Fanzine “A Conquista do Oeste” – Maio/Novembro 2001 – Páginas 58 e 59 – Roy Rogers

ROY ROGERS

Este é o Roy Rogers de John BuscemaLembro-me de quando era adolescente, de ter acesso a uma série de revistas mexicanas (na altura julgava que eram espanholas), que um amigo de Folguedos possuía na sua colecção, onde se encontravam incluídas as personagens “Super-Homem”, “Bugs Bunny”, “Pajaro Loco” (Woodypecker) e “La Zorra y El Cuervo” (A Raposa e o Corvo), todos eles adaptados de filmes de Animação, excepto o “Super-Homem”, que na época eram apresentados no início das sessões duplas de Cinema. Juntamente com essas personagens, tivemos igualmente acesso a várias figuras do Oeste: “Hopalong Cassidy”, “Gene Autry”, “Sargento Prestou” e “Roy Rogers”. Muitos deles, como já sabemos, foram fruto dos filmes da série B. “Roy Rogers” sempre se destacou por ser uma personagem sincera, decente, trabalhador e patriota, servindo de modelo para os espectadores mais jovens. Do Cinema à Banda Desenhada, foi um único passo. E embora “Gene Autry” tenha sido, desde o início, a personagem de maior sucesso, quando apareceu no Cinema, como “cow-boy” cantor, “Roy Rogers” rapidamente o ultrapassou, transformando-se no “Rei dos Cow-Boys”. O mesmo aconteceria nos “comic-books” para onde transitou, pela sua longevidade e número de revistas publicadas.

Fanzine “A Conquista do Oeste” – Página 58Uma das razões do sucesso de “Roy Rogers” deveu-se pensamos nós, a ser alto, esbelto, moreno e sorridente. Vestia-se sempre com uns trajes chamativos e complicados, cheios de adornos, imaculados, extravagantes.

Com Mary Hart, formou o par ideal nos filmes, acabando ambos por serem conhecidos como “os noivos do Oeste”. No entanto, “Roy Rogers” casaria com “Dale Evans” mais tarde, com quem viria a contracenar também, até que esta, devido ao seu sucesso, passaria a ser protagonista dos seus próprios filmes e das suas próprias revistas. “Roy Rogers” trabalhava no Cinema, com um cavalo chamado “Trigger”, animal extraordinário e inteligente, que conseguia desempenhar no Cinema, uma série de acrobacias excepcionais.Uma das vinhetas de Roy Rogers

Quando apareceu nos “comic-books” em 1944 e até à sua extinção, vários foram os desenhadores desta série: Peter Alvarado, Al McKimson, John Buscema, Nat Edson, Dan Spiegle, Alex Toth e Russ Manning. “Roy Rogers” funcionava nas suas aventuras como um justiceiro. O tempo real em que as suas histórias eram publicadas, não era específico, pois os cenários variavam e nem sempre respeitavam a época. Inclusive até havia aventuras onde as avionetas entravam. “Roy Rogers” era pois, um dos imensos justiceiros que se dedicavam a castigar os ladrões de cavalos, as assaltantes das diligências, os assassinos, os raptores, etc., além de salvar do perigo algumas das personagens secundárias. “Trigger” o cavalo maravilhoso, acompanhava-o em muitas ocasiões e, mais de uma vez, o salvou de apuros.

Vinhetas de Roy Rogers

Quando as histórias de “Roy Rogers” se destinavam a um público infantil, surge “Dusty”, seu filho, que irá viver as várias peripécias com seu pai, juntamente com um cão-lobo que o acompanha e se chama “Bullet”. No desenrolar das histórias, “Roy Rogers” ia ensinando o filho, do melhor modo de escapar às várias armadilhas e aos vários perigos que atravessavam. “Dusty” surge sem se saber como, já que “Roy Rogers” nunca se casou. As aventuras da nossa personagem são simples episódios independentes, de pouco interesse, com falta de um ambiente que os caracterize. “Roy Rogers” não tem um mundo próprio, um lugar e amigos seus. Aparece de repente, resolve o problema e volta a desaparecer. Os argumentistas da série nunca se preocuparam em construir um suporte literário, à altura da popularidade do “herói”.

Fanzine “A Conquista do Oeste” – Página 59Com o tempo, a personagem foi perdendo o seu carisma. No entanto, no nosso país, juntamente com “The Lone Ranger”, foram das poucas séries que viriam a ter mais de uma centena de títulos, publicados pela Agência Portuguesa de Revistas. Apesar de tudo, “Roy Rogers” foi um dos três privilegiados de todos os “cow-boys”, nascidos inicialmente no Cinema, porque além dos seus “comic-books”, as suas canções, os seus filmes e as suas séries de TV, conseguiria ter também as suas aventuras publicadas nos jornais, tais como “Hopalong Cassidy” e “Gene Autry”. A série de “Roy Rogers”, distribuída pela King Features Syndicate, surgiu a 2 de Dezembro de 1949, realizada pelos irmãos Tom e Chuck McKimson, sob o pseudónimo comum de Al McKimson.

Em Janeiro de 1953, a série será desenhada por Mike Arens até ao seu fim, em 1961. Estes desenhadores souberam dar à série um tratamento diferente, não só a nível das histórias como dos traços, muito mais bem cuidados, dos que publicados nos ” comic-books”, até porque o género de leitores era diferente, além de serem adultos na sua maior parte, seriam também muito mais exigentes.

Esta tira de Roy Rogers é da autoria de Mike Arens

Mike Arens além de autor de vária histórias de Walt Disney (Páginas Dominicais), foi também o autor de “Dale Evans”, “Hey Mac!” (1948-1961) e para a Dell, “Rex Allen” (Nº 2) e “Gene Autry Comics” (N°s. 45 a 49). Outros autores participaram na execução de “Roy Rogers”, Pete Alvarado, John Ushler (1949 a 52), igualmente autor de Pranchas Dominicais de Walt Disney, Hi Marklin (1953 a 58)…

Os irmãos McKimson eram os directores artísticos da Western Publishing nos anos de 40 a 70. “Roy Rogers” foi publicado em Portugal pela primeira vez no “Mundo de Aventuras”, em 1950, infelizmente, muito borrada, devido à Censura, que tentou deste modo esconder as armas que as personagens empunhavam.

(Para aproveitar a extensão completa das imagens, e/ou imprimi-las, clique nas mesmas)

Um comentário

  1. Pensava que o Roy Rogers era somente personagem de cinema, desconhecia a existência das tiras deles. Vivendo e aprendendo.

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