As Cidades de Tex desenhadas por Fabio Civitelli, expostas no 17º Salão Internacional de Banda Desenhada de Viseu

Por José Carlos Francisco

De 10 a 21 de Setembro, integrada no XVII Salão Internacional de Banda Desenhada de Viseu, cujo tema é “Cidades na BD“, a realizar na cidade de Viseu, ocorrerá uma exposição sobre a personagem emblemática da BD italiana de aventuras, Tex Willer, da Editora Bonelli, exposição essa que terá como tema “As Cidades do Tex” e que contará com 18 páginas com a temática relacionada às cidades do Velho Oeste e que contará também, no fim de semana inaugural, com a presença de um dos grandes nomes do seu staff, o ilustre desenhador italiano FABIO CIVITELLI, presente em Portugal pela quarta vez, irá abrilhantar ainda mais o evento! Civitelli inclusive será o homenageado estrangeiro do Salão e será agraciado com o prestigiado troféu Anim’Arte 2010.

Trata-se de um regresso de Tex Willer a Viseu, já que aquando do XV Salão Internacional de Banda Desenhada de Viseu, em 2005, o Salão deu um grande destaque ao Ranger, devido à personagem italiana ter sido o herói homenageado em virtude da mostra ”Tex – cowboy e pistoleiro – coleccionar a BD”, dedicada ao herói de papel, onde se pôde apreciar um panorama impressionante, tanto de edições raras como de peças de “merchandising”, que faziam parte duma das maiores colecções do mundo, pertencente ao coleccionador José Carlos Francisco, de Anadia.

Tex no 15º Salão de Viseu, viu ainda uma outra exposição dedicada  a si: a exposição de pranchas de todos os desenhadores que até aquela data, tinham desenhado as edições gigantes de Tex Willer, chamadas na Itália de Texoni, nomes como José Ortiz, Joe Kubert, Guido Buzzelli, Victor de la Fuente, Magnus, Jordi Bernet, Colin Wilson e muitos outros prestigiados nomes da 9ª Arte!

Mas voltando ao evento deste ano, falemos da exposição dedicada ao Tex e do consagrado autor Fabio Civitelli:

As Cidades do Velho Oeste (Tex)

Tex Willer, a mítica personagem de Banda Desenhada criada em 1948, na Itália, pela dupla Giovanni Luigi Bonelli e Aurelio Galleppini, é hoje em dia uma das personagens de western, com maior longevidade na história dos quadradinhos a nível mundial, sendo inclusive ainda publicado em diversos países e ao contrário da quase totalidade dos heróis da BD, Tex percorreu, e continua a percorrer, um caminho inverso, seja nos confrontos com o público, seja naqueles com a crítica, facto este que é ainda mais interessante. Com efeito, enquanto as personagens comuns se vão desgastando ao longo dos tempos, com Tex acontece precisamente o contrário. Obrigado devido à sua natureza a navegar entre alvos bem definidos, que são obviamente aqueles das convenções do género western, ele continua a renovar-se interiormente, mas também exteriormente.

Por um lado, a Sergio Bonelli Editore está a nível editorial a proceder desde há alguns anos a uma sistemática actualização dos seus quadros criativos, sem descurar a qualidade, seja a nível de argumentistas, seja de desenhadores, como ficou bem patente na exposição dedicada à nova vaga de desenhadores do Tex, ocorrida em 2007 no Salão de Moura. Por outro lado, a editora italiana tem-se multiplicado nos anos mais recentes na sedução aos leitores, diversificando o produto, isto é, à série canónica dos clássicos volumes mensais a preto e branco acrescentou uma infinidade de outras séries, inclusive a cores, tendo também permitido a produção de outros itens associados à personagem e tem inclusive incentivado e patrocinado um cada vez maior número de exposições, como é exemplo “As Cidade do Tex” patente no XVII Salão Internacional de Banda Desenhada de Viseu.

Tex vive as suas aventuras principalmente na segunda metade do século XIX tendo por base de acção a reserva Navajo situada entre o Arizona, o Novo México, o Utah e o Colorado, um território em grande parte desértico que inclui o Monument Valley, parte do Deserto Pintado e parte da Floresta Petrificada, onde o inimigo não é representado apenas pelo homem, mas também pela própria natureza dura e hostil, mas como um verdadeiro herói, Tex está sempre pronto a acorrer em socorro dos amigos, seja sobretudo nas cidades do velho Oeste, que deste modo ainda hoje habitam a nossa imaginação, com as suas peculiares cadeias, barbearias, armazéns, saloons, hotéis, ferreiros, xerifes, pistoleiros e cheias de incríveis perseguições a cavalo e de duelos, seja inclusive nas principais cidades dos Estados Unidos da América como São Francisco, Nova Iorque, Boston, Nova Orleães, Washington, ou até mesmo em cidades canadianas e mexicanas ou ainda em terras mais distantes como a Oceania.

Muitas das cidades onde Tex comparece ao longo da saga, são caracterizadas por uma “main street” (rua principal) delineada por duas filas de construções dispostas paralelamente, única barreira entre o homem e os vastos espaços desabitados que as circundavam e que se tornaram célebres como teatros de duelos sanguinários, encontros mortais e desafios infernais, mas também convém dizer que por norma os fãs de Tex podem se considerar afortunados porque os ambientes citadinos das suas histórias revelam sempre um surpreendente recheio de elementos dramáticos, em grado de oferecer um bom campo de acção a quem, como Tex Willer, tenha a vocação de reparador de injustiças e é impossível não recordar também as histórias de Tex acontecidas em inquietantes e melancólicas “ghost towns”, pequenas cidades “fantasmas”, nascidas nas vizinhanças de minas no decurso de poucos meses e depois entretanto rapidamente abandonadas quando a veia aurífera se esgotava ou se tornava uma trágica ilusão, ou nos pitorescos e misteriosos pueblos, aldeias índias construídas com pedras e tijolos de barro, no flanco de uma montanha, ou ainda nas perigosas e inacessíveis robber towns, inteiramente geridas por bandos de ladrões, assassinos e criminosos de todos os tipos, mas também nas fantásticas e improváveis cidades “esquecidas pelo tempo”, habitadas por comunidades de espanhóis, vikings, egípcios, astecas ou russos.

Cenários esses que podem ser admirados na exposição integrada no XVII Salão Internacional de Banda Desenhada de Viseu, intitulada “As Cidades do Tex” e que contará com a presença de um dos mais renomados e admirados desenhadores citadinos de Tex Willer: Fabio Civitelli.

FABIO CIVITELLI

Fabio Civitelli nasceu a 9 de Abril de 1955 em Lucignano, província de Arezzo, Itália. Desde tenra idade mostrou uma grande aptidão para o desenho e com apenas 19 anos começou a colaborar com o StudiOriga, desenhando diversas personagens para a Edifumetto, com destaque para Lady Dust por ter sido o seu primeiro trabalho no âmbito da BD.
Em 1977, com o pseudónimo Pablo de Almaviva, inicia a sua colaboração com a Editora Universo, desenhando para as revistas Il Monello e L’Intrepido. Dois anos mais tarde, ainda para a Universo, desenha Doctor Salomon nas páginas da revista Blitz, desenhando também o Homem-Aranha e o Quarteto Fantástico para a revista SuperGulp. Nesse mesmo ano, 1979, começa a desenhar Mister No para a Sergio Bonelli Editore, série onde realiza uma mão-cheia de histórias, até que em 1984 é chamado a desenhar Tex, personagem na qual trabalha até hoje com um estilo caracterizado por um grande cuidado nos mínimos detalhes, por um hábil uso do preto e branco e pelo extremo asseio do seu traço, sendo a sua versão de Tex, uma das mais apreciadas pelos leitores, respeitando a tradição, mas sendo ao mesmo tempo, moderna e cativante.

E já agora, segue-se a lista de todas as histórias de Tex realizadas por Fabio Civitelli nos mais de 25 anos de carreira a desenhar o Ranger (a castanho estão assinaladas as histórias que terão páginas expostas no Salão de Viseu):

Itália – 1985 – Tex nº 293 a 295
Título da história: I due killers – Fabio Civitelli/Claudio Nizzi
Brasil – 1986 – Tex nº 199, 201 e 202 – Os Dois Killers

Brasil – 2002 – Tex Ouro nº 2 – Os Dois Assassinos
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Itália – 1986 – Tex nº 304 a 307
Título da história: Omicidio a Corpus Christi – Fabio Civitelli/Claudio Nizzi
Brasil – 1987 – Tex nº 211 a 213 – A Taberna do Porto
Brasil – 2003 – Tex Ouro nº 6 – Os Conspiradores
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Itália – 1987 – Tex nº 319 a 321
Título da história: Pista di morte – Fabio Civitelli/Gianluigi Bonelli
Brasil – 1988 – Tex nº 227 e 228 – Na Piste de El Lobo
Brasil – 2004 – Tex Ouro nº 12 – A Fronteira do Gado
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Itália – 1987 – Tex nº 323
Título da história: La città corrotta – Fabio Civitelli/Gianluigi Bonelli
Brasil – 1991 – Tex Edição Especial Colorida nº 2 – A Cidade Corrompida
Brasil – 2008 – Almanaque Tex nº 34 – A Cidade Corrompida
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Itália
– 1989 – Tex nº 346 a 349
Título da história: Gli spiriti della notte– Fabio Civitelli/Claudio Nizzi
Brasil – 1991 – Tex nº 256 a 259 – Os Espíritos da Noite
Brasil – 2005 – Tex Ouro nº 20 – A Volta de Zhenda
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Itália – 1991 – Tex nº 367 a 369
Título da história: Agguato nella miniera – Fabio Civitelli/Claudio Nizzi
Brasil – 1992 – Tex nº 277 a 279 – Emboscada na Mina
Brasil – 2007 -Tex Ouro nº 29 – Revolta em Chihuahua
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Itália – 1993 – Tex nº 393 a 395
Título da história: Intrigo a Santa Fe – Fabio Civitelli/Claudio Nizzi
Brasil – 1995 – Tex nº 304 a 306 – Intriga em Santa Fé
Brasil – 2006 -Tex Especial de Férias nº 5 – Intriga em Santa Fé
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Itália – 1995 – Tex nº 414 a 416
Título da história: Missione a Boston– Fabio Civitelli/Claudio Nizzi
Brasil – 1997 – Tex nº 326 a 328 – Missão em Boston
Brasil – 2010 -Tex Ouro nº 48 – Missão em Boston
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Itália – 1997 – Tex nº 443 a 445
Título da história: Il ritorno della Tigre Nera – Fabio Civitelli/Claudio Nizzi
Brasil – 1999 – Tex nº 356 a 359 – O Retorno do Tigre Negro
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Itália – 1998 – Specchio nº 119
Título da história: Il duello (a cores) – Fabio Civitelli/Claudio Nizzi
Brasil – 2005 – Seleção Tex e Aventureiros nº 3 – O Duelo (a cores)
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Itália – 2000 – Tex nº 475 a 477
Título da história: Il pressagio– Fabio Civitelli/Claudio Nizzi

Brasil
– 2002 – Tex nº 390 a 393 – O Presságio
Brasil – 2010 – Tex Especial Civitelli – O Presságio
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Itália – 2001 – Tex nº 493
Título da história: La morte nera – Fabio Civitelli/Claudio Nizzi
Brasil – 2002 – Almanaque Tex nº 15 – A Morte Negra
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Itália – 2003 – Tex nº 511 e 512
Título da história: Ritorno a Culver City – Fabio Civitelli/Claudio Nizzi
Brasil – 2005 – Almanaque Tex nº 25 – Retorno a Culver City
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Itália – 2005 – Almanacco del West 2005
Título da história: Il fuggitivo – Rossano Rossi e Fabio Civitelli/Claudio Nizzi
Brasil – 2005 – Almanaque Tex nº 27 – O Fugitivo
Nota: Civitelli auxiliou Rossano Rossi nos desenhos desta história.
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Itália – 2005 – Tex nº 536 e 537
Título da história: Tumak l’inesorabile – Fabio Civitelli/Claudio Nizzi
Brasil – 2006 -Tex nº 442 e 443 – Tumak, o Implacável
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Itália – 2006 – Tex nº 554 e 555
Título da história: La banda dei tre – Fabio Civitelli/Claudio Nizzi
Brasil – 2007 e 2008 -Tex nº 458 e 459 – O Trio Mortal
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Itália – 2008 – Tex nº 575
Título da história: Sul sentiero dei ricordi (a cores) – Fabio Civitelli/Claudio Nizzi
Brasil – 2008 -Tex Especial 60 anos – Na Trilha das Recordações (a cores)
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Itália – 2009 – Tex nº 585 e 586
Título da história: La grande sete – Fabio Civitelli/Gianfranco Manfredi
Brasil – 2010 – Tex nº 487 e 488 – A Grande Sede
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Com todos estes atractivos poderemos dizer sem medo de errar que esta é mais uma grande e especial manifestação dedicada a Tex em Portugal, por isso caro amante da 9ª. Arte, não deixe de comparecer em Viseu durante os dias 10 a 21 de Setembro e veja com os seus próprios olhos um pouco mais do Mundo de Tex Willer!!!!
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(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

2 Comentários

  1. Obrigado pela lista das histórias de Tex realizadas por Fabio Civitelli, hoje em casa vou ver se alguma não está autografada pelo Mestre! Vai poupar-me tempo esta lista! Até Viseu! Um abraço

  2. Se tivesse essa lista dantes, teria caçado uns dois nº para que ele autografasse (fora seu livro – digo, meu! – e o encarte das 500 edições) nas duas vezes em que estive presente com esse grande desenhista/pessoa maravilhosa.

    Valeu pela lista, pard!!

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