Almanaque Tex 31: A Caravana do Medo

Almanaque Tex 31 - A Caravana do MedoArgumento de Claudio Nizzi e desenhos de Victor De La Fuente.
Com o título original La carovana della paura, a história foi publicada em Itália no Almanacco West 1995 e no Brasil pela Editora Globo no Tex Colorido nº 6 em 1997 com capa de Claudio Villa e pela Mythos Editora, a preto e branco com capa de Giovanni Ticci no Almanaque Tex nº 31 em 2007.

De regresso à aldeia navajo, Tex e Carson encontram o corpo de um guia de uma caravana num rio. Depois de recolherem o corpo resolvem ir ao encontro desta e tentar perceber quem poderá ter morto o homem. Em breve são informados que alguém anda a atentar contra a vida de todos os que vão na caravana e rapidamente chegam à sua identidade. Trata-se de um apache que vai capturando e torturando até à morte um a um todos os elementos da caravana. Tex e Carson querem tirar tudo a limpo, tentando perceber os motivos desta atitude do índio.

Carson e Tex por De La FuenteEsta é uma aventura que podia ter sido protagonizada por um qualquer herói do velho oeste, uma vez que não é uma aventura de Tex. Se antes elogiámos Mescalero Station, não por ser uma grande aventura, mas pelo facto de ser uma aventura do Tex bonelliano que conhecemos e admiramos, “A Caravana do Medo“, pelo contrário, revela-nos um Tex impotente e pouco decidido. Um Tex nizziano,  como muitos gostam de chamar.

Pessoalmente, não embarco muito nesse coro de críticas, até porque continuo a achar que Nizzi é o legítimo herdeiro do saudoso GL Bonelli, no modo como assumiu e levou em diante a herança da personagem, adaptando-a aos novos tempos.

Tex de De La Fuente, surpreendidoMas esta aventura, acaba por trazer um Tex perfeitamente contrário a tudo o que o autor em tempos construiu. Se todas as aventuras fossem assim, seríamos forçados a dar razão aos críticos, porque este Tex só traz o mesmo nome que a personagem criada por G.L. Bonelli.

Capa originalApesar de Tex revelar os mesmos propósitos de justiça, na medida em que, não criticando a vingança levada a cabo por Saguaro, acaba por demonstrar que ainda existe a justiça das leis, este Tex nunca consegue superiorizar-se ao índio nem tão pouco aos acontecimentos. Repare-se, por exemplo, que mesmo a descoberta da identidade dos culpados surge por atitude alheia. Este Tex não captura Saguaro, não evita outras mortes no seio da caravana, nem logra apanhar os assassinos. Pelo meio falta espessura dramática, falta rigor psicológico, falta um certo contraste, uma oposição mais acentuada entre os diferentes carácteres das personagens, aquilo que as diferencia, o que poderia contribuir para outro interesse na aventura.

Tex por De La FuenteSegundo trabalho de De La Fuente para Tex, depois de ter realizado “Arizona em Chamas“. Já afirmámos que o Tex do autor sofre de alguma falta de carisma, denotando antes algum envelhecimento e falta de imponência que outros autores conseguiram transmitir. Mas, sejamos francos e justos, De la Fuente tem um traço realista admirável e que, nesta aventura, vai subindo de qualidade com o avançar das páginas. Excelente construção de cenários, domínio perfeito dos contrastes e uma construção de personagens digna de realçar.

Texto de Mário João Marques

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