As Leituras do Pedro – Dylan Dog #2: O Marca Vermelha

Dylan Dog #2 – O Marca Vermelha

As Leituras do Pedro*

Dylan Dog #2O Marca Vermelha
Tiziano Sclavi (argumento)
Gianluigi Coppola (desenho)
Mythos Editora
Brasil, Abril de 2018
160 x 210 mm, 96 p., pb, capa mole
R$ 26,90

Marcas…

Para um leitor de banda desenhada franco-belga (clássica…), o que primeiro marca nesta edição, é a homenagem, evidente na capa, a uma das obras-primas de Edgar P. Jacobs, A Marca Amarela.

No entanto, ultrapassada essa referência, potenciada pelo muro de tijolos, e pela ‘marca vermelha’ nele desenhada com um ‘W’ – ou um ‘M’ invertido… – no interior de um círculo aberto, para além de uma e outra narrativa decorrerem numa Londres nevoenta e de os protagonistas se relacionarem com a Scotlland Yard, nada mais une este Dylan Dog e aquele Blake e Mortimer.

Dylan Dog #2 – O Marca Vermelha; página 5

O que, no entanto, não retira qualquer prazer à leitura, mesmo para leitores contumazes de banda desenhada franco-belga clássica porque, em O Marca Vermelha, encontramos as características que fizeram do Detective do Pesadelo uma personagem marcante e incontornável dos quadradinhos. Para qualquer tipo de leitores.

A sua insegurança, a capacidade de seduzir o belo sexo, a incompatibilidade compatível com o inspector Bloch, o humor execrável de Groucho e a capacidade de tornar possível o impossível, real o imaginário e terra a terra o intemporal, são bem equilibrados por Tiziano Sclavi, num relato pelo qual já passaram, sem se fazer notar, 30 anos de idade.

Dylan Dog #2 – O Marca Vermelha; página 9

Na sua origem, está a captura e condenação de um homem, suspeito de ser o assassino em série de diversas mulheres da alta sociedade inglesa, que se destacava por deixar junto às suas vítimas, traçada a sangue, a tal ‘marca vermelha’. Cinco anos depois, o assassino parece estar de volta para retomar a sua loucura homicida. Acontece que o condenado, um emigrante russo, se suicidou na prisão embora agora todos os relatos apontem para o seu regresso sob forma espectral…

Face à incapacidade da polícia, Dylan Dog é contratado para investigar o caso e acaba por descobrir mais do que era previsível – e até desejado – pelo seu cliente, num relato consistente e de enorme coerência, em que Sclavi, a par de uma forte crítica comportamental e da denúncia das desigualdades sociais, nos mergulha num ambiente fantástico, quase tangível, que nos envolve e convence, até ao desfecho, que se revela duplamente inesperado.

Dylan Dog #2 – O Marca Vermelha; página 12

*Pedro Cleto, Porto, Portugal, 1964; engenheiro químico de formação, leitor, crítico, divulgador (também no Jornal de Notícias), coleccionador (de figuras) de BD por vocação e também autor do blogue As Leituras do Pedro

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

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