Convite à descoberta no VII Festival de BD de Beja

Por Pedro Cleto*

Teve início ontem o VII Festival Internacional de Beja, mais uma vez com um programa aliciante, vasto e diversificado, assente nos três vectores que têm balizado o seu crescimento sustentado que faz dele o segundo mais importante do país e, em termos de conteúdos, possivelmente o mais interessante.

O primeiro, é a grande aposta na produção nacional. Das 17 exposições patentes, 11 mostram os quadradinhos portugueses. Entre elas está a monográfica dedicada a Fernando Relvas, um dos grandes nomes da BD nacional dos anos 80 e 90 (publicado especialmente no semanário Se7e), que interrompe o seu “exílio” voluntário na Croácia para vir a Beja lançar a novela gráfica Li Moonface (pela Pedranocharco). Outro grande destaque é a apresentação dos originais das histórias que o “quarteto fantástico” português, Filipe Andrade, Nuno Plati, João Lemos e Ricardo Tércio, tem produzido para a Marvel. Para além destes, a BD nacional está também representada por Bernardo Carvalho, Carlos Rico, Rui Lacas, Inês Freitas, João Mascarenhas e Ricardo Cabral.

O segundo vector diz respeito à selecção de convidados estrangeiros, consagrados embora à margem do mainstream. Este ano, a escolha recaiu em Ivo Milazzo, desenhador de Ken Parker, um notável western humanista, Liam Sharp, argumentista e desenhador de super-heróis como Judge Dredd, Spider-Man, X-Men, Hulk ou Batman, ou Jacques Loustal, um dos pintores da BD francófona.

Quanto ao terceiro vector, é transversal aos outros dois e passa pela combinação equilibrada da aposta em nomes consagrados e a proposta de descoberta de novos criadores e estilos narrativos.

Espraiando-se por diversos locais de Beja até 12 de Junho, embora tenha por principal pólo a Casa da Cultura, o festival, cujo programa completo pode ser consultado em www.festivalbdbeja.net, fica igualmente marcado, mais uma vez, pelo lançamento de diversas edições nacionais, entre as quais Futuro Primitivo, Zona Gráfica, Venham+5 ou BDJornal, que mostram que os quadradinhos nacionais continuam a mexer e justificam a aposta de Beja neles.

*Pedro Cleto, Porto, Portugal, 1964; engenheiro químico de formação, leitor, crítico, divulgador (também no Jornal de Notícias e na revista In’ – distribuída as sábados com o JN e o DN), coleccionador (de figuras) de BD por vocação e também autor do blogue As Leituras do Pedro.

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

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