As Leituras do Pedro: Martin Mystère #29 e #30 – Mystère investiga… Zagor?!

As Leituras do Pedro*

Martin Mystère #29: El hacha encantada
Martin Mystère #30: La astronave de los seres perdidos
Correspondente a Martin Mystère #242 e #243, da edição original italiana
Alfredo Castelli (argumento)
Franco Devescovi (desenho)
Aleta Ediciones
Espanha, 2007
160 x 210 mm, 96 p., pb, capa cartão

Mystère e… Zagor?!

A Sergio Bonelli Editore – como outras grandes editoras populares – volta e meia ‘marca’ encontros entre os seus heróis – ou com heróis de outras editoras, como aconteceu recentemente com a DC Comics – os crossovers que garantem atenção mediática e a atenção redobrada dos fãs das personagens envolvidas e… dos outros.

Este díptico – La hacha encantada/La astronave de los seres perdidos – de Martin Mystère. embora com características bem diferentes, de alguma forma pode corporizar um género de crossover diferente.

Na verdade, Mystère e Zagor – ou mais exactamente Za-gor-te-nay – não se encontram numa mesma época, mas este último é o centro de um dos habituais… mistérios de Mystère.

Tudo começa com a visita de um coleccionador de novelas pulp ao Detective do Impossível, após ter encontrado uma machadinha com estranhas propriedades – que supostamente pertencera a Za-gor-te-nay, herói da fronteira das tais narrativas baratas e populares no Velho Oeste, na segunda metade do século XIX.

Para dourar mais um pouco a história, Alfredo Castelli faz de um mexicano baixinho e gordo chamado… Pancho, o cronista dessas aventuras, colocando como principal opositor deste herói um cientista meio louco, baptizado como Vírus e com o visual de Meyer, um protagonista de outra das aventuras originais.

Estabelecidas as bases, Castelli diverte-se a minar o visual do herói – aqui mais bronco e abrutalhado – fazendo o mesmo às origens oficiais do herói de Guido Nolitta, transformando-o de acordo com os ‘estereótipos’ dos inquéritos de Martin Mystère – e tendo mesmo o arrojo, como cereja no topo do bolo, de narrar a sua morte, algo a que os seus criadores nunca se atreveram.

Narrada a dois tempos – no presente, com Mystère e Java – e em meados do século XIX – com Za-gor-te-nay, Virus e Pancho – e com teor diferente consoante o ponto de vista de quem a narra, a história, vai avançando de acordo com as características próprias de cada registo  – enquanto estabelece elos sólidos entre elas e com a cronologia do Detective do Impossível – num tom entre o humor, a homenagem e a grande aventura, com tudo para proporcionar uma leitura bem entretida – e bem resolvida – que é competentemente sustentada pelo traço limpo e seguro de Franco Devescovi, que atenua algumas passagens que podem ser mais complexas e recria com credibilidade locais conhecidos da vivência de Zagor.

* Pedro Cleto, Porto, Portugal, 1964; engenheiro químico de formação, leitor, crítico, divulgador (também no Jornal de Notícias), coleccionador (de figuras) de BD por vocação e também autor do blogue As Leituras do Pedro 

(imagens disponibilizadas por Aleta Ediciones; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)

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