Entrevista com o fã e coleccionador: Valdivino Otilio de Almeida

Entrevista conduzida por José Carlos Francisco.

A impressionante BiblioTex de Valdivino Otilio de Almeida

Para começar, fale um pouco de si. Onde e quando nasceu? O que faz profissionalmente?
Valdivino Otilio de Almeida: O meu nome é Valdivino Otilio de Almeida/Val, nascido em Vassoural, um distrito do município brasileiro de Ibaiti, no Paraná, estando hoje com 53 anos (nasci em 1966) e exercendo profissionalmente a área de logística.

Quando nasceu o seu interesse pela banda desenhada?
Valdivino Otilio de Almeida: Desde a primeira vez em que tive contacto com um gibi (revista de banda desenhada). Devia ter entre 6 e 7 anos de idade e foi uma edição do Rato Mickey.

Quando descobriu Tex?
Valdivino Otilio de Almeida: Bom, Tex foi amor à primeira folheada. Acredito que aos 9 anos fui apresentado com a história que até hoje sou apaixonado, o número 48, “Desfiladeiro da morte” e 49 “A ponte trágica“, por isso a paixão pelo vilão que se auto-denomina o Dr. Anatas, o Dr. Fiesmont ou simplesmente o grande Mefisto, mas o mais triste de tudo foi que fiquei quase uns 3 anos para ver a conclusão desta história pois faltavam justamente as páginas finais onde Jack Tigre atira no Mefisto. Quando me mudei para Curitiba, do qual já fazem 41 anos que aqui resido, é que finalmente pude ver o final da história.

Porquê esta paixão por Tex?
Valdivino Otilio de Almeida: Porque é encantador, simplesmente você começa a ler e não quer parar. Como eu já disse, são 40 anos que o grande personagem me acompanha, seja nas horas tristes, seja nas horas de alegrias. O gostoso é que tudo começa com uma revista e de repente uma dezena, logo depois uma centena e num piscar de olhos você está com toda a colecção completa, depois de muito batalhar atrás de números que de repente se tornam difícil de encontrar. Posso dizer que nunca tive grandes dificuldades para ter os gibis em mãos, o mais complicado mesmo era achar os números em falta. A paixão por Tex não adianta nada impor, ela tem que vir ao natural pois tenho o exemplo em casa, tenho dois filhos e ambos têm pouco ou nenhum interesse pelo personagem.

O que tem Tex de diferente de tantos outros heróis dos quadradinhos?
Valdivino Otilio de Almeida: Acredito que é por serem roteiros muito bem elaborados, sendo alguns baseados em factos reais e ao longo do tempo você conhece toda a história que está por trás do personagem. Além de ser admirador, posso dizer que sou um coleccionador médio. Tenho na minha biblioTex todos os personagens Bonelli publicados no Brasil, mas também leio todo tipo de quadradinhos,  gostando mais de uns e menos de outros.

Qual o total de revistas de Tex que você tem na sua colecção? E qual a mais importante para si?
Valdivino Otilio de Almeida: Bom, acredito que devo ter um total de mais ou menos duas mil (2.000) edições do Tex. Só não tenho completa a primeira série, que foi a Júnior, no restante todas completas e em perfeito estado pois sempre cuidei com muito carinho desde o primeiro exemplar. Para além de Tex tenho também uns cinco mil (5.000) exemplares de outros personagens (Bonelli, Marvel, DC, Disney, Fantasma, etc.). Acredito que a mais importante é a que sempre sairá no mês seguinte.

Colecciona apenas livros ou tudo o que diga respeita à personagem italiana?
Valdivino Otilio de Almeida: Na medida do possível procuro ter nem que seja um item de cada objecto, às vezes a vontade fala mais alto e procuro ter mais de um, mas qualquer coisa que tenha o nome Tex sempre será guardado com carinho, desde um simples pedaço de papel até um livro caro.

Qual o objecto Tex que mais gostaria de possuir?
Valdivino Otilio de Almeida: Esta é uma pergunta difícil, pois mesmo que você queira ter tudo sempre terá algo que você não vai ter, mas acredito que ficaria contente em ter um desenho de Tex, exclusivo, feito pelo grande Giovanni Ticci ou pelo Claudio Villa, mas já me conformaria por um desenho qualquer de um deles, mas algo feito com carinho.

Qual a sua história favorita? E qual o desenhador de Tex que mais aprecia? E o argumentista?
Valdivino Otilio de Almeida: Não poderia ser diferente, tem que ser a história dos Tex 48 e 49 (“Desfiladeiro da morte” e ” A ponte trágica“) e toda a saga de Mefisto. Mas também aprecio imenso o 
Tex 34 “Navajos em pé de guerra“, Tex 62, 63 e 64 “Os Apaches atacam“, “O refúgio dos Mescaleros” e “Os sinos dobram por Lucero“, mas notem que sendo esta história uma das favoritas, o desenhador não o é. E falando em desenhadores, a minha lista sempre terá Galep, Ticci, Fusco, Civitelli, Villa e os irmãos Gianluca e Raul Cestaro. Nos argumentos, Gian Luigi Bonelli, Claudio Nizzi e finalmente Boselli que segura o timão nos dias actuais.

O que lhe agrada mais em Tex? E o que lhe agrada menos?
Valdivino Otilio de Almeida: Tex já foi melhor explorado com o seu criador Gian Luigi Bonelli, gosto quando ele impõem a lei e a ordem seja em um povoado, seja na aldeia. Também gosto muito das histórias onde participam os quatro pards. O que me desagrada é querer mudar o jeito de ser do personagem, pois ele foi criado para ser um cowboy do velho Oeste e tudo o que está ligado com o velho Oeste tem que acompanhar o personagem; se tomava whisky, tem que tomar whisky e não um refrigerante, se fumava um cigarro de palha, tem que continuar a fumar…

Em sua opinião o que faz de Tex o ícone que é?
Valdivino Otilio de Almeida: O bom senso, não aceita ser contrariado, justiça e ordem acima de tudo. É a fidelidade dos leitores ao redor do mundo ao personagem, que já tem mais de 70 anos de história editorial.

A esposa Célia e o filho John Lucas com Valdivino na presença de Fabio Civitelli em São Paulo, 2010

Costuma encontrar-se com outros coleccionadores?
Valdivino Otilio de Almeida: Sim, é muito prazeroso sentar em volta de uma mesa junto com os pards tomando aquela cerveja gelada e aquele papo gostoso e por fim conhecer amigos pessoalmente, pois no virtual são muitos e muitos de longa data, amigos do Brasil, Itália, Holanda, Grécia, Espanha, França, Portugal. Com Tex nada é impossível pois este que vos escreve teve o prazer de conhecer pessoalmente e poder apertar as mãos e dar aquele abraço no ícone que se tornou o grande José Carlos Francisco, ou simplesmente o Zeca.

Célia, John Lucas, Valdivino e José Carlos Francisco em São Paulo, 2010

Para concluir, como vê o futuro do Ranger?
Valdivino Otilio de Almeida: Para falar em futuro é complicado, mas é certo que tudo se acaba um dia e com o nosso Ranger não será diferente, mas enquanto ele existir vamos aproveitar e desfrutar do máximo possível, hoje temos muita tecnologia, mas o bom ainda é poder pegar uma revista nas mãos, sujar com tinta, sentir o cheiro do papel…
E por fim dizer a todos que histórias em quadrinhos/banda desenhada  é cultura, não se sinta envergonhado.
E do Brasil mando aquele abraço para todos os pards é Lilyths que gostam um pouco ou que amam de paixão o eterno Ranger. E viva Tex!

Prezado pard Valdivino Otilio de Almeida, agradecemos muitíssimo pela entrevista que gentilmente nos concedeu.

Valdivino Otílio Almeida exibe orgulhosamente as revistas do Clube Tex Portugal na sua imponente BiblioTex

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

6 Comentários

  1. Conheço o pard pessoalmente, já nos encontramos em 2 eventos, volta e meia negociamos gibis.
    Devo muitos favores ao pard, me ajudou a fazer o Precioso chegar em minhas mãos, o poster com as 500 capas.
    Cara super legal, e um grande colecionador, e mora no meu Estado, Paraná.
    Parabéns pela bela coleção.

  2. Grande entrevista nessa nova fase do blog, com um grande colecionador. É sempre bom ver as histórias desses colecionadores. Parabéns.

  3. Grande Pard Valdivino…
    Parabéns hombre pela entrevista.
    Abraço forte e empoeirado meu Amigo.

  4. Parabéns pela entrevista Valdivino, meu amigo. E parabéns ao blog que agora tem registrado um pouco da história desse grande/gigante colecionador (e não colecionador médio hahahaha)

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