Tex Série Normal (Itália): Missouri!

Tex 583 – “Missouri!“, de Maio de 2009 e Tex 584 – “I due guerriglieri“, de Junho de 2009. Argumento de Mauro Boselli, desenhos de Corrado Mastantuono e capas de Claudio Villa. História inédita no Brasil e Portugal.

Glendale, uma cidade no Missouri, é assaltada por um bando que assassina a sangue-frio o presidente municipal local, fere o xerife e coloca em alvoroço toda a população. O chefe do bando é no entanto reconhecido por Stacy Robbins, um comerciante local que acaba por enviar um telegrama a Tex na reserva Navajo dando conta dos acontecimentos. Na verdade, o bando é chefiado por Jude West, um antigo capitão nortista que, durante a Guerra Civil, chefiou uma companhia onde Stacy Robbins também estava colocado. Durante a viagem até Glendale, Tex narra aos seus pards os acontecimentos ocorridos durante a Guerra Civil, quando na companhia de Damned Dick (Dick Furacão) andaram em missão secreta para vigiarem os actos dos soldados da Companhia J do Sétimo Kansas, chefiada por Jude West.

Mais um episódio do passado de Tex, desta vez centrado durante a Guerra Civil, tal como GL Bonelli havia explorado superiormente em “Entre Duas Bandeiras”. Na verdade, ao longo da aventura são algumas as semelhanças com a aventura bonelliana, quer pelas personagens principais, quer pelo teatro dos acontecimentos, também porque Boselli acaba por nos relatar acontecimentos verídicos e concretos de um conflito que dividiu um país, mas ao centrar a sua aventura numa realidade muito particular do conflito, acaba no entanto por explorar, de modo mais consistente e pertinente a substância de uma guerra civil, onde traduzir a realidade não é simples e onde a distinção entre amigos e inimigos se afigura difícil.

Ao penetrarem no seio de um grupo de soldados nortistas, Tex e Dick acabam por valorizar estas dificuldades e estas contradições, acabando por perceber que se a justiça está de um determinado lado, quem a serve pode pautar-se por valores bem diferentes que a conduzam ao caminho contrário. Aqui não estamos em presença de ideologias diferentes, estamos sim no terreno das diferenças históricas e culturais, nas diferenças de raízes e de práticas. A Companhia chefiada por Jude West surge assim como terreno de eleição para Boselli explanar a sua habitual galeria de personagens, onde pululam os seguidores do chefe, mas onde também se encontram os arautos da honra e da justiça. Numa estrutura narrativa similar a outra aventura boselliana, “O Passado de Kit Carson”, o autor consegue relatar um passado que serve de modo eficaz para explicação do que vai surgir, espelhando nesse passado factos e ocorrências na proporção correcta das rivalidades que vão marcar os acontecimentos do presente.

Primeira aventura do romano Corrado Mastantuono para a série normal de Tex, depois de um trabalho de grande qualidade em “O Profeta Indígena”. Mastantuono é um desenhador versátil e de grande talento, com um traço fino, seguro, detalhado e sempre muito dinâmico. Já o havíamos notado, a sua composição dos quatro pards é bem conseguida, havendo no entanto alguma dificuldade em identificar um modelo específico que possa ter servido ao autor para compor Tex. Sem descurar o estudo dos vários modelos e das composições já feitas para o ranger, cremos que o Tex de Mastantuono surge como uma composição muito própria do autor, constituindo assim, depois de Villa, o primeiro a optar por este caminho. Um Tex de olhar penetrante, muitas vezes granítico, que o autor vai dominando cada vez melhor ao longo das páginas de uma aventura que vem atestar ser Mastantuono um dos valores firmes no panorama gráfico da série, tendo apenas que melhorar na composição dos cavalos.

Boselli assina uma magnífica aventura feita de muita acção, acontecimentos marcantes e cenas que nos ficam retidas, como todo o início e o final da aventura, mas com muito condimento pelo meio.

Texto de Mário João Marques

4 Comentários

  1. Esta aventura é a segunda desenhada pelo Mastantuono para Tex (primeira para a série normal), e provavelmente sairá aqui no Brasil em março/abril de 2010. Não sou grande admirador do estilo de Mastantuono, mas em geral os roteiros de Boselli são excepcionais, sem contar que as capas de Villa estão de deixar qualquer um de boca aberta.
    Por isso, não vou dexar de adquirir as duas edições.

    Grande abraço.

  2. Só pela Critíca já se pode ver que se trata de uma grande história. Eu sempre admirei histórias com esta exploração do passado, como não li Entre duas bandeiras, eu sempre fico na curiosidade de saber como Tex se comportou na guerra civil, que sempre é citada nas aventuras do Ranger. As duas capas estão excelentes, só achei que a segunda é muito, digamos “neutra”, e pode ser aplicada a N capas de Tex a primeira é mais peculiar. Na minha opinião, Mastantuono é desses novos desenhistas o melhor talvez, embora seu desenho não seja tao detalhista como Rossi, Spada ou Del Vecchio.

  3. Aquela capa da edição “Missouri” ficou um esplendor, hein? Na minha opinião é uma das melhores capas de Tex já feitas por Claudio Villa.
    Tenho certeza que quando sair aqui no Brasil os leitores vão adorar a sua beleza.

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