TEX SEM FRONTEIRAS: A Cultura em Tex

Por G. G. Carsan*.
O leitor de Tex convive com uma rica gama de informações capaz de servir de referência em diversas profissões como geógrafo, jurista, polícia, desenhador, escritor, artista plástico, sociólogo, historiador, psicólogo, administrador, entre outras.

Além de nos mostrar os costumes de brancos, negros e índios, de tratar diversos episódios da história americana, de possibilitar um aprendizado de geografia, serve inconteste para formar cidadãos íntegros, éticos, solidários, responsáveis e inteligentes, pois a honestidade e a justiça são pontos chaves da formação e mensagem da personagem.

Na verdade, quando um aluno lê um livro, não fixa muita coisa se o assunto não lhe for bastante interessante e familiar. Com a revista em quadradinhos, bastante difundida actualmente nas escolas, o mesmo aluno absorve muito mais, pois ele passa a considerar o estudo como uma forma de lazer e a soma dos textos e desenhos possibilita uma fixação muito mais acentuada. Não é por menos que já tivemos a própria Bíblia Sagrada em quadradinhos e actualmente as escolas brasileiras encomendam histórias do folclore em quadradinhos para figurar como material didáctico.

Já foi dito e sabemos como é difícil definir com certeza o que faz de Tex um sucesso permanente, mas a verdade é que para o coleccionador há uma fome de Tex. Essa fome é a necessidade de cultura, de aprendizado, de adrenalina, cuja dose mensal é capaz de arrefecer, acalmar, controlar e abastecer, mas nunca é capaz de saciar, de esgotar.

Dizer que Tex é do bem, é justiceiro, é amigo, actualmente, é entender apenas superficialmente tudo que nos é passado. Com Tex aprendemos o que é o mal e suas facetas, mas aprendemos também como lutar para combatê-lo, e perdemos a inocência diante de situações que não imaginamos existir.

O texiano pode se gabar de ser um leitor diferenciado dos demais por coleccionar uma revista bem instrutiva e educadora, que traz no seu contexto aventuras e conhecimentos da grade curricular, que vão sendo aprendidos de forma indirecta.

A cultura indígena com seus mitos, suas belezas, seu sofrimento, sua ferocidade; a geografia da América do Norte; as cidades, os conflitos e as personagens, as armas e estratégias, os códigos e a luta dos americanos na colonização e extermínio de raças nos são repassados constantemente, servindo também para formamos os nossos conceitos e sabermos aplicar em nossas decisões, entendimentos e análises diárias na condução das nossas vidas.

Estamos sempre influindo em nosso meio e muitas vezes aplicamos conceitos aprendidos e lapidados através da nossa convivência com o Tex, ainda que isto não esteja muito claro para nós e para quem nos rodeia.

Recentemente tivemos a aventura Patagónia no Tex Gigante, uma aventura na Argentina, que trouxe uma história real muito bonita e importante, ocorrida perto do Brasil e que não conhecíamos.

Em Tex ficamos a conhecer a famosa prisão de Alcatraz; vimos como era a pesca da baleia com arpões; penetramos na guerra da Secessão; entendemos a anexação de parte do território americano subtraído do México; acompanhamos como foi loteado e ocupado o Oklahoma; passeamos por São Francisco e seus problemas; imaginamos o Exército, um Forte, um pelotão de cavalaria; adentramos um saloon, conhecemos os teatros, os rios, delegacias e desfiladeiros.

Propositadamente, deixei para falar do Ahmed Jaml, aliás, El Morisco por último, porque este representa e sintetiza o ícone cultura e ciência em meio a tiroteios, crenças, magias e mistérios. Morisco representa um labirinto recheado de emoções para a saga texiana. Através dele é possível a inserção de temas egípcios e mexicanos, astecas, magia e mistérios que ponteiam as mentes dos povos americanos.

É com Morisco que são introduzidos os termos ‘caduceu’, Deus Toh, ‘Osiris’, e parte da mitologia egípcia, reforçando e trazendo-nos conhecimentos; termos como Montezuma, Xiuztecutli, Tzecaplipoca, Serpente Emplumada e diversos aspectos da cultura asteca e maia, que nos colocam através dos desenhos e da proximidade com o nosso Tex, a sentirmo-nos parte integrante de um tempo longínquo.

E fechando o assunto, por enquanto, tecer um elogio por demais especial aos desenhadores que nos espelham e materializam visualmente estas maravilhosas aventuras recheadas de conhecimento, cultura e lazer. A forma como é interpretada uma mensagem escrita e transformada em desenho é muito importante. Em Tex navegamos por túneis e galerias de antigos templos, temos contactos com antigas civilizações perdidas no tempo, com direito a conhecer suas mais elementares práticas e rotinas.

Portanto, reforçar que BD é cultura, mas acima de tudo que Tex é muita Cultura.

* G.G.Carsan, 45 anos, paraibano, fã, coleccionador e divulgador, começou aos 7 anos a ler Tex e nunca mais parou. Realizou 5 exposições em João Pessoa, escreveu várias aventuras para Tex (algumas publicadas na Internet) e um livro sobre a personagem no Brasil.

Escreve para o Portal TexBr e participa de chats e comunidades no Orkut. Fez matérias especiais para o HQ Maniacs e Universo HQ nas comemorações de 60 anos. Mantém a biblioteca aberta para visitantes.

5 Comentários

  1. DO NOSSO TEX WILLER
    TAMBÉM SOU UM GRANDE FÃ
    MAS NO BRASIL NINGUÉM GANHA
    DO PARD G.G. CARSAN.

    Meu caro, não o conheço (ainda) pessoalmente, mas admiro sua dedicação ao nosso Tex. Parabéns pelo texto.
    Grande abraço,

    Rouxinol do Rinaré (cordelista do Ceará).

  2. GG Carsan é o Tex Brasileiro, o atual “mocinho” do Brasil.
    Sabemos de grandes colecionadores brasileiros, mas nenhum deles encarna o personagem como GG Carsan.

  3. Parabens amigo,
    Você é um colecionador perfeito, muito querido entre todos os grandes fãs do Tex, um digno representante do mocinho mais querido do oeste.
    Guardo seu livro como sendo grande raridade.

  4. Parabéns Pard,
    Belo texto, espero um dia conhece-lo pessoalmente e claro consultar sua bibliotex, abraços e sucesso.

  5. Olá pards Rinaré, Amora, Matias e AAMoreira,
    Sou-lhes muito grato pelas elogiosas palavras e isso pra mim tem dois significados bem distintos: primeiro que estou conseguindo fazer minha lição bem direitinho; segundo que vocês estão gastando muito (adjetivos)… kkk.
    Espero conhece-los em breve (conheço só o Amora e breve estaremos diante de uma fogueira fumando o cachimbo da paz e tomando todas as geladas que surgirem, aqui em Jampa).
    O Rinaré está mais fácil, pois tenho um convite para ir a Fortaleza lançar o livro, brevemente e assim agradecerei este verso estando frente a frente. Já o Matias, perdemos a chance, pois estive em Sampa no Fest Comix, e também já estive na sua Barretos, em 2000, mas tudo tem a sua hora e Só As Montanhas Não Se Encontram.
    AAMoreira, aqui é uma aldeia texiana, tem sempre uma cabana vazia para se ler um Tex na santa paz.
    Abraço a todos e continuemos levando cultura para os que mais necessitam.
    G.G.Carsan

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