Almanacco del West 2009 (Itália): Capitan Blanco

 

Almanacco del West 2009 (Itália) - Capitan Blanco

Almanacco del West 2009 – “Capitan Blanco“, de Janeiro de 2009. Argumento de Claudio Nizzi, desenhos de Manfred Sommer e Leomacs e capa de Claudio Villa. História inédita no Brasil e Portugal.

Arte de Manfred SommerScott Henderson é um jovem tenente, recentemente formado pela academia militar de West Point. Agora está a caminho de Forte Thomas, naquela que é a sua primeira colocação e onde se prepara para servir sob as ordens do coronel Henderson, seu pai. Por estas paragens reina alguma agitação, em virtude do comanche Capitan Blanco andar a semear a violência na zona. O Coronel Henderson, para testar a habilidade do filho e cioso da sua glória, encarrega o jovem tenente, logo como primeira missão, de tratar desta questão, não levando em linha de conta a sua natural inexperiência e o puro bom senso. Os renegados acabam por estender uma emboscada aos militares, dizimando parte do pelotão, o que leva Tex e Carson a intervirem.

Militares em apuros

Tex de Sommer em acçãoA grande crítica levantada a Nizzi, pelo menos nos últimos tempos, não tem tanto a ver com temas e ideias, sendo mais um problema de dinâmica narrativa e qualidade no desenvolvimento dos argumentos. Capitan Blanco não foge à regra, deixando ao leitor uma boa ideia, patente em temas como o confronto entre pai e filho, a disciplina militar, a ambição em seguir uma carreira que apela a tradições familiares, a força da experiência contra a inexperiência de teorias apreendidas nas academias, enfim bases promissoras naquilo que poderia ter sido uma aventura com outros moldes. Mas o problema em Nizzi passa muito por este ponto, o de não conseguir retratar psicologicamente personagens, o de tratar tudo muito pela rama, ou ainda, se quisermos, apresentar sempre uma visão mais maniqueísta e menos elaborada nos seus argumentos.

Kit Carson por Manfred Sommer

Kit CarsonO resultado não é exaltante, sem que isso signifique estarmos em presença de uma aventura falhada. Com certeza que não, mas tudo é algo superficial, sem grande profundidade e sobretudo aqui e ali a cair num certo facilitismo, quando por exemplo o jovem Scott Henderson abandona a carreira militar logo após o seu primeiro desaire. E porque não desenvolver mais a personagem do coronel Henderson, perfeito estereótipo militar, sedento de glória e exemplo flagrante da tradição familiar. Estamos em presença de uma atmosfera militar clássica, com o rigor e a disciplina bem patentes, com a expedição em busca de um grupo de índios renegados, mas falta o lado épico, falta a emoção, falta aquela sensação de nos lembramos das personagens depois de terminada a leitura. Porque o que nos fica é uma aventura correcta, mas previsível, com temas significantes certamente, mas de desenvolvimento insignificante.

Índios em acção

Tex e CarsonBoa prestação de Sommer nos desenhos, apesar do estado de saúde que padecia na altura, o que o impediu mesmo de vir a terminar a aventura, sendo substituído por Leomacs (Massimiliano Leonardo). Este parece ter tentado adequar-se ao estilo do espanhol, mas enquanto o traço de Sommer é fino, polido e elaborado, caracterizando convincentemente a atmosfera, o do italiano parece ser sempre mais grosso e incaracterístico. Já vimos melhores trabalhos de Leomacs, nomeadamente em Volto Nascostto, onde o autor expressava de modo puro o seu estilo, ao contrário deste trabalho, que aceitou terminar, mas que o impediu de expressar convenientemente as suas aptidões. Ficamos a aguardar uma aventura de Tex totalmente desenhada por si e escrita por Boselli (originariamente para Devescovi), onde o autor estará certamente mais à vontade para expressar as suas qualidades.

Texto de Mário João Marques

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