Um brinde a Tex Willer de olho no futuro!

Adriano Rainho

Por Adriano Rainho [1]

* Os 45 anos da publicação sem interrupção de Tex nas bancas e discussão sobre o seu futuro editorial no Brasil.
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Tex é publicado no Brasil, sem interrupções, todos os meses, desde o mês de Fevereiro do ano de 1971, por quatro editoras diferentes: Vecchi, RGE, Globo e Mythos.


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Trata-se de um fenómeno editorial, sem dúvidas, além de ser o meu grande herói dos quadradinhos.

É de carne e osso como nós – ele não tem super poderes – mas sempre está lutando pela justiça em suas aventuras no Velho Oeste Americano!

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O número 1 tem como história O Signo da Serpente e veio com um brinde – um arco e flecha de brinquedo. Nos números 1 ao nº 37 – O Temível Coiote Negro as revistas apresentavam formato italiano, 14cm de largura x 20,5 de altura; a partir do nº 38 o tamanho da revista mudou para 13,5 cm de largura x 17,7 cm de altura.

A colecção principal de Tex – eu costumo chamar de 1ª edição – inicialmente não seguiu a ordem cronológica italiana. A editora Vecchi, primeira a editar Tex, como estratégia de vendas publicou somente histórias completas em cada revista, do nº 1 até o nº 39. Somente a partir do nº 40 começou a publicar histórias continuadas em dois ou três números:

40 – O Bruxo Mouro
41 – O Mistério das pedras Venenosas
42 – A Caverna do Vale dos Gigantes

Desta aventura continuada publicada em três revistas surgiu o único filme de Tex para o cinema no ano de 1985: Tex Willer e Os Senhores do Abismo na Itália, tendo como actor protagonista o famoso Giuliano Gemma interpretando Tex. Lançado no Brasil primeiramente em VHS pela F J Lucas Vídeo.


E depois em DVD pela Classic Line.


Nas revistas nº 78 de Agosto de 1977 com a história Espectros e na nº 160 de Janeiro de 1983 com a história O Vale da Morte, publicadas pela editora Vecchi, vieram encartados de brinde um póster super especial.


A editora Vecchi foi quem publicou Tex até meados do ano de 1983 – desde o nº 1 até o nº 164 – Selva Cruel. Em Outubro de 1983 a editora RGE (Rio Gráfica)  manteve a numeração e lançou Tex-165 – O Rosto do Traidor.


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Publicando Tex até Dezembro de 1986 com o nº 206 – Fuga de Anderville. Em Janeiro de 1987 Tex passa a ser publicado pela editora Globo com o nº 207 – O Hotel dos Fantasmas.


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Permanecendo nesta editora até Dezembro de 1998 com o Tex nº 350 – A Bomba Humana. A nova fase com a editora Mythos se iniciou no nº 351 – O Bando dos Irlandeses de Janeiro de 1999 e segue até os dias de hoje com o nº 562 – Caravana dos Bravos de Agosto de 2016.


A colecção de Tex teve uma segunda edição que se iniciou em Abril de 1977 com o nº 1. Foram ao todo 150 números de Tex que vão dos nºs 1 ao 149. A diferença ocorre porque enquanto Tex-094 da 1ª edição trouxe uma aventura completa com o título Pacto de Sangue, a segunda edição trouxe Tex 094 – Pacto de Sangue e Tex 094A – A Vingança de Águia da Noite, ou seja, a mesma aventura dividida em dois números.


A 2ª edição de Tex foi publicada por três editoras: Vecchi (dos nºs 1 ao 94), Rio Gráfica (dos nºs 94A a 134) e Globo (dos nºs 135 ao 149).


A primeira e autêntica aparição de Tex no Brasil ocorreu na revista Júnior nº 28 (que circulou em 25 de Fevereiro de 1951), quando o ranger recebeu o nome de Texas Kid, editado na época pela Rio Gráfica e Editora. Importante destacar que até o nº 27 a revista Júnior publicava outras personagens.

Tex foi a única personagem publicado na revista Júnior até a edição nº 263 (Julho de 1957) em histórias continuadas. Na ordem cronológica e no mesmo formato “uma tira” (talão de cheque) que era publicado na Itália até o nº 177.


E depois em formato um pouco maior em duas tiras até o nº 263. A partir do nº 264 a revista Júnior passou a publicar histórias completas de outras personagens até o seu final, no nº 277.

Na época da editora Vecchi foi publicada uma edição especial de luxo no formato gigante com capa dura no ano de 1980 com o seguinte título: O Ídolo de Cristal.


Nos início dos anos 80 a editora Vecchi lançou uma nova colecção aproveitando o sucesso que Tex fazia na época com o nome de Histórias do Faroeste. Uma curiosidade foi que esta colecção chegou a ter dois números 22 no mês de Setembro de 1981, um normal e definitivo com a capa com a história Welcome to Springville e depois, com o tempo, ficou-se sabendo que chegou a ser editado antes ¨um outro número 22¨ tendo como capa a primeira aventura de Tex contendo a primeira história publicada na Itália que nunca chegou as bancas naquele mês, – diz a lenda que a editora Bonelli não permitia publicar Tex em uma revista que não fosse somente de Tex e a editora Vecchi foi obrigada a destruir todos os números produzidos, mas o editor da época pegou um punhado destas revistas que conseguiu juntar nas mãos antes e guardou para ele, hoje raríssimas, que estão nas mãos de alguns poucos coleccionadores sortudos – eu sou um deles… rsss.


Outra grande publicação foi o álbum de figurinhas de Tex editado em 1981, que faz parte da colecção livros de ouro da juventude da editora Vecchi – nº 52, sendo uma réplica do mesmo álbum que tinha sido publicado na Itália anteriormente.

A coleção de Tex 1ª edição ou “normal” como outros coleccionadores costumam dizer já comemorou 100, 200, 300, 400, 500 números. Que venha o nº 600!

Nº 300 – Oklahoma publicado pela editora Globo – veio de brinde um adesivo (autocolante) especial.


No nº 400 veio de brinde um livreto com as 400 capas de Tex.

No nº 500 veio de brinde um livreto com as 500 capas de Tex.


Enfim podemos garantir o quanto foi maravilhosa esta trajectória editorial de Tex Brasil até agora, mas a importante discussão actual é:

O futuro de Tex Willer e outras personagens Bonelli no Brasil

Nos dias 30 e 31 de Março e 01 de Abril de 2016 aqui mesmo no conceituado blogue português de Tex coordenado pelo pard José Carlos Francisco, o nosso querido pard Zeca, o editor da Mythos Editora, Dorival Vitor Lopes fez um comunicado importante e em seguida alguns comentários sobre a continuidade das publicações das personagens Bonelli no Brasil:

Primeiramente deixou claro para nós leitores que a crise económica e política pela qual o nosso país está atravessando está afectando directamente nos custos de todas as matérias primas e custos fixos utilizados para edição das revistas até o momento em que são publicadas e distribuídas no país.

Em segundo lugar com o custo de vida cada vez mais alto os leitores estão cada vez mais sem poder aquisitivo para adquirir os vários títulos que a editora publica, sendo que para segurar o aumento de preços existe o risco do cancelamento da publicação de algumas colecções.

E também o aumento dos royalties pagos à Editora Bonelli que são feitos em euros.

Ao final do comunicado, Dorival comunica que no momento existem três opções:

Podemos fazer só revistas de luxo, em tiragens pequenas, para aqueles poucos que têm condições de adquiri-las.

Podemos ficar só com Tex Mensal e mais dois ou três títulos Tex que não dão prejuízo.

Podemos partir para as publicações on demand.

Mas logo em seguida tranquilizou a todos nós pelo menos em curto prazo dizendo que para este ano, pelo menos, nada deverá mudar na nossa grade de publicações – a não ser que haja uma catástrofe no Brasil, o que não acontecerá.

Sendo assim, achei muito importante esta comunicação por parte da editora antes que no futuro o barco possa naufragar, demonstrando uma abertura nas discussões. Até hoje sempre senti que existia uma barreira entre nós leitores para com a editora, mas mesmo com algumas falhas da Mythos Editora no decorrer dos anos, devemos hoje agradecer e muito, por ela manter Tex e as outras personagens Bonelli vivas aqui no Brasil através de muitas colecções diferentes, a meu ver com uma qualidade de edição superior às três editoras que publicaram Tex e outras personagens Bonelli antes dela.

No meu ponto de vista, o mais importante é que estando a par desta situação, podemos juntos, com visões e pontos de vista diferentes, as partes interessadas editora, leitores e coleccionadores Bonelli e de quadradinhos em geral, encontrar e discutir soluções para todos os problemas existentes. Lógico que não existe uma fórmula mágica, mas com várias cabeças pensando e com as mãos na massa, não ficando apenas nas teorias, podemos traçar um caminho com várias estratégias diferenciadas.

Proponho então o seguinte ao Editor Dorival Vitor Lopes: uma reunião na sede da editora Mythos, em uma data e horário marcados previamente e com antecedência, com todos aqueles que realmente queiram contribuir com suas ideias individuais e colectivas. Logicamente quem for participar desta reunião deve confirmar com antecedência a sua participação. Tenho certeza que desta reunião irão surgir novas luzes no final do túnel!

Eu, Adriano Rodrigues Rainho, no meu site www.gibitecabrasil.com.br, ou através do contato por email contato@gibitecabrasil.com.br, peço também que o pard GG Carsan nos seus grupos de discussão criados no Facebook, Jessé Bico de Pena através do Clube Tex e Zagor Brasil, José Carlos Francisco no blogue português de Tex, Portal TexBR, além de outros amantes dos quadradinhos através das suas redes sociais, fazer este chamado para todos aqueles que desejam participar desta reunião e quem não puder comparecer pessoalmente que participe enviando as suas ideias e também as suas contribuições individuais através destes canais de comunicação acima mencionados que iremos colocar tudo em pauta para análise e discussão.

Como apaixonado pelas aventuras de meu Herói Tex Willer e de outras personagens Bonelli e querendo continuar a ler as aventuras destas personagens dos quadradinhos por muitos anos, tenho o dever de arregaçar as mangas e conto com todos que queiram colaborar para que esta ou outra proposta vinda de outra pessoa siga em frente.

Aguardo a resposta deste chamado primeiramente do Editor Dorival Vitor Lopes confirmando se aceita criar e agendar esta reunião e em caso afirmativo da sua parte, espero o contacto de todos aqueles que queiram participar para iniciar a divulgação em todos os meios de comunicação possíveis.

Viva Tex Willer, seus pards e todas as personagens Bonelli. Tenho certeza que Gian Luigi Bonelli e Sergio Bonelli estarão lá no céu nos dando aquela força para que mais 45 anos no mínimo as personagens Bonelli continuem a ser publicadas aqui no Brasil, a segunda casa de Tex no mundo, depois somente da Itália, onde ele é considerado um mito!!!!

Prezo a amizade, a honestidade e o senso de justiça entre as pessoas!!!
Aprendi com meu herói dos quadrinhos Tex Willer!

(Adriano Rainho)

[1] (Texto publicado originalmente no Site “Colecionadores de HQs“, em 1 de Setembro de 2016)

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

3 Comentários

  1. O MAIOR colecionador de Tex no BRasil (Adriano Rainho) -anotado-registrado-carimbado no Guinness Book.
    Só mesmo ELE pra ”levantar-esta-bandeira”.

    Ideias-e-boas novidades virão…
    Se depender de mim e milhões de leitores/colecionadores de Tex pelo BRasil, por POrtugal e pelo mundo!

    TEX AVANTE!

  2. Os super-heróis da Marvel e DC no Brasil por décadas foram publicados em formatinho, quando a Panini assumiu colocou todas as revistas no formato americano. Tex para sobreviver terá que mudar seu formato, para o italiano.

  3. O excesso de publicações desnorteou a maioria dos leitores e colecionadores, o personagem muito explorado, republicações diversas, e nenhuma coleção organizada, similar à italiana. Se começar a republicar o Tex seguindo a ordem da edição italiana, desde o número 1, seria ideal, contudo, seria mais uma das dezenas de repetecos. O pior das editoras brasileiras desde os anos 40 são o excesso de publicações, o colecionador acaba se irritando porque não consegue comprar tudo. Ser dono de editora não deixa ninguém rico, os editores precisam se adaptar de acordo com suas limitações e diminuir as publicações.
    A Mythos nos brindou com grandes edições como as edições em cores que logo se acabaram, o ideal seria o Tex,o Tex Coleção e as edições anuais inéditas, se bem que por mim eu compro tudo o que é lançado no Brasil e agradeço o editor por tudo que foi lançado.

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