaan”, ensinando métodos que são continuamente populares nos Países Baixos.

De 1999 ao início de 2008, eu trabalhei no Studio Jan Kruis van Libelle, aonde trabalhei na história de banda desenhada Libelle popular “Jan, Jans em de kinderen” no princípio apenas com o director Daan Jippes e em seguida, por 18 anos, com o velho aluno Gerben Valkema. Daan Jippes é um artista holandês mundialmente famoso, mais conhecido por suas actividades nos Estados Unidos da América por sua longa duração na Disney e Warner Brothers. Hoje, ele está aposentado e, no que diz respeito às ilustrações da Disney, só faz alguns trabalhos para uma editora escandinava. O objectivo do Libelle era dar à história aos quadradinhos um novo visual total. A partir da metade do álbum 26, a história feita pelo estúdio é do ponto de vista gráfica e estilística, mas também em termos de improviso uma rigorosa adaptação da história de banda desenhada original, em parte para poder garantir um moderno visual, todavia também por razões práticas; a história tinha que ser fácil de editar para comercialização, etc. Mais tarde, outros artistas ingressaram e saíram.

Em 2007, o estúdio fechou devido a drásticas interrupções. De 2008 a 2013, trabalhei, sob contrato, em “Jan, Jans e as crianças”, mas de casa; actualmente, eu não faço mais nada para essa história de banda desenhada. Hoje, a série de BD ainda é desenhada por bastantes holandeses e alguns artistas do Comicup Espanha; todos eles desenham conforme o traço criado por nós em 1999. 

Actualmente, ainda produzo ilustrações para Bíblias infantis, livros infantis e tenho feito também alguns trabalhos de ilustração para a revista histórica “Quest history”. Entrementes, duas Bíblias infantis coloridas são traduzidas e licenciadas em russo.

Peter Nuyten e a sua neta num momento de boa disposição

Desde 2009, trabalho nas minhas próprias histórias de banda desenhada, as trilogias “Auguria” e “Apache Junction”. Ambos os títulos estão, correntemente, sendo lançados na Alemanha, Áustria e Suíça (Splitter Verlag), Bélgica e França, em língua francesa, (BD Must), Espanha e cinco países da América Latina incluindo México e Argentina (Ponent Mon), além do mais, em holandês, lançados pela editora Arboris. Não obstante o facto de que eles são trilogias fechadas, eles oferecem mais do que o suficiente para uma emocionante sequência, embora estejam estacionados, pois eu necessito de prazo para a minha adaptação do empolgante romance pós-apocalíptico “Metro 2033”.

“Metro 2033” (“Метро 2033” em russo) é um romance de ficção pós-apocalíptico, do autor russo Dmitry Glukhovsky, mais vendido em 2002, que toma lugar no metropolitano de Moscovo, onde os últimos sobreviventes estão escondidos após um holocausto nuclear global. O romance era seguido por duas sequências, “Metro 2034” e “Metro 2035”, gerando a franquia de mídia Metro. A edição em inglês do livro foi publicada em 2010 e igualmente um link com a adaptação para o videojogo. A editora alemã Splitter Verlag comprou os direitos autorais e perguntou-me se eu poderia estar interessado em fazer uma adaptação em forma de história de banda desenhada. O terceiro volume será publicado agora em Maio e o quarto volume no fim deste ano. A intenção é que a história aos quadradrinhos esteja disponível em outras línguas assim como o romance original; no momento, somente em alemão e em holandês.

Em 2022, um “Metro 2033” será lançado mundialmente como um filme de acção ao vivo. Inicialmente, a MGM pretendia pegar toda a produção, mas Glukhovsky estava completamente insatisfeito com a adaptação que, nessas circunstâncias, exigia muitas discussões por mais de 6 anos. Glukhovsky então cancelou o projecto e foi em busca de um novo produtor e empresa; agora, o filme está a ser produzido pelos estúdios de filmes de TNT-Premier, TV-3 e Central Partnership.

Uma prancha de “Metro 2033” nº 3 “Augen der Finsternis”
(“Eyes of Darkness”, “Olhos da Escuridão”).

Blueberry e Tex Willer

Jean Giraud é um dos meus grandes exemplos. Giovanni Luigi Bonelli estava, mas já não está no meu âmbito de grandes exemplos no que diz respeito ao seu Tex Willer, talvez também porque não correspondeu à minha visão pessoal do western; apesar do facto de que Tex Willer está a provar ser muito popular e, além disso, vários artistas tornaram-no mais realista. Em minha opinião, os álbuns de “Blueberry” a partir de “O Cavalo de Ferro” e “Chihuahua Pearl” e o ciclo de “Nariz Partido” até ao de “A Última Cartada” são aqueles que eu gosto mais; os desenhos são sublimes e igualmente os roteiros. Tudo o que veio depois é inferior, embora eu goste dos álbuns de François Corteggiani, Colin Wilson e Michel Blanc-Dumont.

Fonte: © 2021 Peter Nuyten

A série “Blueberry” foi criada por Jean-Michel Charlier e Jean Giraud
Blueberry © Jean-Michel Charlier / Jean Giraud – Dargaud Éditeur

A personagem Tex foi criada por Giovanni Luigi Bonelli e realizada graficamente por Aurelio Galleppini
Tex © Sergio Bonelli Editore

Blueberry, o irmão francês de Tex.” – Sergio Bonelli, editor e argumentista

Agradecimentos a Peter Nuyten pelo desenho de Blueberry e Tex, lendas do Oeste, para o blogue.
Afrânio Braga

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

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