O nascimento (na Itália) de uma futura capa (brasileira) de Tex

Por José Carlos Francisco

Quando muitos de nós vemos uma capa de Tex Edição Histórica nas bancas de todo o Brasil ou até mesmo nos quiosques portugueses, não imaginamos por vezes o quão difícil e quantas horas de trabalho foram necessárias até se chegar ao resultado final…

Antes do falecimento de Sergio Bonelli tudo começava com um esboço da imagem pretendida, determinado pelo próprio editor, já que ao contrário do que muitos pensavam, o desenhador não tinha liberdade para fazer a capa que bem entendesse para a história, até porque na grande maioria das vezes, Claudio Villa não ia reler a história antiga.

Vinheta de Giovanni Ticci que serviu de base para o mini-póster de TNR 330

Esboço inicial de Claudio Villa inspirado na vinheta de Giovanni Ticci

Por motivos vários, desde vetos do editor que não as considerava apropriadas ou por decisão do próprio desenhador que não ficava agradado com o seu trabalho, algumas capas chega(va)m a ter várias versões conforme já mostramos por diversas vezes aqui mesmo no blogue do Tex, mas damos a Claudio Villa a palavra para nos explicar o processo de criação ACTUAL de uma capa brasileira de Tex Edição Histórica:

“Se no passado tudo nascia na editora, onde Sergio Bonelli examinava pessoalmente a história em questão para procurar uma cena “de capa” entre as vinhetas desenhadas e depois elaborava um esboço veloz que me era enviado por fax, junto às cópias das páginas correspondentes (em geral, duas ou três), hoje em dia cabe-me a mim seleccionar a cena a eleger.

A partir daí, começo a trabalhar, preparando a cena “de capa”.
Em síntese, é preciso cuidar do enquadramento, da luz e do movimento das personagens: a capa deve contar sem revelar, deve ser legível e imediata, deve interessar e ser suficientemente dinâmica.
Às vezes, falta uma cena significativa e então ela é “construída” com os elementos extraídos da história.
Algumas vezes, para conseguir o melhor, cheguei a seis, sete esboços. É incrível de quantas maneiras se pode contar, em igualdade de situação, uma cena. E cada vez descobrir uma “temperatura” diferente, só deslocando o ponto de vista, a luz ou a disposição das personagens.“

Ilustração a tinta da china do mini-póster de TNR 330

Inclusive as cores da capa, são da responsabilidade de Claudio Villa:

“Eu dou uma “indicação” de cor: faço uma fotocópia em A4 a preto e branco e passo a colori-la com tintas líquidas, pintando-a como gostaria de vê-la impressa. Depois é o impressor que deve, com os seus instrumentos, aproximar-se daquilo que fiz…“

Ilustração pintada manualmente, por Claudio Villa, do mini-póster de TNR 330

Mas falando desta “capa” (publicada a 29 de Junho de 2013 na edição nº 330 de Tex Nuova Ristampa) em específico  e que certamente no futuro se tornará uma capa brasileira de Tex Edição Histórica, Claudio Villa confidencia-nos: A ilustração que elegi para a mais recente edição de Tex Nuova Ristampa foi inspirada numa vinheta original, de Giovanni Ticci, publicada na página nº 94 da edição (italiana) nº 500 da série principal de Tex.

No Brasil ela será reduzida, já que o formato das capas brasileiras têm uma estrutura concepcional numa forma quadrangular e devo ter esse facto em conta e por isso a enquadratura principal dos mini-pósteres deve conter tudo aquilo que se deve ver no Brasil. Somente após é que alongo a ilustração para uma forma rectangular para que possa então ser publicado no formato bonelliano. Deste modo a capa no Brasil não sairá prejudicada já que o seu alongamento para Itália apenas acresce para cima, para baixo e para os lados pormenores irrelevantes já que a enquadratura correcta é a inicial, a quadrada!

Póster Tex Nuova Ristampa 330

Realce-se ainda que as capas que, de início, eram para ser uma exclusividade de Tex Edição Histórica, ficaram então tão boas que a Sergio Bonelli Editore passou a publicá-las também na Itália, como mini-pósteres encartados em Tex Nuova Ristampa.

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

2 Comentários

  1. Magistral, é de encher os olhos.

    Parabéns ao Villa pelo dom, parabéns ao Zecão pelo Blogue!

    Abraços,

    Sílvio introvabili

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