As Leituras do Pedro: Martin Mystère #12/#13

As Leituras do Pedro*

Martin Mystère #12 Dupla Personalidade
Martin Mystère #13 Os Illuminati
Paolo Morales (argumento)
Fabio Grimaldi (desenho)
Mythos Editora
Brasil, Setembro/Outubro 2019
160 x 210 mm, 96 p., pb, capa mole, mensal
R$ 26,90

Dupla personalidade… a dobrar

Desde (?) O estranho caso do Dr. Jekyll e Mister Hyde, de Robert Louis Stvenson, a questão da dupla personalidade tem dado origem a muitas e (algumas) boas histórias.

Este díptico de Martin Mystère, Dupla personalidade/Os Illuminati, é mais uma abordagem com essa base, com a curiosidade de a duplicidade surgir em… dose dupla.

A história arranca longe do domicílio de Martin Mystère, onde Java está de quarentena devido a… uma gripe, para nos introduzir aquela que será a verdadeira protagonista, Loretta Castorini, uma jovem tímida, vulgar e (familiarmente) submissa, que aparenta um ligeiro atraso. De seguida, numa mudança radical de cenário – e de tom – conhecemos também Leni, uma assassina fria, eficiente e sensual.

Um acontecimento trágico mostrará ao leitor que Loretta e Leni são uma e a mesma pessoa, que o destino fará que se cruze com Mystère.

Acreditando na versão da jovem, então (já) procurada pela polícia por assassínio, o investigador do impossível irá remexer em segredos com décadas, que forças poderosas, a operarem na sombra, tentarão manter a todo o custo.

A explicação da duplicidade Loretta/Leni é credível no âmbito de uma história de acção, movimentada e com algumas cenas espectaculares, que arrasta o leitor despertado pela situação, na descoberta da origem do distúrbio e, inevitavelmente, curioso do seu desfecho.

Referi acima uma dupla personalidade em dose dupla, porque – digo eu – o Martin Mystère que me habituei a conhecer, dá aqui lugar a alguém menos introspectivo e mais dinâmico, mas com um pouco habitual papel secundário no relato. A par disso, abandona os ‘grandes mistérios da humanidade’ com séculos ou milénios, para mergulhar em questões mais actuais e humanamente ‘palpáveis’. Sem que a ‘mudança’ seja chocante ou coloque em causa a verosimilhança da personagem que conhecemos há décadas, a verdade é que mais depressa veria Dylan Dog ou até Nick Raider – para citar duas outras criações Bonelli – a interpretar este papel, embora a parte final da narrativa já nos traga o Martim Mystère (mais) habitual.

No seu conjunto, trata-se de uma aventura de acção, rápida e dinâmica – o bom entretenimento descontraído que a Sergio Bonelli Editore maioritariamente nos serve – que tem como base (mais) uma elaborada teoria da conspiração, em que interesses políticos e financeiros se cruzam, empregando com frequência métodos que estão longe de ser legítimos ou honestos, escrita e desenhada com a competência habitual das criações Bonelli.

*Pedro Cleto, Porto, Portugal, 1964; engenheiro químico de formação, leitor, crítico, divulgador (também no Jornal de Notícias), coleccionador (de figuras) de BD por vocação e também autor do blogue As Leituras do Pedro (http://asleiturasdopedro.blogspot.com/).

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

Um comentário

  1. Eu quando as li também tive a sensação de estar lendo Nick Raider (personagem que muito me agrada). Muita ação, aventura. Não é o BVTM que estou habituado, mas foi uma trama divertida.

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