Entrevista exclusiva: MAURIZIO DOTTI (a propósito da sua participação na 3ª Mostra do Clube Tex Portugal, realizada em Anadia, no passado mês de Abril)

Entrevista conduzida por José Carlos Francisco, com a colaboração de Júlio Schneider (tradutor de Tex para o Brasil) na tradução e revisão.

Caro Maurizio, bem-vindo de volta ao blogue português de Tex!
Que impressão lhe deixou a 3ª Mostra do Clube Tex Portugal? Você esperava menos ou mais do que se verificou?

Maurizio Dotti: Um olá afectuoso a todos, inclusive aos leitores. Para começo de conversa, a manifestação organizada por vocês impressionou-me por demais. Organização perfeita, afluência de visitantes considerável e entusiasta, sem falar da mostra em si, com uma montagem agradável e acolhida em uma sede prestigiosa como o Museu do Vinho de Anadia, todos elementos fundamentais que, penso, determinaram o bom resultado do evento: o que esperar mais?

A sua empatia com o público português foi maravilhosa e não será facilmente esquecida pelos que visitaram a Mostra de Anadia (como se pode ver pelos comentários no blogue português de Tex, nos quais a sua amabilidade e a sua atenção com os presentes foram merecidamente reconhecidas). Aliás, o público o gratificou com uma grande ovação na sua apresentação. O que sentiu naquele momento?
Maurizio Dotti: Eu aprecio muitíssimo relacionar-me com o público de aficionados. Eu sinto-me à vontade, talvez pelo interesse comum que nos anima e também pela gratidão que sinto pelo mundo dos leitores fiéis, o que me permite viver a cultivar a minha grande paixão. Eu sou tímido e dever falar em público sempre me causa uma certa ansiedade que, com o tempo e a experiência, eu aprendi a controlar, mas quando começo a falar de BD e da relação íntima que ela tem com a minha vida, esqueço os meus medos e consigo comunicar-me sem aflições. No caso da apresentação referida na pergunta, entre mim e o público especial de Anadia criou-se uma alquimia feliz. Eu senti-me contente por ter sido entendido, compreendido. Foi isso o que eu senti e foi assim que me senti.


Depois de participar de inúmeros eventos na Itália, você esperava tal acolhida e afecto da parte dos leitores portugueses?
Maurizio Dotti: Ao retornar à Itália, aos que me pediam um parecer sobre o meu passeio português, eu instintivamente falava do enorme calor mediterrâneo das pessoas de Anadia. Não sei se foram os quadradinhos ou a recíproca e imediata sintonia, ou ambas as coisas, o facto é que me vi diante de um público extraordinariamente caloroso e aficionado, e gostei muito.

Os aficionados portugueses de Tex são de algum modo diferentes dos outros que você conheceu?
Maurizio Dotti: Eu diria que o ardor dos fãs portugueses tem um algo mais – mas é uma característica comum aos entusiastas leitores portugueses e aos italianos, e posso dizer que, quase com certeza, também aos do resto do mundo – que é a paixão genuína. E isso eu vi no rosto de todos os que encontrei nestes anos. Sempre humildes e empáticos, esse jeito de ser deriva do entusiasmo que nos caracteriza a todos.


Observamos que durante a Mostra você confraternizou muito com o público: essa troca de palavras foi positiva para si? E como você se sentiu com uma língua diferente da sua?
Maurizio Dotti: Eu gosto do contacto com o público. Eu sei, também por experiência, que para as pessoas é muito importante ter um desenho original do autor e, sobretudo, vê-lo nascer aos poucos, diante de seus olhos, quase como se por uma magia estranha, e por isso quero que saibam que eu respeito essa exigência, que é tão importante para mim quanto para eles. A fraternização é um facto imediato e instintivo. A língua diferente é um detalhe marginal, de todo superável quando se trata de sensações emotivas.

Quais as principais diferenças que você observou entre a Mostra portuguesa e o que habitualmente acontece nos salões italianos?
Maurizio Dotti: As mostras italianas geralmente são muito grandes e estendidas a outras formas comerciais de recreação (jogos RPG, videojogos, etc.) e, por sua natureza, mais impessoais e principalmente mais caóticas. A característica mais conhecida é justamente a confusão e a multidão. Nada a ver com a manifestação portuguesa, mais íntima e contida e, por isso mesmo, adequada ao contacto pessoal vivido em tempos e modos bem menos frenéticos e stressantes.

No seu retorno à SBE houve um interesse da parte de Davide Bonelli e/ou Mauro Boselli para saber como foi a Mostra?
Maurizio Dotti: Certamente! Davide Bonelli quis saber como foi e, antes da minha partida, havia pedido para que eu levasse os seus cumprimentos aos organizadores da manifestação. O mesmo vale para Mauro Boselli, nós falamos bastante sobre o meu passeio português; e nem podia ser diferente, como poderia o editor de Tex não mostrar interesse por um evento que promove e divulga o ranger bonelliano fora das fronteiras italianas?

Houve repercussões na Itália sobre a 3ª Mostra do Clube Tex Portugal, em razão da sua presença?
Maurizio Dotti: Além da aprovação de muitos colegas meus, houve manifestações positivas de muitos fãs do nosso herói em várias redes sociais.

Apesar de você ter ficado quatro dias em Portugal, teve muito pouco tempo para conhecer o nosso pequeno País. O que mais o impressionou nessa curta permanência?
Maurizio Dotti: Apesar de já ter estado em vários países pelo mundo, eu jamais havia tido ocasião de visitar Portugal. Foi uma surpresa agradabilíssima, tanto pela inegável beleza do pouco que eu pude ver do País, quanto pela cordialidade e simpatia contagiosa das pessoas que encontrei. E fiquei simplesmente encantado por Lisboa!

Você vivenciou alguma situação curiosa ou divertida durante a sua visita a Portugal?
Maurizio Dotti: Todos os dias conversávamos de modo cordial, divertido e espirituoso com a equipa da organização, e isso foi deveras agradável. Eu gosto de gente com senso de humor, fico bem à vontade. Quanto a histórias curiosas, à excepção do divertido episódio de uma idosa senhora japonesa com a sua engraçada tentativa de entrar na casa de banho de um bar pelo sentido inverso da porta giratória, não tenho outros acontecimentos divertidos a relatar.

Para finalizar, uma curiosidade: em que ponto está a sua história de Tex?
Maurizio Dotti: Neste momento estou a fazer a página 75 do primeiro volume de uma história que verá Tex na Nova York da segunda metade do século 19, a enfrentar um acérrimo inimigo, o Mestre.


Maurizio, agradecemos muitíssimo pelo tempo que mais uma vez nos dedicou.
Maurizio Dotti: Sou eu que agradeço. Ao responder a estas perguntas, foi um prazer reviver os momentos agradáveis da minha permanência no vosso maravilhoso País. Um abraço a todos vocês e a todos os portugueses que encontrei. MUITO OBRIGADO!


(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

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