O FIM??

Por Sérgio Madeira Sousa[1]

Colecção de Sérgio Sousa - Foto 1Meados de 2007, tinha redescoberto a minha paixão pela BD que ficara adormecida devido à ausência das revistas nas bancas portuguesas. Essa descoberta surgiu por curiosidade, ao pesquisar na net, fiquei a conhecer o blogue do Tex e o Portal Tex Brasil, dois sites muito bem elaborados e carregados de informação, que aguçaram a minha necessidade de completar as diversas colecções.Com muitas lacunas, entre as quais ressaltava cerca de 80 números entre os primeiros cem de Tex 1ª edição. Comecei então a procurar em todas as livrarias e alfarrábios, por todos os locais onde passava, no sentido de conseguir os atrasados. Em paralelo, procurava nas papelarias os números que estavam a ser distribuídos mensalmente. Apesar de possuir a listagem dos pontos de venda onde eram distribuídas as revistas, os resultados eram insatisfatórios, uma vez que a distribuição era péssima e todos os meses via aumentar as minhas faltas.
Perante este cenário, em que todos os meses perdia tempo e dinheiro nas deslocações aos diversos pontos de venda e sem conseguir os objectivos, o que fazer? Esperar que a distribuição melhorasse? E mesmo que acontecesse, como conseguir os atrasados?

Colecção de Sérgio Sousa - Foto 2Na minha procura para conseguir os atrasados, adquiri um grande lote de várias colecções de Tex. Fiquei na altura com cerca de 150 exemplares repetidos e uma óptima oportunidade para testar a ideia que tinha em mente: Importar as revistas Bonelli que não encontrava em Portugal. Com a ajuda do José Carlos Francisco, que passou a mensagem aos seus contactos sobre as revistas que tinha disponíveis, a venda foi um enorme sucesso e em poucos dias vendi todos os exemplares. Este foi estudo de mercado que me mostrou a viabilidade do projecto.

Trading PostO Trading Post surgiu assim, como o meio de completar as minhas colecções. Graças ao teste efectuado e à enorme lista de faltas fornecidas pelos coleccionadores, a probabilidade de sucesso era enorme. Foi assim que em 15 de Dezembro de 2007 o blogue do Tex apresentou o “Trading Post” Nº 0. Este folhetim serviu apenas de exemplo, uma vez que as revistas que apresentava não se encontravam à venda. O primeiro número saiu no mês seguinte como anunciado no Nº 0. Apesar dos indicadores positivos, nunca acreditei que durasse muito tempo, no entanto, beneficiando principalmente da alta do Euro, foi possível manter o TP bastante mais do que os seis meses inicialmente previstos.

Colecção de Sérgio Sousa - Foto 3Pretendia inicialmente completar todas as colecções de Tex, Zagor e Mister No que saíram no Brasil desde 1971. Faltavam-me centenas de exemplares, além dos mencionados da 1ª edição de Tex, não possuía nenhuma das colecções de Tex completas e, não possuía nenhum exemplar de Zagor Vecchi nem de Mister No Record. Com o passar do tempo e ao conhecer outras colecções, senti necessidade de redefinir objectivos e torná-los mais ambiciosos. Acrescentei então aos mencionados: A História do Oeste e Ken Parker. A História do Oeste é uma fantástica mega série de 75 números, que infelizmente nunca foi totalmente publicada no Brasil. A última tentativa foi efectuada pela editora Record nos inícios dos anos 90, terminando prematuramente e sem aviso, no numero quarenta e sete. Esta série, pela qualidade que possui, merecia em minha opinião uma nova oportunidade.
Colecção de Sérgio Sousa - Foto 4A editora Mythos que nos têm brindado com inúmeras séries de Tex, diversas delas a publicarem a mesma fase, deveria considerar o lançamento desta colecção como alternativa a Grandes Clássicos Tex, (sem espaço desde o lançamento de Tex Colorido). Afinal, já passaram quase vinte anos desde a última vez que esta série circulou pelas bancas. Se esta série se apresentasse segundo os padrões de qualidade da Mythos, com uma nova e actualizada tradução, em formato italiano e, quem sabe, em edições de duzentos ou trezentas páginas, certamente que atrairia um leque de coleccionadores ávidos de bd sobre “cowboys”. Até mesmo os coleccionadores que possuem os quarenta e sete números da editora Record seriam tentados pela possibilidade de completarem toda a história.

Colecção de Sérgio Sousa - Foto 5Em Junho de 2009 consegui dar o grande passo na conclusão de Tex 1ª edição, adquiri o que procurava há longos anos: Tex nº 1 da 1ª edição. Este exemplar não veio sozinho, adquiri-o num lote de 37 exemplares, os primeiros da colecção e os únicos em formato italiano. Curiosamente não os adquiri no Brasil mas sim em Portugal. Foi uma oportunidade única, apesar de já possuir vinte e um números não hesitei, comprei o lote num leilão no Miau, a um coleccionador português que abandonou a colecção. De uma só vez consegui os 37 exemplares mais caros da colecção, depois destes, completar a colecção tinha-se tornado muito mais fácil. Restava ainda alguns itens igualmente difíceis, mas também graças a este coleccionador, consegui adquirir os 2 pósters que saíram acompanhados das edições nº 78 e 160.

Pósteres de Tex e prancha original de Fabio CivitelliActualmente possuo quase todas as colecções completas, faltam-me apenas dois exemplares de Tex 2ª edição e o álbum de figurinhas de Tex, que saiu no inicio da década de 80. No entanto, este item é tão raro e caro, que não faço intenções de o adquirir. As vendas do TP desde o inicio do ano que se encontram em queda, o Euro caiu quase 20 por cento ao longo dos últimos meses, o que provocou um agravamento dos preços, consequentemente redução da procura, aumento do stock disponível e diminuição das compras.

Colecção de Sérgio Sousa - Foto 6Este círculo vicioso não será fácil de quebrar, uma vez que as perspectivas para a Europa mantém-se pessimistas, não se prevendo nos próximos meses, a recuperação do Euro para patamares que me possibilitem apresentar preços competitivos. Para complicar mais a situação, sinto que a distribuição actualmente funciona bem melhor, facilmente se encontra revistas Bonelli nos pontos de venda. Até para as revistas usadas a situação mudou, encontram-se bastantes nos sites de leilões portugueses e a preços atractivos.

Colecção de Sérgio Sousa - Foto 7Foi com base nestas razões e também ao pouco tempo livre que possuo actualmente, que decidi terminar com o Trading Post. A edição Nº 30 do TP, colocada no blogue em 20 de Junho marca conclusão deste projecto. Apesar de não editar mais o folhetim vou continuar a comprar no Brasil, afinal, senão continuar, passados poucos meses já terei dezenas de faltas e não pretendo voltar à situação inicial. Assim, os interessados podem continuar a contactar-me, sempre que tiver pedidos que o justifiquem efectuarei a respectiva encomenda.

Colecção de Sérgio Sousa - Foto 8Para terminar gostaria de expressar uma palavra de agradecimento aos responsáveis pelo blogue e também, para todos os coleccionadores que contribuíram para o sucesso do TP através das suas compras. Graças a todos vocês foi possível completar muito mais rapidamente as minhas colecções, para todos vós o meu muito obrigado e muita sorte na vossa procura.
Como conselho, e baseando-me experiência acumulada ao longo deste dois anos e meio: Recomendo aos coleccionadores que ainda não terminaram as suas colecções e que estão muito longe do objectivo, a estabelecerem um plano para o conseguirem, mas sejam flexíveis, não se limitem ao estabelecido. Durante este período consegui trazer para Portugal exemplares raros, como Tex 1ª edição dos primeiros trinta e sete números.

Colecção de Sérgio Sousa - Foto 9Diversos coleccionadores, apesar de considerarem o preço adequado não adquiriram, porque a prioridade era completar as edições mais recentes. Compreendo a posição mas considero um erro. Recomendo que aproveitam a oportunidade de adquirirem estas edições sempre que surjam, que estejam nas condições que pretendem e que considerem um preço justo. Sejam flexíveis no vosso planeamento, certas edições são cada vez mais raras e mais caras, o que não acontecerá com as edições com quatro ou cinco anos. Exemplos: Tex no Brasil e Tex o mocinho do Brasil. Estes dois livros tiveram uma tiragem limitada a apenas mil exemplares. Estas edições uma vez esgotadas serão muito difíceis de encontrar, uma vez que os compradores são coleccionadores e não leitores. Se pensam ter estas preciosidades nas vossas colecções não esperem que esgotem. Pensem nisto!

[1] Coleccionador de Tex desde 1980.

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

3 Comentários

  1. Caro pard Sergio, muito bom dia e parabéns pela sua matéria, nem tão alegre do ponto de vista da parada do Trading Post, e que seja apenas uma parada.
    Pior foi com o Trading Post de Oraibi, destruído pelo nosso Tex. Aquele não voltou mesmo.
    E muito boa matéria sobre a sua insistência em completar os seus sonhos (coleções).
    No que ao livro ‘Tex no Brasil – O Grande Herói do Faroeste‘ diz respeito, é verdade, em pouco tempo os livros se tornarão esgotados e quem não tiver o seu, já era, pois uma coisa é certa: não haverá 2ª edição. Palavra de um seguidor de Tex Willer.
    Sobre o livro tem outro pormenor que posso afirmar de grande importância, que é o fato dos exemplares serem numerados de 1 a 1000. Então, já tem texiano se gabando de ter o nº 5, o nº 40. Só para situar os texianos, informo que o número 100 coube ao Grande Sergio Bonelli (por ser um número bastante representativo para mim).
    Abraço a vosmicê e extensivo aos amigos portugueses, tão fiéis ao nosso amigo Tex, e mais uma vez, parabéns pela sua matéria.
    G.G.Carsan

  2. Sérgio,
    Tu és um verdadeiro Pard. O Tex e o blogue devem-te muito e em nome de todos os leitores e apaixonados gostaria de enviar-te um forte abraço e agradecer toda a tua dedicação.
    Obrigado Pard.

  3. Sérgio
    È pena que o Trading Post acabe, mas paciência…
    Quanto a mim, quero desde já agradecer a tua dedicação e paciência para nos ajudar a completar e melhorar as nossas colecções.
    Sempre foste espectacular em todos os aspectos, e devo-te isso.
    Vou continuar a querer os teus serviços, para melhorar e aumentar a minha colecção.
    De Miranda do Corvo, vai um forte abraço de dois Zés (o pai e o filho, dois pards convictos).

    José Manuel Almeida e José Fernando Almeida

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