A fantástica capa de Fórmula 1 desenhada por Claudio Villa para uma prestigiada revista italiana

Claudio Villa, um dos expoentes máximos da Nona Arte em Itália, desenhador de Tex há 36 anos e responsável pelas capas do Ranger desde 1994 por vezes também é convidado por prestigiadas edições internacionais para realizar ilustrações relacionadas com a F1, outra das suas grandes paixões, como é o caso da revista Autosprint. E foi precisamente a Autosprint que o convidou para realizar a capa do número 2 do Autosprint Extra, datado de Agosto de 2022, capa essa que mostramos de seguida e onde se pode observar a inigualável Arte de Claudio Villa no fantástico mundo das 4 rodas.

Autosprint Extra nº 2. Arte de Claudio Villa retratando Didier Pironi e Gilles Villeneuve num duelo titânico, 1982

Esta capa, em especial a ilustração, tem uma história por trás, história essa contada pelo próprio Claudio Villa: “Foi-me pedido para ilustrar o ano de 1982 com três protagonistas importantes daquele ano: Pironi, Forghieri e Villeneuve.
A ideia caiu no duelo “fratricida” de Imola, procurando uma imagem significativa daquele momento em que os dois bólides eram vistos em perspectiva.
Foi o Grande Prémio que se tornou histórico e inesquecível para os amantes da Fórmula 1. A partir dessa luta titânica teve origem o destino que marcou dramaticamente tanto aquela temporada de F1, como as suas próprias vidas.
Mas como mostrar os rostos?
Uma solução era de mostrá-los “livres”, sem uma sequência ordenada, rostos “dispersos”, talvez com proporções diferentes, na página.
Então ocorreu-me que três quadros verticais onde um primeiro plano dos três em cada um deles podia ser mais eficaz, mais imediato como mensagem.
Queria ‘closes’ intensos e vigorosos e a fotografia de Gabriela Noris (grande e histórica fotógrafa da F1), falecida recentemente,serviu de inspiração para o Gilles.
Porém três quadros “pendurados” do nada diziam pouco, daí a ideia de inserir uma espécie de “fogo” por trás, a sublinhar que a partir desse momento, o campeonato pegaria fogo, levando ao epílogo os seus destinos.”

Há 40 anos, Villeneuve e Pironi marcavam os seus destinos na F1

* Uma das páginas mais controversas da F1 era escrita em Ímola, detonando uma fase extremamente negativa para a Ferrari

* Para aqueles que gostam da história da F1, o dia 25 de Abril de 1982 tem um grande simbolismo. Especialmente para os ferraristas pois, nesse dia, por conta de uma manobra, a sorte da equipa mudou totalmente no resto do ano.

Didier Pironi e Gilles Villeneuve num duelo titânico, 1982

Didier Pironi, o piloto francês que marcou o início da década de 80 tinha um trágico encontro marcado com o destino. A França contava com ele para ser o primeiro piloto gaulês a alcançar o título de campeão do mundo, e Didier esteve muito perto de o ser em 1982, um ano dramático na história da F1, quando a “scuderia” Ferrari se viu privada dos seus dois pilotos e principais candidatos ao título.

Didier Pironi

O ano começou sob o signo de Villeneuve, que relegou Didier para segundo plano, até ao GP de S. Marino, onde a vingança foi servida fria. Com a desistência dos principais adversários, os dois Ferrari ficaram calmamente na frente, com Villeneuve a liderar a corrida. As ordens da equipa eram para abrandar e manter as posições, mas os dois pilotos envolveram-se numa luta encarniçada até final, com Pironi a contrariar as ordens e a ultrapassar um furioso Villeneuve.

Essa manobra valeu-lhe uma alcunha pouco lisonjeira entre os “tiffosi” – “il bastardo”, mas seria um episódio rapidamente ofuscado pela sombra de tragédia que se abateu sobre Maranello, após a morte de Villeneuve, em Zolder.

Pironi ficava com o caminho aberto para o título, mas o destino acabou por cobrar a conta do francês, quando em Hockenheim, Didier destruiu o Ferrari e ficou paralisado, colocando assim um ponto final na sua carreira na F1.

Carreira que se iniciou em 1978, quando a Elf e Ken Tyrrel ficaram encantados com as qualidades reveladas pelo piloto na F2 e também com o prestígio da vitória em Le Mans em 1978, tripulando o Alpine Renault A442B que partilhava com Jaussaud.

Gilles Villeneuve

Dois anos brilhantes na Tyrrel valeram-lhe o bilhete de entrada para a então competitiva Ligier onde em 1980 venceu o seu primeiro GP na Bélgica. Em 1981, seduzido pela sua eficácia e agressividade, Enzo Ferrari e Mauro Forghieri convidam-no a formar o duo maravilha da F1 do início da década de 80.

Duo dramaticamente desfeito em 1982, quando Pironi se sentou pela última vez ao volante de um F1, depois de 70 corridas e três vitórias. Mas o destino não se contentara com a sua dívida e cobrou-a na totalidade em 1987, quando o piloto francês morreu num brutal acidente de motonáutica, numa prova ao largo da Ilha de Wight, a 23 de agosto de 1987, quando o Colibri, barco que ele próprio tinha feito, com base nas suas dificuldades físicas, se desfez ao enfrentar uma onda cruzada; com ele, morreu toda a equipa do barco.

Mauro Forghieri (director técnico da Ferrari)

A traição fatal
A história é rica em coincidências e a que sucedeu ao seu “irmão” Gilles Villeneuve é irónica. O canadiano era o seu melhor amigo, o seu confidente. Até Imola, até ao dia 25 de abril de 1982. Nesse dia, o francês cometeu um ato que Gilles considerou uma traição: quase no final, ao ver que o terceiro classificado, Michele Alboreto, estava muito longe, a Ferrari deu ordem aos pilotos para abrandarem o ritmo, para evitar quebras mecânicas ou consumo excessivo. Villeneuve, na frente de Pironi, cumpriu a indicação, acreditando que a ordem por que estavam em pista era para manter.

Mas Pironi não entendeu assim e passou Villeneuve, que reagiu, reassumindo o comando. Porém, na Tosa, não defendeu a linha de trajetória na última volta e Pironi aproveitou para voltar a passá-lo, cortando a linha de chegada 0,366s na frente de Gilles. Villeneuve, no pódio, nunca falou a Pironi, garantindo que este o tinha traído. E jurou que, na sua vida, nunca mais iria dirigir a palavra ao francês. Triste ironia: duas semanas depois o canadiano, estava morto, cumprindo-se da pior forma a sua promessa.

O GP de San Marino de 1982 ficou para a história com a polémica vitória de Pironi sobre Villeneuve, um amado e ‘amaldiçoado’ casal da Ferrari. O francês e o canadiano nunca mais serão amigos por causa dessa corrida, e Gilles morrerá em Zolder alguns dias depois

Voltando a Claudio Villa e à sua soberba ilustração, de seguida e devido a uma enorme cortesia do desenhador italiano, vamos dar a conhecer, passo a passo, como foi evoluindo a arte desde o seu início até à sua conclusão:

Arte de Claudio Villa para a revista Autosprint Extra nº 2 (1)

Arte de Claudio Villa para a revista Autosprint Extra nº 2 (2)

Arte de Claudio Villa para a revista Autosprint Extra nº 2 (3)

Arte de Claudio Villa para a revista Autosprint Extra nº 2 (4)

Arte de Claudio Villa para a revista Autosprint Extra nº 2 (5)

Arte de Claudio Villa para a revista Autosprint Extra nº 2 (6)

Arte de Claudio Villa para a revista Autosprint Extra nº 2 (7)

Autosprint Extra nº 2. Arte de Claudio Villa

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

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