Tex, um argumento do advogado Carlo Monni para o Ranger

* Carlo Monni, advogado e entusiasta da banda desenhada, é o autor do argumento da história de Tex publicada este mês na série principal: recupera a primeira namorada de Kit Willer após 40 anos

A capa do novo Tex publicado neste mês de Junho e que traz um argumento escrito pelo aretino Carlo Monni

Por Alberto Pierini (La Nazione Arezzo – 5 de Junho de 2021)[1]

Bife e batatas fritas para todos“: Tex irrompia pelos saloons aos gritos, de revólver em punho, com o ar de quem remexia nos bolsos e oferecia a todos os presentes. Eterno quarentão, com o chapéu tipo Stetson enfiado até aos olhos, lenço em volta do pescoço e a estrela de Ranger em evidência. O Ranger número 3, a primar sempre pela excelência: imutável ao longo do tempo, à parte alguns poucos retoques, desde os anos ’40 até aos nossos dias. E a partir de agora com uma assinatura aretina de surpresa. Do lápis triunfante de Fabio Civitelli, mestre no delinear o rosto e as histórias, à caneta do autor Carlo Monni.

Tex #728 publicado neste mês de Junho traz uma história cujo argumento é da autoria do fã e coleccionador Carlo Monni

63 anos, advogado de profissão, com uma paixão entusiasta e arrebatadora pela epopeia americana e pela banda desenhada. Quem frequenta os stands dos coleccionadores, nas mais diversas feiras, encontra-o ali, deliciando-se seja com uma revista a cores dos nossos dias ou com um velho e raro álbum. Desta vez salta a barricada e torna-se um dos autores da série publicada pela Sergio Bonelli Editore, editora que dobrou a mudança de século e está na sua terceira geração. “Levei um amigo a Milão, ele queria conhecer Alfredo Castelli: estava lá Mauro Boselli, supervisor das histórias. Ele tinha uma ideia que esperava há anos pelo momento oportuno“. Uma semana depois estava em cima da mesa do editor assinada pelo Monni. O primeiro cidadão de Arezzo a assinar um argumento de uma história de Tex.

Parte inicial do argumento de Carlo Monni para a história “Una colt per Manuela Montoya”

E agora é publicada em duas partes, nas edições de Junho e Julho. Título? “Una colt per Manuela Montoya“. Ela, a primeira namorada do ainda muito jovem Kit Willer, o filho de Tex. Um amor que floresceu em 1978 e ali ficou, inexplorado: a filha de um rico proprietário mexicano, Kit salva-a como é hábito da família Willer, a “paixão” é comum. Mas o pai de Manuela impossibilita tudo: talvez porque o potencial namorado tinha sangue indígena, sendo filho de Lilyth, a única mulher que Tex já amou. O que será de Manuela? Bocas fechadas, inclusive a do autor. “Eu escrevi o argumento, que foi depois roteirizado por Mauro Boselli: o desenhador esteve a trabalhar na história por mais de um ano“.

Fabio Civitelli, Rossano Rossi e muitos fãs e coleccionadores de Tex homenageiam o novo autor Carlo Monni, aquando do lançamento de Tex #728

Para uma história de banda desenhada a fase decisiva. A capa está feita, o rosto feminino ao alto, as camisas amarelas de Kit e do pai na primeira fila. “A desenhá-la esteve Claudio Villa. Já a desenhar a história esteve Mauro Laurenti, de Narni“.

Página de “Una colt per Manuela Montoya” – Argumento de Carlo Monni, roteiro de Mauro Boselli e desenhos de Mauro Laurenti

Uma forma como outra de unir as duas terras do autor: nascido em Perugia mas a viver em Arezzo desde os 10 anos. Os anos no liceu, na mochila mais banda desenhada do que livros escolares, a carreira jurídica começou em 1988. À sua maneira, uma espécie de Wikipédia humana, é difícil encontrá-lo despreparado sobre os presidentes americanos ou sobre os acontecimentos do país da bandeira com  estrelas e listras: menos ainda sobre a banda desenhada. “É uma emoção que liga a pessoa que sou hoje a quando eu era criança“. Algo comum a todos os leitores de Tex. Mas qual é o segredo que faz manter a popularidade de um século para o outro?

Carlo Monni, na companhia de Fabio Civitelli, autografa edições de Tex #728 para os seus fãs

Creio que nos leitores prevaleça o fascínio por algo que não muda com o tempo. E a identificação com aqueles que defendem os fracos de qualquer raça, sem medo e sem atentar para o politicamente correcto“. Uma mira implacável com o Colt 45, um cavaleiro crescido com os costumes dos índios Navajo. A tribo de Lilyth, a única mulher da sua vida. Manuela poderia tê-la sido para o filho: e quem sabe se o Carlo Monni não lhe dê uma segunda oportunidade.

[1] Material apresentado no site La Nazione de Arezzo, em 05/06/2021; Tradução e adaptação: José Carlos Francisco.
Copyright: © 2021, Alberto Pierini & La Nazione de Arezzo

(Para aproveitar a extensão completa das imagens, clique nas mesmas)

Um comentário

Responder a Edison Bertoncello Cancelar resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *