ENTREVISTA EXCLUSIVA: SANDRO SCASCITELLI (AUTOR CONVIDADO PARA A 9ª MOSTRA DO CLUBE TEX PORTUGAL, EM ANADIA, NOS DIAS 27 E 28 DE ABRIL)

Entrevista conduzida por José Carlos Francisco, com a colaboração de Júlio Schneider (tradutor de Tex para o Brasil)  na tradução e revisão.

Clube Tex Portugal realiza, em Anadia, nos dias 27 e 28 de Abril próximo a 9ª Mostra do Clube Tex Portugal e traz SANDRO SCASCITELLI ao nosso país, motivo mais que suficiente para esta entrevista do blogue português do Tex com o autor italiano que estará então presente na capital da Bairrada no fim de semana de 27 e 28 de Abril no mui nobre MUSEU DO VINHO BAIRRADA.

Caro Sandro Scascitelli, mais uma vez seja bem-vindo ao blogue português do Tex! Você será protagonista de uma mostra do Clube Tex Portugal, na cidade de Anadia. O que representa para si esse evento que poderá contar com sua presença num país estrangeiro?
Sandro Scascitelli: Não sou um grande viajante e por isso estou particularmente emocionado e sou grato pelo vosso convite, espero estar ao nível dos colegas que já me precederam nesses vossos eventos, buscarei dar o meu melhor.

O que convenceu Sandro Scascitelli, autor de fama mundial, a aceitar um convite tão inusitado?
Sandro Scascitelli: Não vamos exagerar nos elogios! Sou um dos muitos autores de histórias desenhadas que trabalham há muitos anos e dão o seu contributo a esse nosso mundo de papel. Eu não poderia recusar um convite tão gentil e reiterado, espero realmente não decepcionar as expectativas.

Quais as suas expectativas em relação à 9ª Mostra do Clube Tex Portugal?
Sandro Scascitelli: Como já mencionei, não tenho muita experiência com esse tipo de evento em países fora das fronteiras italianas. Certamente o amor pelo nosso mundo de histórias desenhadas e em particular pelo nosso Tex me levará a conhecer e interagir com amigos que partilham as mesmas paixões, o que é muito estimulante.

A ampliar um pouco o horizonte da entrevista: o que o convenceu a entrar na indústria dos quadradinhos?
Sandro Scascitelli: Como já tive oportunidade de dizer em entrevistas, no início da minha carreira eu fazia desenhos animados, e depois, na década de 1970, ao ver as obras dos grandes mestres desta nossa arte, apaixonei-me pelo mundo dos quadradinhos, e há uns cinquenta anos mais ou menos procuro dar a minha contribuição.

O que sentiu ao receber o convite para desenhar Tex?
Sandro Scascitelli: Para um desenhador de banda desenhada, desenhar Tex certamente pode ser considerado um ponto de chegada e uma gratificação pelo seu trabalho. Um trabalho que se faz, e não poderia ser de outra forma, com o máximo empenho, também pelo respeito devido à personagem lendária e aos tantos grandes mestres que, ao longo de todos esses anos, realizaram as narrativas das aventuras do nosso herói.

Como analisa a evolução da sua carreira?
Sandro Scascitelli: Não sei, creio que para essa análise seria indicada uma avaliação feita por outros e não pelo próprio desenhador, mas posso dizer que em relação aos meus primeiros trabalhos certamente houve uma evolução, ainda que esta nossa profissão seja uma forma de trabalho artesanal, ou seja, é algo feito em conjunto com muitos outros profissionais, do argumentista ao revisor, ao letrista, etc.; a evolução também ocorre a partir do relacionamento com as demais pessoas com quem se trabalha.

Como avalia seu trabalho hoje em relação ao passado?
Sandro Scascitelli: Em comparação com o passado, hoje temos muito mais recursos à disposição. No início da minha carreira, para me documentar, era necessária uma grande quantidade de imagens que eram guardadas e catalogadas, extraídas de fotografias retiradas de jornais, revistas, livros, etc.. Mas era sempre uma documentação bastante limitada e difícil de consultar; hoje basta fazer uma busca na internet, e de qualquer coisa se tem à disposição centenas de imagens em pouco tempo. Outra coisa digna de nota é que há alguns anos, depois de ter desenhado no papel por um longo tempo e comprometido gravemente a minha visão, ainda posso trabalhar graças à mesa digitalizadora que me permite ampliar as imagens a meu gosto e assim resolver este meu problema.
Como se forma um desenhador do seu calibre?
Sandro Scascitelli: Para ser um bom desenhador de quadradinhos deve-se ter uma forte paixão por esse trabalho; pode-se aprender a técnica, aprimorá-la, mas sem uma forte paixão não se vai muito longe. É a paixão que faz aguentar horas e horas curvado sobre a mesa de desenho, ajuda a superar as muitas humilhações que inevitavelmente se recebe no início da carreira, mas que, em todo o caso, fazem parte do percurso formativo.
No que está a trabalhar actualmente?
Sandro Scascitelli: Estou a fazer uma nova história de Tex. É a minha oitava e levará a quase 1000 as páginas que já desenhei para o nosso Ranger. Estava a pensar nos últimos dias em quantas vezes, em 966 páginas, tive que desenhar pistolas, espingardas, chapéus, cavalos… da contagem resultariam números interessantes, mesmo que bem inferiores aos dos mestres que há muitos anos trabalham ou trabalharam para a série.

O que Tex representa para si e qual a importância dele na sua vida?
Sandro Scascitelli: Quando criança, a caminho da escola, eu passava diante da banca de revistas que exibia as edições de Tex em tiras e ficava a olhar, encantado. Eu não tinha dinheiro para comprar, e depois, aos poucos, consegui ter nas mãos algumas tiras. Hoje, fazer parte das fileiras de autores do famoso Ranger, é motivo de orgulho.

Para concluir, quer deixar uma mensagem aos seus admiradores que irão a Anadia?
Sandro Scascitelli: O que posso dizer… espero corresponder às expectativas e não decepcionar, espero que os presentes gostem, estarei lá com todo o meu empenho, a passar dias tranquilos a falar do nosso amor comum, Tex Willer.

Caro Sandro, em nome do blogue português do Tex agradecemos muito pela entrevista que tão gentilmente nos concedeu.

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

3 Comentários

  1. Digo sem receios. Hoje, Sandro Scascitelli é o meu artista preferido em TEX. Os desenhos dele na maxi tex estão sensacionais.
    Que honra entrevistar essa fera, Zeca. Parabéns.

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