0 “WESTERN” EM ESPANHA
OS «CUADERNOS»
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Se nos Estados Unidos da América, o campo de “comic-books” dedicados ao “western” é vasto, um dos poucos países que não lhe fica atrás é, sem dúvida, a Espanha, não esquecendo igualmente do Brasil, embora neste país não houvesse tanta criação e sim, unicamente, muitas edições retiradas das norte-americanas. No entanto, os espanhóis, iniciaram-se neste género de Banda Desenhada muito cedo, em virtude dessas mesmas histórias serem publicadas em “cuadernos” semanais, um género de publicações que rapidamente granjearam sucesso.
Este tipo de revistas surgiu durante a Segunda Guerra e embora impressos num papel muito fraco e fino, algumas vezes nem sempre branco ou amarelo, outras vezes cinzento, sépia ou de cor indefinida (a Guerra assim o obrigava), possuíam sempre capas atractivas, de melhor papel e de cores quentes e vistosas, com excelente cenas de emoção, onde se salientava o heroísmo das personagens e cativavam o “olho“, de quem olhava para elas. Os seus formatos variavam, mas eram quase sempre impressos horizontalmente.
A primeira personagem a ser publicada e também, a que maior sucesso alcançaria ao longo dos anos, seria “Roberto Alcazar y Pedrin” de Vaño (muito fraco desenhador, por sinal), com textos de T. Puerto. Esta série iniciada em 1940, iria ter 1219 cadernos com as suas aventuras, número nunca alcançado por qualquer outra personagem (mesmo o “Capitão Trovão“). Estas revistas apresentavam-se normalmente com 16 páginas, mas às vezes tinham mais.
Foram muitos os desenhadores espanhóis que utilizaram esse género de publicações, para apresentarem os seus trabalhos.
Muitos deles, só apresentaram as suas personagens durante toda a sua vida artística, desta forma. Outros, quando surgiu a oportunidade de publicarem as suas obras noutras publicações, mais cuidadas e de melhor aspecto gráfico, passariam a colaborar nelas.
Não vamos mais uma vez ser exaustivos nestas informações, até que, cada vez mais, se torna mais difícil conseguir-se um consenso com tanta informação a que temos acesso, pois continuamos sempre a conhecer novas edições, novas teorias e novas enciclopédias e livros e as páginas disponíveis estão a diminuir. Mas de um modo, mais ou menos informativo, iremos indicar a seguir, por ordem alfabética, algumas das várias séries de “western“, que viriam a ser publicadas nesses cadernos.
Não são todos, servem unicamente como uma referência.
Nome das Personagens – Anos – Desenhadores/Argumentistas
Apache (1ª Série) 1956 Luis Bermejo
Nota: Este artista desenhou outras personagens.
Apache (2ª Série) 1957 C. Tinoco
Buffalo Bill 1956 Ferrando – J. B. Artes
Nota: Desenhou igualmente “Tom Clark” e “Hazañas Del Oeste”, além de outras personagens.
Buffalo Bill 1965 Joaquin Blázquez
El Coyote 1947 Francisco Batet
El Charro Temerário 1953 Matias Alonso – P. Munoz
Chipita el Hijo del
Jinete Fantasma 1951 Ambrós – F. Amorós
Nota: Desenhou igualmente “El Jinete Fantasma”, “Rin-Tin-Tin” e outras personagens.
Hazañas del Oeste 1950 Vários – Vários
El Intrepido Arizona 1942 Luis Bermejo, Jesus Blasco e Sabatés
El Jinete Fantasma 1942 Alamar – F. Amorós
La Mascara de los
Dientes Blancos 1948 Martínez – F. Amorós
Mascarita 1949 P. Alferez – F. Amorós
Mendonza Colt 1955 M. Salvador – González Casquel
Pecos Bill 1951 Jesus Blasco
Nota: Trata-se de uma personagem de origem italiana mas algumas das histórias publicadas em Espanha, foram desenhadas por este autor.
El Pequeño Luchador 1960 Manuel Gago – Gago e M. Quesada
Nota: Desenhou outras personagens também.
El Pistolero 1961 A. Tauroni – F. Medina
El Pistolero Justiciero 1951 Manuel Gago – P. Quesada
Rayo Kit 1949 G. Iranzo
Nota: Desenhou outras histórias.
El Rey del Oeste 1950 Manuel Gago – P. Gago
Pistol Jim 1944 Carlos Freixas
El Temerário 1947 Vários
Yuki, el Temerário 1958 José González – F. Amorós
Nota Final: Quando não se indica o nome do argumentista a seguir ao nome do desenhador, depreende-se que é este o autor do texto também.
É claro que o número de desenhadores espanhóis, a ocuparem-se da criação de histórias subordinadas ao tema do Oeste, nunca mais acaba. Eles são dezenas e vamos salientar a seguir, mais alguns: R. Beyloc, Francisco Darnis, Vicente Roso, Chatillo, F. Biélsa, Vaña, José Lafond (que viria posteriormente a trabalhar para França, o que aliás aconteceria a muitos dos desenhadores espanhóis. Não só para este pais, como para Inglaterra também), Armando, Boixcar, José Luis, Serchio, Martin Salvador, Martínez Osete, Fuentes Man, Antonio Garcia, Sebastián Vagas, José Ortiz, Emilio Freixas, Estèban Maroto, Tomas Marco, Longarón, Jorge Macabich, Antonio Hemandez Palacios, etc., etc..
Quanto aos argumentistas, eles são menos, como do costume: R. Acedo, Sesen, M. Bañolas, Miguel Tortajada, etc..
(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, e/ou imprimí-las, clique nas mesmas)
Como sempre, mais um magnífico trabalho sobre o “Western”, desta feita em terras de Espanha. Parabéns aos autor pela excelente recolha.
Uma dúvida, contudo: quando, na parte final do artigo, se referem os personagens e os nomes dos autores, o ano referido suponho que seja o primeiro ano em que o personagem apareceu, certo?
Grande abraço a todos.
C. Rico
Carlos Rico,
O Carlos Gonçalves, autor do texto, confirmou-me que as datas das séries em Espanha, correspondem efectivamente ao ano do início da série.
José Carlos Francisco