(**CUIDADO: este texto contém spoiler. Se você pretende ler essa edição, não leia a crítica**)

Tex Coleção n° 145/146 – A Cidade da Cobiça
| Duelo contra Ruby Scott | Final surpreendente | | Trama vazia | Sensação de que podia ser melhor |
Lançado pela Mythos em Fevereiro de 1999, Tex Coleção 145/146 traz algo que raramente é visto na saga Texiana: Tex ser derrotado num duelo.
Enredo fraco
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Logo nas primeiras páginas o leitor verá que a trama de A Cidade da Cobiça não irá oferecer uma história interessante e envolvente, e sim um enredo raso e pouco atractivo. Esta aventura pode ser resumida em uma só linha: Tex e Carson chegam a Silver Bell e descobrem que o dono da cidade faz o que quer nela, e os pards tentam pôr “ordem na casa”. Só, Mais nada.
São 127 páginas vazias, com apenas uma surpresa e outra no final (falo delas mais para a frente) para não passar a aventura em branco. Um mundo (faroeste) que pode ser tão explorado pelos roteiristas, não pode limitar-se apenas aos rangers tentando restaurar a lei numa cidade. É muito pouco para uma personagem que fez e ainda faz sucesso até hoje justamente por ser rico em histórias.
Para ficar marcado na história
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Ruby Scott. Esse é o nome do único homem que já venceu (embora trapaceando) Tex num duelo. A Cidade da Cobiça só se tornou uma edição histórica por conter um duelo histórico. Não há como negar que este foi o melhor duelo já visto numa aventura de Tex.
Embora G. L. Bonelli tenha “executado” o duelo às pressas, sem fazer muita cerimónia, as poucas páginas do confronto já valeram o dinheiro pago na época que a edição estava nas bancas. A esperteza de Tex em fazer com que Ruby Scott não fique com o sol nas costas (para atrapalhar a sua visão) (astúcia que salva o ranger), as provocações do pistoleiro de aluguer para o xerife Ross, e o desejo de revanche de Águia da Noite fazem com que o leitor, ao fim do 2° duelo entre Tex e Ruby, fique com um gostinho de quero mais.
É raro ver um herói ser surpreendido e/ou derrotado, e este factor faz com que o leitor “esqueça” por alguns segundos que a história é vazia e desinteressante.
Poderia ter sido melhor
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Com o maravilhoso duelo entre Tex e Ruby Scott, fica claro que A Cidade da Cobiça daria uma grande uma história se tivesse um enredo melhor trabalhado. As possibilidades, eram imensas, e a aventura não se resumiria apenas nos Bakers tentando eliminar os rangers.
É compreensível que na época, G. L. Bonelli estava sobrecarregado por ter que escrever sozinho os roteiros de Tex, mas desperdiçar a chance de fazer uma história memorável é lamentável. Aqui, o “papai” de Tex tinha a faca e o queijo na mão, mas não soube aproveitar. Embora, porém, com apenas uma única cena o roteirista faz com que a edição tenha um grande peso na saga texiana.
Final chocante
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O final de A Cidade da Cobiça surpreende (e muito) o leitor por conter um final considerado um pouco “forte”. O desfecho da história pega o leitor de surpresa por ele nunca imaginar que Fred Baker morreria pelas mão da esposa de Ruby Scott e que o seu pai enlouqueceria com a noticia da morte do filho. Tudo isso isso, acontece de forma tão rápida que acaba pegando o leitor desprevenido.
Muitos, pensavam que os Bakers seriam presos ou mortos pelas mãos de Tex ou de Ruby, já que o ultimo tinha uma antiga dívida (não revelada) com o velho Baker. O surpreendente final acaba sendo o trunfo da história por justamente chocar, causar impacto, já que o final de muitas histórias de Tex são bem previsíveis.
Conclusão:
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Julgar A Cidade da Cobiça é uma tarefa difícil. Embora o enredo seja vazio, só pelo duelo entre Tex e Ruby, a aventura já se torna histórica. Se você procura uma boa aventura, talvez A Cidade da Cobiça não seja a melhor opção, mas se você procura é daqueles que procura ver Tex suar para vencer, aqui é um prato cheio.
*Material apresentado no blogue críticas texianas em 23/02/2013;
Copyright: © 2013, Mattheus Araújo