Tex Série Normal (Itália): Sul sentiero dei ricordi

Sul sentiero dei ricordiTex 575 – “Sul sentiero dei ricordi”, de Setembro de 2008.
Argumento de Claudio Nizzi, desenhos de Fabio Civitelli, cores de GFB Comics e capa de Claudio Villa. História inédita no Brasil e Portugal.

Acontecimento marcante do ano é no mínimo como podemos classificar a publicação desta aventura a cores desenhada pelo traço elegantíssimo de Civitelli com argumento de Nizzi, que assim regressa à série normal da série. Marcante porque foi uma das formas que a Sergio Bonelli Editore encontrou para homenagear Tex que comemora este ano sessenta anos de plena e pujante actividade, mas marcante também pelo ambiente e pela envolvência escolhida para a aventura.

De regresso à reserva Navajo, os quatro pards encontram-se a passar uma noite como qualquer outra nas ruínas da missão San Joaquin. No meio de pedras e de sinais de um passado com história, o local recorda a Tex o período mais feliz da sua vida, quando estava ao lado da sua amada Lilyth. Os antigos muros desta missão são reveladores de uma aventura distante e terrível quando resistiu com Lilyth contra as investidas do orgulhoso apache Cuervo Malo. Sentado diante do fogo de uma fogueira, Tex conta esta aventura aos seus pards, revelando ao seu filho Kit mais uma faceta da sua mãe que nunca conheceu como gostaria.

Tex e LilythComo escreveu Júlio Schneider “a aventura especial comemorativa dos 60 anos de publicação de Tex é uma agradável união de história sentimental com faroeste puro”, onde nós podemos adicionar o facto de, mais uma vez, no que vem sendo uma das características mais recentes dos roteiros, os autores irem buscar ao passado do herói alguma da inspiração que por vezes falta nos acontecimentos da sua actualidade, sendo que a história é ainda uma viagem do herói pelo caminho das suas recordações mais dolorosas, a sua vida sentimental com Lillyth, mãe de Kit Willer.

Arte de Fabio CivitelliEm função dos últimos argumentos de Nizzi seria legítimo duvidar do resultado final desta aventura e, bem vistas as coisas, a verdade é que a trama é simples, linear e pouco apaixonante (o tema da rebeldia do jovem apache perante a chefia da tribo acaba por servir de pano de fundo ao protagonismo entre Tex e Lilyth), mas consegue captar a nossa atenção por dois factores: o facto do herói estar na companhia da sua amada, o que, em sessenta anos de aventuras, é de realçar pelo pouca frequência com que aconteceu, e pelo desenho de Civitelli, autor de algumas páginas muito belas, cujo resultado final surge aqui engrandecido pela magia da cor, que vem conferir um cariz de evento especial merecedor de ser celebrado e enriquecedor na importância da série no panorama actual da banda desenhada.

Tex em acçãoOu seja, reunidas estas características, talvez esta aventura não seja julgada tão negativamente pelos mais acérrimos críticos de Nizzi, levando-nos a acreditar que até possam de algum modo esquecer por momentos os seus clamores. A bem ver, trata-se de uma aventura que nos revela um Tex terno e carinhoso com Lilyth, mas ao mesmo tempo duro e implacável com os seus inimigos.

Arte de Fabio CivitelliUma bela iniciativa, ainda mais enriquecida com a oferta da obra de G. L. Bonelli “Il Massacro di Goldena” uma aventura escrita em 1951superiormente ilustrada originalmente por Aurelio Galleppini e que inspirou a aventura de Tex “Território Apache”, se bem que desta vez as ilustrações são de Aldo Di Gennaro.

Texto de Mário João Marques

3 Comentários

  1. Estou torcendo que essa edição comemorativa dos 60 anos de Tex seja realmente fantástica. O ranger merece uma estória que feche com chave de ouro o seu aniversário.

  2. Visitei as ruínas da Missão De São Miguel Arcanjo em São Miguel Das Missões e recordei-me desta história. Ótimos desenhos e excelente roteiro.

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