Ivo Milazzo e Tex, na revista “Splaft!” nº 7, de Maio de 2011

Texto da revista “Splaft!” nº 7 (Caderno Informativo da Bedeteca de Beja – catálogo do Festival), de Maio de 2011.

* José Carlos Francisco
Estudioso e coleccionador
Autor do blog Tex Willer

IVO MILAZZO E TEX

Concebida para não ser somente grande no formato, mas sobretudo grande na ideia que tinha na sua génese, assim como grandes foram também os autores que desde os seus primórdios foram chamados a concretizá-la. Falamos da série Tex Gigante que na Itália é denominada Tex Albo Speciale e que é publicada desde 1988, tendo como princípio o de pedir a alguns Mestres da 9ª Arte de se envolverem com a mítica personagem criada em 1948 por Giovanni Luigi Bonelli e realizada graficamente por Aurelio Galleppini, Tex Willer, o mais antigo western da BD em publicação, para oferecerem aos leitores novas interpretações do protagonista, dos seus antagonistas e do seu mundo.

Assim sendo, foi com naturalidade que surgiu o convite efectuado pelo editor Sergio Bonelli para com Ivo Milazzo, magistral desenhador de western (e não só) e célebre autor de uma das personagens mais carismáticas da banda desenhada italiana, Ken Parker, para ser o desenhador de um Tex Gigante que acabou sendo publicado em Julho de 1999: Sangue sul Colorado («Sangue no Colorado»; Tex Gigante 8, Mythos Editora), naquele que foi o décimo terceiro volume da colecção italiana e simultaneamente o seu primeiro trabalho após a dissolução da parceria artística com Giancarlo Berardi.

Aventura escrita por Claudio Nizzi, Sangue no Colorado tem um argumento credível, apaixonante e carregado de uma certa densidade dramática, onde Tex (acompanhado de Kit Carson, Kit Willer e Jack Tigre) vai a Carbon Valley, região mineira do Colorado, no Oeste Americano, em auxílio de um amigo a quem um rico proprietário pretendia roubar umas minas auríferas e onde Ivo Milazzo aproveitou para se confrontar com aquele que era o seu imaginário adolescente, metendo em jogo o seu profissionalismo com uma personagem que é um ícone da banda desenhada europeia e não somente italiana, tentando respeitar todos aqueles ditames ditados pelas características de Tex, inserindo obviamente também um pouco da sua própria personalidade, o que resultou em vinhetas essenciais, cruas, cortantes, num jogo de luzes e sombras, sugerindo em vez de mostrar, mas onde as suas personagens recitam sofrimento, drama, raiva, ódio, determinação e ironia, com uma eficácia rara de se encontrar. Escassos mas ágeis e fluidos traços que bastaram para contar uma história especial, como disse o próprio editor Sergio Bonelli: «O seu estilo sempre personalizado, com o passar dos anos tornou-se mais sintético e aparentemente desenvolto, mas Ivo Milazzo continua a infundir alma e respiro tanto nas figuras, quanto na cenografia que cristaliza as grandes atmosferas das paisagens western.».

Quanto ao seu Tex em si, ele é mais parecido com aquele original de Aurelio Galleppini e não com o dos seus sucessores, numa espécie de retorno às origens, numa mistura entre Gary Cooper e John Wayne, devido ao facto de Ivo Milazzo conhecer muito bem Galep e consequentemente saber exactamente quais foram os seus modelos: Gary Cooper e o próprio Galleppini. Isto porque as várias interpretações pós-Galep tinham-no modificado e a Ivo Milazzo agradava-lhe a ideia de repreender o conceito original e a imagem que melhor o representava fisicamente era precisamente aquela de John Wayne, mas dando-lhe o rosto de Gary Cooper.

Copyright: © 2011 Revista “Splaft!“; José Carlos Francisco


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