As Leituras do Pedro: Tex #601/#602

As Leituras do Pedro*

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Tex #601 A rainha dos vampiros

Tex #602 O templo na selva
Gianfranco Manfredi (argumento)
Alessandro Bocci (desenho)
Mythos Editora
Brasil, Novembro/Dezembro de 2019
135 x 175 mm, 114 p., pb, capa fina
R$ 11,90

Bang! Bang!

Há demasiado tempo afastado das minhas leituras, por razões diversas a que a pandemia e o cancelamento de alguns eventos de BD não são estranhos, regressei – de forma breve – a Tex neste díptico.

Tornado ao longo dos anos um hábito (que acredito) salutar, num dos meus géneros de eleição, este reencontro acabou por evocar a minha imagem primordial do ranger.

Relembro – porque já o escrevi por aqui – que os meus primeiros contactos – limitados e pontuais – com Tex, na adolescência, se deram em aventuras em que defrontava Mefisto, de tom mais místico e na fronteira do western com o sobrenatural.

Agora, sem Mefisto nem o seu filho Yama, a verdade é que este confronto com A rainha dos vampiros assume muitos dos contornos daquelas aventuras épicas: a capacidade de sedução da vilã, o fanatismo dos seus seguidores, o seu domínio sobre algumas criaturas (morcegos) geralmente associadas às trevas, a capacidade de se projectar à distância e assim assombrar ou vigiar os seus inimigos…

Como atractivos extra, este díptico assinala novo encontro de Tex com El Morisco e leva-os com o seus amigos até uma densa selva mexicana com pirâmides astecas.

 

O traço realista e de acabamento pormenorizado de Alessandro Bocci acentua o contraste entre o tom habitual de Tex e esse aspecto mais sobrenatural, mas a verdade é que há algumas cenas em que os protagonistas surgem demasiado estáticos ou até parecem ter sido sobrepostos no desenho de fundo, o que causa alguma estranheza – que obviamente nada tem a ver com o sobrenatural que impera no relato.

E se Gianfanco Manfredi – com um grande currículo na temática – consegue criar uma grande expectativa e alimentar ao longo de dezenas de páginas o lado mais obscuro e fantástico da história, a verdade é que – tal como nas aventuras de Mefisto que então me seduziram – no final, com algum sabor a desilusão, Tex e os seus pards resolvem tudo (facilmente) a tiro, confirmado que não há nada mais real do que uma boa ‘dose de chumbo quente’…!

*Pedro Cleto, Porto, Portugal, 1964; engenheiro químico de formação, leitor, crítico, divulgador (também no Jornal de Notícias), coleccionador (de figuras) de BD por vocação e também autor do blogue As Leituras do Pedro

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

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