As Leituras do Pedro: Tex Anual #13 – O Longo Braço da Lei

As Leituras do Pedro*

Tex Anual #13 – O Longo Braço da Lei
António Segura
(argumento)
José Ortiz (desenho)
Mythos Editora (Brasil, Dezembro de 2011)
135 x 175 mm, pb, 306 p., brochado
R$ 18,90 / 9,00 €

Resumo
À cabeça de um grupo de rangers, Tex escolta cinco presos que estão a ser transferidos de Sierra Vista para Phoenix. No entanto, no caminho, são atacados e os presos libertados.

Único sobrevivente do grupo, Tex parte no encalço dos fugitivos, que entretanto se separaram, não só com o intuito de fazer justiça mas também de descobrir qual deles motivou o ataque.


Desenvolvimento
Os fãs que me desculpem, pois eu sei que o Tex de António Segura não é muito apreciado entre eles, mas acho que o argumentista espanhol, como nenhum outro, conseguiu retratá-lo exemplarmente na sua faceta de solitário, frio, duro e implacável – cínico até por vezes.

E é esse Tex impassível, de olhar gélido e dedo ligeiro no gatilho que surge em “O Longo braço da lei”, um Tex que semeia de cadáveres as bordas do seu caminho, que avança indiferente aos danos colaterais, como um autêntico mastim que só parará quando tiver dilacerado a sua presa.


Por isso, esta é uma narrativa dura e violenta – à medida da terra e do tempo em que Tex caminha – pejada de tiroteios, feridos e cadáveres. E que, apesar do seu tom e da sua grande extensão – mais de três centenas de pranchas – consegue ser também cativante e absorvente, pelo tom quase policial com que Segura a dotou, com Tex a perseguir, à vez, cada um dos cinco fugitivos, investigando os seus motivos, analisando as suas acções e ilibando-os (ou não…) do crime – o ataque à escolta – porque os persegue.


Esse Tex duro e violento – e o clima tenso e pesado da narrativa – são acentuados pelo soberbo traço de José Ortiz – cúmplice de longa data de Segura – agreste mas pormenorizado, com personagens esguias e atléticas, de rostos vincados e olhares penetrantes e um sublime trabalho de preto e branco, assente em contrastes e num exemplar jogo de luz e sombras que – lá volto eu ao mesmo… – merecia ser admirado numa edição de formato maior.


*Pedro Cleto, Porto, Portugal, 1964; engenheiro químico de formação, leitor, crítico, divulgador (também no Jornal de Notícias), coleccionador (de figuras) de BD por vocação e também autor do blogue As Leituras do Pedro.

2 Comentários

  1. Estou inteiramente de acordo consigo, caro Pedro, embora ainda não tenha lido esta aventura… que não sei se já chegou às nossas bancas.
    Segura e Ortiz faziam uma dupla admirável, aliando a escrita seca e realista de Segura (tão imprevistamente desaparecido) ao traço “pétreo” de Ortiz, ao seu dinamismo cinematográfico e à caracterização tensa e violenta das personagens e do próprio ambiente.
    Um grande mestre da BD realista, que provavelmente não tardará, por força da idade, a abandonar a pista trilhada ao lado de Tex e dos seus “pards“.

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