Entrevista com o fã e coleccionador: André Caliman

Entrevista conduzida por José Carlos Francisco.

André CalimanPara começar, fale um pouco de si. Onde e quando nasceu? O que faz profissionalmente?
André Caliman: Nasci em São Paulo, Brasil, em 1986. Sou banda desenhista.

Quando nasceu o seu interesse pela Banda Desenhada?
André Caliman: Mudei para Curitiba (onde moro até hoje), com 13 anos. Sempre gostei de desenhar, mas nunca havia levado a sério, mas durante essa mudança, enquanto eu ajudava a tirar as coisas das caixas na casa nova e organizar tudo, descobri alguns álbuns do Príncipe Valente e fiquei curioso. Perguntei ao meu pai o que eram aqueles álbuns e ele disse: “É a melhor história em quadradinhos de todos os tempos”. Eu fiquei fascinado pela história e pelos desenhos. Foi como ligar um interruptor, de repente eu tive certeza de que queria fazer aquilo! Nas primeiras páginas de um dos álbuns tinha uma biografia do autor, Harold Foster, e lá dizia que ele havia cursado Belas Artes. Foi o que eu fiz, formei-me e comecei a trabalhar com isso.

André Caliman no seu estúdioPara aqueles que ainda não estão bem identificados com a sua carreira profissional, gostaríamos que fizesse uma pequena apresentação própria e do caminho entretanto percorrido na sua carreira?
André Caliman: Ainda enquanto eu cursava a Belas Artes, lancei com o Leonardo Melo e outros amigos a revista independente Quadrinhópole. Foi um pontapé inicial que ajudou muito a aprimorar o traço, receber críticas e conhecer o mercado. Ganhamos o prémio HQMIX com a Quarta edição da Quadrinhópole. Depois lancei a revista Avenida, com o Wellington Marçal e o Rui Silveira. Enquanto publicava essas revistas, coloquei as minhas páginas em alguns sítios da Internet e fiz contacto com um escritor americano que tinha um projecto de fantasia chamado E.L.F., e comecei a trabalhar com ele. O primeiro número dessa série será lançado em Julho deste ano na San Diego Comic Con.

André CalimanTex teve alguma influência no facto de você se ter tornado um desenhador?
André Caliman: Com certeza.

Quando descobriu Tex?
André Caliman: Quando eu descobri O Príncipe Valente, eu fiquei fascinado pelo clima que o preto e branco causava. Eu não lia nada de super-heróis, achava quadradinhos em cores um absurdo. Então o passo seguinte foi conhecer o Tex. Eu considerava a única publicação de qualidade que havia nas bancas.

André Caliman desenhandoPorquê esta paixão por Tex?
André Caliman: Ele é apaixonante.

O que tem Tex de diferente de tantos outros heróis dos quadradinhos?
André Caliman: Eu acho que é uma personagem que guarda valores, mas apesar de ser o “cara” certinho, Tex é um pouco anárquico e vê o certo e o errado de um ponto de vista muito pessoal. Dá impressão que você pode confiar nele. Acho que é por isso que dura há tanto tempo. As pessoas ficam fiéis às personagens em que elas acreditam.

Qual o total de revistas de Tex que você tem na sua colecção? E qual a mais importante para si?
André Caliman: Não sei dizer. A maioria dos especiais e muitos números aleatórios. Nunca fui um bom coleccionador. Mas tenho muita coisa.

Os Tex's GigantesColecciona apenas livros ou tudo o que diga respeita à personagem italiana?
André Caliman: Tive um póster do Tex no meu quarto por muito tempo. Mas só livros.

Qual o objecto Tex que mais gostava de possuir?
André Caliman: As revistas. Mas queria ter o revólver dele. (só para poder desenhar…)

Qual a sua história favorita? E qual o desenhador de Tex que mais aprecia? E o argumentista?
André Caliman: Antes vou contar uma história minha. Há uns cinco anos atrás eu estava viajando pela Itália e fui a Milão com o endereço da Sergio Bonelli Editore no bolso, e encontrei a editora. Entrei, fui muito bem recebido. Quer dizer, antes de encontrar a porta certa, bati numa porta e ela se abriu sozinha, dei uma olhada para dentro e era um quarto com um monte de revistas do Tex para tudo quanto é lado, tipo um depósito. Aí saiu uma pessoa de trás de uma pilha de revistas e indicou-me a porta certa.
O Tex de André CalimanAí fui muito bem recebido. Eu não falava quase nada de italiano, mas quis mostrar o meu portfólio, eles olharam, conversaram comigo, foi muito bom. Lembro-me que nas paredes da editora tinham quadros emoldurados de desenhos e pinturas de desenhadores do Tex com dedicatórias. Fiquei um tempão lá babando. Fiquei até de mandar mais coisas para eles avaliarem, mas na época eu achava que o meu desenho ainda não estava bom ( e não estava mesmo). Mas aquela visita foi o que me incentivou a lançar a primeira Quadrinhópole. Lançamos ela assim que voltei para o Brasil.
Quanto à história favorita do Tex, com certeza é o especial “Arizona em Chamas”. O Victor de La Fuente é o meu desenhador preferido do Tex. De argumentista, gosto também do Antonio Segura.

M - S - TesteO que lhe agrada mais em Tex? E o que lhe agrada menos?
André Caliman: Gosto da relação entre Tex e o Kit Carson. É sempre uma parte bem-humorada das histórias. Não gosto muito das histórias que focam na política americana. Gosto mais das aventuras em paisagens desérticas.

Em sua opinião o que faz de Tex o ícone que é?
André Caliman: Os fãs confiam e acreditam na personagem. O Tex é o tipo de personagem que pode dar força e confiança ao leitor.

Costuma encontrar-se com outros coleccionadores?
André Caliman: Não regularmente.

Para concluir, como vê o futuro do Ranger?
André Caliman: Desejo que ele viva por muito tempo. Do jeito que ele é. Sem mudança de uniforme ou realidade paralela!

Prezado pard André Caliman, agradecemos muitíssimo pela entrevista que gentilmente nos concedeu.
(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

Um comentário

  1. Então está desenhando seu maior herói de banda desenhada, deve ser parecido como ser um jogador profissional e jogar no time do coração.

    Muito legal.

    Abraço

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