(1 de Junho de 1941 – 28 de Março de 2023)
Esta é uma das notícias que nunca queremos dar, mas que a lei da vida a isso nos obriga. Ernesto Rudesindo García Seijas, o Mestre argentino do staff oficial de Tex, faleceu esta terça-feira, dia 28 de Março, aos 81 anos, deixando a banda desenhada mundial mais pobre.
Por Mário João Marques
Nesta terça-feira, 28 de Março faleceu Ernesto Rudesindo García Seijas, um dos nomes sonantes da banda desenhada argentina, a poucos meses de completar 82 anos de idade. Com a sua morte, podemos, naturalmente, afirmar que desaparece mais um desenhador de Tex, mas Seijas foi muito mais que um desenhador do Ranger italiano, mas vamos recordar o seu legado em Tex.
Este autor argentino teve um percurso curioso em Tex, pois estreou-se no Almanacco del West 2007 com Polizia Apache, aventura que, na realidade, não foi o seu primeiro trabalho para a série. O seu “contacto” com Tex já vinha desde os anos 1990, quando Sergio Bonelli o convidou para um Speciale, de título provisório I quattro giustizieri, e que deveria ter sido publicado em 2003.
Com um ritmo lento, Seijas levou quatro anos a concluir o trabalho, contribuindo também o facto desta aventura ter sofrido algumas alterações após as habituais revisões periódicas. Sobretudo porque Sergio Bonelli não via com bons olhos a presença de muitas personagens femininas, que Seijas compôs como poucos, o que obrigou o autor argentino a redesenhar onze pranchas, acabando a aventura por ficar guardada nas gavetas da editora e ser publicada apenas em 2011 com o título de Le Iene di Lamont.
No entanto, quis o destino que esse Speciale fosse o ultimo onde Sergio Bonelli iria deixar a sua assinatura no habitual texto de apresentação, assim como a sua publicação ocorreu poucos meses após Verso l’Oregon, o Speciale de Manfredi e Gomez, uma aventura protagonizada sobretudo por personagens femininas. Quando a aventura foi finalmente publicada, Seijas já integrava a equipa oficial de desenhadores de Tex e desenhado duas outras aventuras, Il killer e La prova del fuoco.
Seijas dominava todas as técnicas de uma boa narração visual, mas nos seus primeiros trabalhos em Tex apresentou um Ranger muito sorridente e pouco irónico, muito ao estilo dos heróis dos primeiros seriados western, característica que ultrapassou com o decorrer do seu trabalho. O seu traço era claro e muito expressivo, oferecendo força e consistência às suas personagens e ambientes, assim como um contínuo movimento em todas as cenas.
Apesar de achar que o estilo vivo de Seijas era pouco adaptado ao western, Nizzi considerou o autor argentino como um mestre que sabia desenhar tudo, notável no jogo de expressões das suas personagens, capaz de fazer sorrir e comover e, por isso mesmo, poucos autores souberam interpretar graficamente tão bem um argumento seu.
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Triste notícia. Era um excelente desenhista e certamente fará falta.