As Leituras do Pedro: J. Kendall – Aventuras de uma criminóloga #129 – “E tudo acabou em cinzas” e “Os ponteiros do destino”

As Leituras do Pedro*

J. Kendall #129 – Aventuras de uma criminóloga

E tudo acabou em cinzas
Giancarlo Berardi e Lorenzo Calza (argumento)
Valerio Piccioni (desenho)
História originalmente publicadas em Julia #148 (2011)

Os ponteiros do destino
Giancarlo Berardi e Lorenzo Calza (argumento)
Claudio Piccoli (desenho)
História originalmente publicadas em Julia #149 (2011)

Mythos Editora
Brasil, Julho/Agosto de 2017
135 x 180 mm, 262 p., pb, capa mole, bimestral
R$ 23,90 / 8,00 €

Bom vício

(Semi-)escrito no mês passado, este texto só agora chega aos (meus) leitores. Entretanto, saltou uma edição mas adapta-se também à primeira ideia: J. Kendall, a criminóloga Julia, está de regresso às minhas leituras – desculpem a inveja que causo a tantos portugueses – satisfazendo um vício incontornável – que reconheço, mas não tenho intenção de tratar – e nunca serei suficientemente grato aos meus ‘fornecedores’!

A abrir temos E tudo acabou em cinzas, uma história com algum humor negro, que parte do roubo de urnas funerárias, para entroncar apropriadamente – em função da abertura que ficou acima – no tráfico de droga e na luta pelo controlo de territórios.


A ‘pancada’ (!) nesta edição é dada por Os ponteiros do destino, (mais) uma lição de escrita dada por Berardi.

Começa com um assalto a uma estação de correios, com Julia presente. Há tensão no ar, ouvem-se tiros, o sargento Ben Irving cai no chão – não critiquem o aparente spoiler, que a capa da edição já desvendava. E então, entra em cena Berardi. Faz a trama recuar uma dezena de horas, para o início de um dia chuvoso e atribulado, durante o qual vamos acompanhar, a espaços, em momentos (im)precisos, diversos intervenientes. Duas amigas que anseiam pelo paraíso (brasileiro) na terra; uma jovem que procura vingança(s); um pai de fim-de-semana em busca de laços com o filho; Ben Irving e o seu cunhado; Julia e Abebe.


Apontamentos esparsos de vidas (bem) reais, situações quotidianas que todos conseguiríamos nomear, sentimentos – desejos, desilusões, frustrações, sonhos… – à solta numa cidade grande e impessoal.

O destino – que aqui dá pelo nome de Berardi… – irá juntá-los todos, inesperadamente, num ‘grande finale’, tenso, explosivo, violento e trágico mas também animador, esperançoso e confortador. Numa palavra: humano.

Se as saudades de Julia, eram grandes, e a ressaca da falta da sua leitura apertava, a verdade é que esta dose foi curta – é sempre – mas tem de andar racionada. Depois da edição 128 em Outubro último – com uma boa história centrada nas motivações de um sniper, já abri Novembro com o tomo seguinte. Os próximos esperam já por mim, aqui à minha frente, a espreitar por cima do computador onde escrevo. Resta saber até quando serei capaz de esperar por eles…

*Pedro Cleto, Porto, Portugal, 1964; engenheiro químico de formação, leitor, crítico, divulgador (também no Jornal de Notícias), coleccionador (de figuras) de BD por vocação e também autor do blogue As Leituras do Pedro

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

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