Por José Carlos Francisco
Quando muitos de nós vemos uma capa de Tex Edição Histórica nas bancas de todo o Brasil ou até mesmo nos quiosques portugueses, não imaginamos por vezes o quão difícil e quantas horas de trabalho foram necessárias até se chegar ao resultado final…
Antes do falecimento de Sergio Bonelli tudo começava com um esboço da imagem pretendida, determinado pelo próprio editor, já que ao contrário do que muitos pensavam, o desenhador não tinha liberdade para fazer a capa que bem entendesse para a história, até porque na grande maioria das vezes, Claudio Villa não ia reler a história antiga.
Por motivos vários, desde vetos do editor que não as considerava apropriadas ou por decisão do próprio desenhador que não ficava agradado com o seu trabalho, algumas capas chega(va)m a ter várias versões conforme já mostramos por diversas vezes aqui mesmo no blogue do Tex, mas damos a Claudio Villa a palavra para nos explicar o processo de criação de uma capa brasileira de Tex Edição Histórica:
“Se no passado tudo nascia na editora, onde Sergio Bonelli examinava pessoalmente a história em questão para procurar uma cena “de capa” entre as vinhetas desenhadas e depois elaborava um esboço veloz que me era enviado por fax, junto às cópias das páginas correspondentes (em geral, duas ou três), depois do seu falecimento coube-me a mim seleccionar a cena a eleger.
A partir daí, começava a trabalhar, preparando a cena “de capa”.
Em síntese, era preciso cuidar do enquadramento, da luz e do movimento das personagens: a capa deve contar sem revelar, deve ser legível e imediata, deve interessar e ser suficientemente dinâmica.
Às vezes, falta uma cena significativa e então ela é “construída” com os elementos extraídos da história.
Algumas vezes, para conseguir o melhor, cheguei a seis, sete esboços. É incrível de quantas maneiras se pode contar, em igualdade de situação, uma cena. E cada vez descobrir uma “temperatura” diferente, só deslocando o ponto de vista, a luz ou a disposição das personagens.“
Inclusive as cores da capa, eram da responsabilidade de Claudio Villa: “Eu dava uma “indicação” de cor: fazia uma fotocópia em A4 a preto e branco e passava a colori-la com tintas líquidas, pintando-a como gostaria de vê-la impressa. Depois era o impressor que devia, com os seus instrumentos, aproximar-se daquilo que eu fiz…“
Mas falando desta “capa” (publicada em Dezembro de 2017 na edição nº 428 de Tex Nuova Ristampa) em específico e que certamente no futuro se tornará uma capa brasileira de Tex Edição Histórica, Claudio Villa confidenciou-nos: “A ilustração que elegi para Tex Nuova Ristampa nº 428 foi inspirada numa vinheta original, de José Ortiz, publicada na página nº 73 da edição (italiana) nº 596 da série principal de Tex.
No Brasil ela será reduzida, já que o formato das capas brasileiras têm uma estrutura concepcional numa forma quadrangular e devia ter sempre esse facto em conta e por isso a enquadratura principal dos mini-pósteres devia conter tudo aquilo que se deve ver no Brasil. Somente após é que alongava a ilustração para uma forma rectangular para que pudesse então ser publicado no formato bonelliano. Deste modo a capa no Brasil não saía prejudicada já que o seu alongamento para Itália apenas acrescia para cima, para baixo e para os lados, pormenores irrelevantes já que a enquadratura correcta é a inicial, a quadrada!”
Realce-se ainda que as capas que, de início, eram para ser uma exclusividade de Tex Edição Histórica, ficaram então tão boas que a Sergio Bonelli Editore passou a publicá-las também na Itália, como mini-pósteres encartados em Tex Nuova Ristampa até ao número 455, edição em que a SBE decidiu terminar com esse brinde dado aos coleccionadores dessa “ristampa” durante mais de 24 anos…
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