A capa de Tex #628, “Una donna in ostaggio”

Por José Carlos Francisco

Claudio Villa na sua mesa de trabalho

Se antes do falecimento de Sergio Bonelli o nascimento das capas de Tex ocorria na sede da editora italiana, onde o próprio Sergio Bonelli depois de examinar pessoalmente a história em questão, procurava uma cena “de capa” entre as vinhetas desenhadas, elaborava um esboço veloz que era enviado por fax, a Claudio Villa,  junto às cópias das páginas correspondentes (em geral, duas ou três) e somente a partir daí é que Claudio Villa começava a trabalhar, preparando a cena “de capa”, já que ao contrário do que muitos pensavam, o desenhador não tinha liberdade para fazer a capa que bem entendia para a história, até porque na grande maioria das vezes, Claudio Villa não tinha acesso à história completa, hoje em dia é o próprio Claudio Villa que escolhe a cena a partir da qual faz a capa, embora com supervisão de Mauro Boseli, tendo este o poder de aprovar ou vetar a “capa” escolhida por Claudio Villa, devido a ser na actualidade o responsável máximo por Tex.

Esboço da capa de Tex #628

Tal acontecerá também com a capa do Tex #628, com lançamento previsto na Itália para 8 de Fevereiro de 2013, contendo a segunda parte de uma aventura escrita por Mauro Boselli e desenhada magistralmente por  Stefano Andreucci, cujo título é Una donna in ostaggio. Depois do próprio Villa seleccionar a imagem começa então a trabalhar na preparação da cena “de capa”.
Em síntese, ele precisa cuidar do enquadramento, da luz e do movimento das personagens já que segundo o próprio Claudio Villa
A capa deve contar sem revelar, deve ser legível e imediata, deve interessar e ser suficientemente dinâmica. Às vezes, falta uma cena significativa e então ela é “construída” com os elementos extraídos da história. Algumas vezes, para conseguir o melhor, chego a seis, sete esboços. É incrível de quantas maneiras se pode contar, em igualdade de situação, uma cena. E cada vez descobrir uma “temperatura” diferente, só deslocando o ponto de vista, a luz ou a disposição das personagens.“.

Inclusive as cores da capa, são da responsabilidade de Claudio Villa:Eu dou uma “indicação” de cor: faço uma fotocópia em A4 a preto e branco e passo a colori-la com tintas líquidas, pintando-a como gostaria de vê-la impressa. Depois é o impressor que deve, com os seus instrumentos, aproximar-se daquilo que fiz…“.

Passando das palavras aos actos, mostramos de seguida a imagem original da capa do Tex #628, a preto e branco, seguindo-se a capa já colorida pelo próprio Villa e por fim a capa tal como ela nos vem ter às mãos. Mas o que queremos realçar é o tratamento das cores comparando a pintura original de Claudio Villa com o produto final, para mostrar que apesar de toda a sintonia, há uma grande diferença entre a colorização manual e a digital como se pode então confirmar já de seguida:

Capa original de Tex #628 a preto e branco

Capa de Tex #628 colorida por Claudio Villa

Capa de Tex #628, Una donna in ostaggio

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

12 Comentários

  1. Una donna in ostaggio“: “Uma Mulher Refém“. Continuação de:

    Um bandido inalcançável e uma jovem médica amiga dos índios…

    Tex N° 627, mensal, janeiro de 2013
    Salt River – “Salt River

    Argumento e roteiro: Mauro Boselli
    Desenhos: Stefano Andreucci
    Capa: Claudio Villa

    Sobre os rastros do inatingível Jack Curtiss, assaltante “Don Juan”, mas não por isso menos impiedoso, Tex e Carson conseguem destroçar o seu bando, mas não conseguem colocar as mãos nele. Agarrando-se a uma fraca pista que os conduz às encostas do Tonto Rum, os pards descobrem que Curtiss poderia planejar atacar uma das cidades da região. Kit, unindo-se a eles por acaso, escolhe ir a Green City, onde conhece uma bela e simpática jovem médica…

  2. Em tempo: eu gostei mais da capa, desenhada e pintada por Claudio Villa, antes de se tornar aquela para impressão, ou seja, a imagem “Capa de Tex #628 colorida por Claudio Villa“, porque eu considerei as cores mais reais.
    Saudações texianas. 🙂

  3. Eu também gostei mais da capa pintada por Villa. É que o photoshop pasteuriza. E gostei mais do esboço que do próprio desenho terminado.

  4. Olá, José Carlos! Muito bom ver processos de trabalho da equipe de Tex. A cor digital está boa, mas é mais do mesmo. Já a cor do Villa tem mais personalidade.
    Grande abraço,

  5. Magnífica reportagem! Obrigado ao blogue, uma preciosidade. Também gostei mais da capa colorida por Claudio Villa (deve ter dado uma trabalheira…)

  6. Gostei mais da capa do Villa, o realismo nas cores ficou melhor, as sobrecores do caminho, paredes e rochas do chão ficaram mais reais.

  7. As cores do photoshop teriam menos impacto se a imagem não tivesse recebido um zoom tão acentuado. Chamou-se a atenção a sombra do Tex, lá no fundo do desfiladeiro. Ademais não concordo com a ideia de que o nosso Tex pule dessa altura sobre o trem.

  8. O desenho pintado à mão é sem dúvida muito mais bonito, com destaque para a pintura das rochas e a camisa de Tex.

  9. E é porque neste desenho, assim como nas outras capas do Villa, ele apenas deu uma “indicação de cor”, porque se fosse pra ir às bancas com a própria colorização de Villa. Ele teria “caprichado” muito mais, ficaria algo tipo a historia “O Duelo” de Civitelli, pintada em aquarela…
    Gostei mais da pintura original de Villa.
    E agora venho dar uma humilde sugestão, Zeca:
    Seria muito bom e enriqueceria ainda mais o seu Blog, se periodicamente trouxesse à tona essas capas com a pintura originais de Villa…

    • Realmente é pena que com o processo digital se perca um pouco da real maravilha que são as cores do Maestro Claudio Villa e eu que já tive nas minhas mãos várias capas originais do Villa digo-lhes que as imagens aqui mostradas no blogue não mostram ainda assim todo o seu esplendor…

      Quanto à (excelente) sugestão do pard Tiago Brito, volta e meia aqui no blogue damos espaço às capas do Claudio Villa, inclusive mostrando as suas pinturas originais e sempre que tivermos material, claro que iremos dando a mostrar a todos os nossos leitores e já temos agendada para a próxima semana um novo post dedicado a uma outra nova capa do Villa mostrando-a inclusive com a pintura do Maestro italiano para compararmos com o resultado final 🙂

  10. É unânime que gostamos mais das cores do Villa, aliás, vocês lembram das capas do Tex Edição Histórica no início da coleção? Elas tinham as cores aquareladas do Villa e eram (são) maravilhosas.

    Abraços,

    Sílvio Introvabili

  11. Villa é melhor que as cores da editora. Meu Deus, quanta qualidade. O maior astro dos quadrinhos italianos.

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