A Lenda de Tex, na visão de uma leitora estreante

Por Cristina Alves[*]

A colecção Bonelli começa com Tex, um herói já conhecido pelo público português através da Polvo, e que celebra, em 2018, 70 anos de existência. Confesso que nunca tinha lido Tex e que peguei neste livro à espera de um Western típico, que me recordasse os livros de pequenas aventuras no faroeste – e foi o que encontrei mas este volume surpreendeu-me por ter pontos inovadores na forma como o herói encara os seus inimigos e na forma como desenlaça o conflito.

Na primeira história de Tex sabemos apenas que o Ranger procura alguém mas ficamos na dúvida, até ao final, sobre quem será. Esta missão leva-o a cruzar com um caçador de prémios, Wannabe, que terá conhecido há muito tempo. Este caçador procura um criminoso menor por razões pessoais, busca que o leva a tentar cooperar com Tex.

Já na segunda história, Tex segue, também, um rasto, mas quem persegue quer ser perseguido e cria um rasto de vítimas com o óbvio objectivo de tecer uma armadilha.

O mito do chupa-cabra é explicado na terceira aventura, mostrando um monstro que raramente se mostra. Após o assalto a uma diligência os assaltados dão de caras com estes monstros selvagens, monstros pelos quais um cientista tem mais fascínio do que medo.

A história final é bastante diferente, apresentando uma disputa entre um índio e um oficial, resultando no rapto da mulher do oficial. O resultado desta aventura é original para uma história deste género, mostrando uma mulher em quebra com o seu papel social.

Não esperem, claro, uma banda desenhada de elevada profundidade psicológica mas, mesmo assim, Tex surpreendeu pela positiva com alguns detalhes na narrativa que vão para além dos típicos Western, e alguns elementos psicológicos mais complexos do que a minha expectativa. São histórias movimentadas que cativam o leitor e que entregam bons momentos de diversão.


Para além de alguns detalhes na narrativa que vão para além dos típicos Western, Tex surpreendeu, também, pelo visual. Os desenhadores vão mudando ao longo das histórias e é de realçar o traço e a coloração da última, mais onírica que acompanha uma narrativa onde se ultrapassam os papéis usuais de cowboy e índio.


Este volume de Tex pertence à colecção Bonelli publicada pela Levoir em parceria com o jornal Público.

[1] (Texto publicado originalmente no Blogue “Rascunhos, em 3 de Maio de 2018)

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

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