Argumento de Claudio Nizzi, desenhos de Fabio Civitelli e capa de Claudio Villa. Com o título original Ritorno a Culver City, a história foi publicada em Itália nos nº 511 e 512 e no Brasil pela Mythos Editora no Almanaque Tex nº 25.
Vítima de uma doença incurável e, às portas da morte, um juiz pede a Tex que salve o seu filho adoptivo que se encontra preso em Culver City, acusado de ter assassinado Joe Rebo, o filho de Tom Rebo que, vinte anos atrás, assassinou Sam Willer, o irmão do ranger. Tex volta assim a Culver City, disposto a enfrentar uma parte do seu passado, mas também um presente que poderá ser bem diferente Daquilo que aparenta.
“Retorno a Culver City” marca um certo regresso ao passado, com Tex na companhia do filho Kit a voltar ao velho rancho dos seus pais e aos locais onde passou a sua infância juntamente com o seu irmão Sam. Mas marca também o regresso a um passado de vingança e de justiça, quando sozinho enfrentou e desmantelou o poder de Tom Rebo na cidade.
Nizzi e Civitelli não mergulham apenas num certo passado do herói, homenageam de igual modo um passado da série, quando G.L. Bonelli compunha um Tex granítico e durão. “Retorno a Culver City” é ainda uma viagem a um western como já não se faz, feito de acção, muita pólvora, armadilhas, chantagens e corrupção, um western caracterizado pela lei do mais forte.
O argumento é uma singela homenagem a westerns da idade de ouro de Hollywood, a filmes como “O Homem que Matou Liberty Valance” ou “El Dorado”, a actores como Gary Cooper, John Wayne ou James Stewart e a cineastas como John Ford ou Sam Peckinpah.
Uma aventura feita de memórias, de lembranças e de imagens. Uma aventura onde o Tex actual mais do que se contrapor ao Tex bonelliano, alia-se a este. Um Tex justiceiro e implacável perante os capangas de Max Marley, mas também um Tex que sente o peso do passado e que se curva perante a memória dos seus entes queridos e que Civitelli retrata de modo sublime em duas magníficas pranchas, singularmente feitas de silêncio (páginas 28 e 29).
Finalmente, “Retorno a Culver City” é bem representativo da dualidade que se discute na actualidade texiana, um contraponto entre um certo conservadorismo que continua a ver no ranger apenas um durão e os novos tempos marcados por um Tex mais psicológico, mas não menos afirmativo. Afinal, Nizzi vem provar inteligentemente, e na mesma aventura, que ambas as facetas são perfeitamente compatíveis e que a singularidade da série reside mesmo nesse factor de adaptar a série aos novos pressupostos e a novas filosofias.
Uma vez mais, o desenho de Civitelli maravilha a quem o pode contemplar. Nunca é demais referir a elegância do seu traço, o perfeito doseamento de contrastes entre claro e escuro, as fisionomias, os cenários e os ambientes, tornando Civitelli num dos melhores desenhadores de sempre da saga texiana.
Argumento: Claudio Nizzi (4/5)
Desenhos: Fabio Civitelli (5/5)
Texto de Mário João Marques
Texto belíssimo, Mário. Eu mesmo já tive a oportunidade de escrever uma resenha dessa aventura, que foi publicada no meu blog.
Obrigado Yudae e ainda bem que nos informa do seu blogue, pois vou já a correr dar uma vista de olhos.
Abraços