Resgatando o passado: Mythos Editora, o Templo das Publicações Tex no Brasil (2001)

Por José Carlos Francisco (Dezembro de 2001)

Como coleccionador que sou e ávido por novas descobertas, ao visitar o Brasil em Dezembro de 2001 tive o prazer de conhecer a Editora Mythos em São Paulo. Entretanto, para esse prazer ser completo, eu julgava que deveria repartir o que vi e descobri com outros texianos, que, como eu, têm o desejo de conhecer o templo das publicações de Tex no Brasil. E é uma visita simplesmente espectacular, porque visitar a Mythos é como fazer uma visita na aldeia central dos Navajos…

A Mythos Editora é uma editora relativamente nova que, pelas evidências apresentadas em poucos anos de vida (foi criada em 1996), dá claros sinais de que nasceu fadada ao sucesso.
Vocacionada aos quadradinhos, a Mythos é considerada pelos especialistas como a Editora do Século XXI. Com menos de um ano de publicação de Tex no Brasil, a Mythos elevou a revista à condição de “a melhor publicação internacional de Tex fora da Itália“, e olha que são muitos os países que publicam Tex.

E com poucos anos de vida, consegue realizar uma façanha inimaginável para uma Editora tão nova: fechou uma parceria com a Panini Comics para publicar os títulos da Marvel, a Casa das Ideias, no Brasil, destronando a tradicional Editora Abril. Mas não é só, os quadradinhos publicados pela Mythos nos inspiram e nos desafiam a sermos cada vez mais justos, humanos e bem aventurados, como os nossos principais heróis – Tex, Zagor e Ken Parker, ou seja, melhorar a qualidade das nossas vidas mediante a leitura, porque ler quadradinhos é também uma forma de cultura.

Situada na Rua Andrade Fernandes, rua sem o bulício das grandes cidades e bastante arborizada, no número 283 em pleno Alto de Pinheiros, na grande metrópole chamada São Paulo. Quem se deslocar naquela artéria, nem suspeita que por detrás daqueles muros e dos seus portões encontra-se o Templo de Publicações das Revistas do Tex no Brasil e isto porque nenhuma publicidade exterior se encontra exposta.

Entrando pelos portões, deparamo-nos com um enorme átrio a envolver a casa e por detrás da casa principal encontramos os anexos da editora. Aliás, é importante frisar que o local onde se encontra a Mythos Editora foi construído inicialmente para ser uma luxuosa casa de habitação. Adentrando na Editora, primeiramente chegamos na sala da recepção, uma sala grandiosa e agradável, com revistas espalhados por todos os lados. Aí nessa sala, que é separada por um biombo, além da jovem e bela Michelle, também encontramos a responsável pelas assinaturas das revistas e pelo departamento de números atrasados, a simpática funcionária Antônia Coelho.

Virando à direita, entramos em um corredor  que nos conduz efectivamente para dentro do cérebro da editora. Ao final do corredor, no lado esquerdo, está o gabinete do director Helcio de Carvalho e, no lado direito, o gabinete do famoso editor das bermudas, Dorival Vítor Lopes, editor de Tex no Brasil, pessoa extremamente perspicaz e conhecedora do mundo dos quadradinhos… e que passa muita segurança e conhecimento a todos que o contactem. Logo na sua porta, a anunciar que Tex voltou, temos um grandioso póster de Tex, anunciando que mudou de casa, morando agora na Mythos Editora, póster esse baseado na primeira capa de Tex produzido pela Mythos, a capa de TEX-351.

Na sala de Dorival pudemos encontrar ainda, além de sua secretária sempre cheia de trabalho e com toda a programação das revistas para o ano de 2002, a sua indispensável ferramenta de trabalho: o computador. Atrás da escrivaninha do editor de Tex, temos duas estantes com o material proveniente da Sergio Bonelli Editore, assim como a obra produzida pela Mythos, com um exemplar de cada número de tudo aquilo que foi publicado pela editora, guardados com muito carinho e amor. Notamos que ali está a jóia da coroa de Dorival Vítor Lopes, ou seja, ali estão reunidos todos os volumes que atestam o conjunto da história editorial da nova editora. Nas paredes da sala do editor, encontramos também vários pósters de vários personagens de banda desenhada.

A nossa visita prossegue agora aos fundos da casa, ou seja, nos anexos da editora. Aí encontramos, no andar térreo, o estúdio de produção das revistas Marvel, cujo editor é Fernando Lopes, onde pudemos ver e manusear centenas de revistas Marvel oriundas do estrangeiro para serem trabalhadas e publicadas pela editora. Ao lado desse estúdio, temos o que consideramos um local paradisíaco, simplesmente maravilhoso, onde qualquer coleccionador texiano passaria horas sem se dar conta, o depósito onde a Mythos guarda todos as revistas editadas que sobraram das vendas. Como curiosidade, sublinhamos que de tudo o que a Mythos já produziu de Tex, neste depósito falta somente o Tex Gigante nº 1 – O Homem de Atlanta, edição esta completamente esgotada. Destacamos também que este local foi baptizado por Júlio Schneider, o coleccionador nº1 de Tex do Brasil, como a “batcaverna” da Mythos.

Como não poderia deixar de ser, este depósito tem milhares de revistas em suas estantes, extremamente bem organizadas, como podemos ver pela foto que ilustra esta matéria. É daqui da “batcaverna” que saem os exemplares que abastecem os coleccionadores que diariamente se manifestam pedindo números antigos ainda em falta nas suas colecções. Prosseguindo a nossa visita, subimos uma escadaria e eis que ela nos conduz ao primeiro andar, onde encontramos (agora sim, rufem os tambores!) o verdadeiro coração da Editora: o lugar onde é feita toda a editoração electrónica das revistas.

Uma sala magnífica onde tudo é produzido e trabalhado por técnicos especialistas em ultra-modernos computadores, rápidos e velozes, que preparam o material das edições, elaboram artes e mesmo legendagem computadorizada, artes que depois seguirão para a fotolitagem e depois para a impressão na gráfica, mas daí, bom!, calma, gente!, isso já é outra história…

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

2 Comentários

  1. Pelas barbas de Matusalém, Zeca. Que grande ideia resgatar essa fantástica matéria 16 anos depois. Deu saudade e orgulho por tudo o que fizemos nesse período todo. Muito obrigado.

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