ENTREVISTA EXCLUSIVA: IVO MILAZZO (AUTOR CONVIDADO PARA A 9ª MOSTRA DO CLUBE TEX PORTUGAL, EM ANADIA, NOS DIAS 27 E 28 DE ABRIL)

Entrevista conduzida por José Carlos Francisco, com a colaboração de Júlio Schneider (tradutor de Tex para o Brasil)  na tradução e revisão.

Clube Tex Portugal realiza, em Anadia, nos dias 27 e 28 de Abril próximo a 9ª Mostra do Clube Tex Portugal, evento onde teremos a presença de IVO MILAZZO, motivo mais que suficiente para esta entrevista do blogue português do Tex com o autor italiano que estará então presente na capital da Bairrada no fim de semana de 27 e 28 de Abril no mui nobre MUSEU DO VINHO BAIRRADA.

Caro Ivo Milazzo, seja bem-vindo ao blogue português do Tex! Você estará presente em Portugal numa exposição do Clube Tex Portugal, na cidade de Anadia. O que representa para si esse evento que poderá contar com sua presença em um país estrangeiro?
Ivo Milazzo: Voltar a Portugal, depois da última vez em Beja, será uma oportunidade para rever os amigos e para uma visita à cidade de Anadia, que há tempos acolhe uma importante iniciativa sobre uma personagem que se tornou um ícone italiano da banda desenhada.

O que convenceu Ivo Milazzo, autor de fama mundial, a estar presente neste evento português dedicado a Tex?
Ivo Milazzo: Este ano, na mostra Lucca Comics & Games, a SBE publicará uma versão dupla (para livrarias e de luxo) da história Sangue no Colorado, feita em 1998 a partir do roteiro de Claudio Nizzi. Pareceu-me interessante divulgar o evento nesta ocasião dedicada a Tex e, ao mesmo tempo, comemorar um acordo com a Editora, que nos próximos anos publicará as histórias que criei ao longo da minha carreira para as personagens Nick Rider e Mágico Vento, em edição de capa dura para livrarias e não para bancas.

Quais as suas expectativas em relação à 9ª Mostra do Clube Tex Portugal?
Ivo Milazzo: Pode ser a oportunidade para conhecer melhor Lisboa junto com a colega brasileira Lu Vieira, artista emergente também em Itália. O seu conhecimento da língua permitir-me-á compreender melhor uma cultura que contaminou o próprio país e outros territórios durante o período colonial. A nossa sociedade foi formada por muitas culturas que se misturaram ao longo dos milénios em razão da migração constante. A realidade atual de povos que devem abandonar o próprio país devido ao condicionamento forçado de guerras, tiranias ou falta de alimentos, de cuidados e, muitas vezes, de direitos humanos essenciais, são só as dificuldades infinitas (expansionistas e religiosas) causadas por aquelas dominações distantes, jamais realmente resolvidas. Infelizmente a situação atual mostra que o homem nunca aprende com seus erros e nem com os horrores de guerras inúteis.

A ampliar um pouco o horizonte da entrevista: o que o convenceu a entrar na indústria dos quadradinhos?
Ivo Milazzo: A aptidão inata para a narrativa por imagens levou-me ao seu porto natural, que, através das emoções do desenho, permite-me entrar em sintonia com leitores de diversos países. Provavelmente seja esse o sentido desta profissão e da minha própria existência.

O que sentiu ao receber o convite para desenhar Tex?
Ivo Milazzo: Na época havia terminado a longa parceria criativa com Berardi, o que nos permitiu criar muitas obras de grande valor. A história única para a série anual de Tex foi uma importante oportunidade criativa. Ou talvez um verdadeiro desafio para enfrentar uma personagem que acompanhou a minha infância em uma forte comparação com o estilo pessoal que eu havia aprimorado nos desenhos do meu Ken Parker, e buscar o correto equilíbrio entre a minha visão narrativa e aquela que, a partir do pós-guerra, fascinou milhões de leitores em todo o mundo. Com respeito à personagem favorita de todos eles e à minha personalidade.

Como analisa a evolução da sua carreira?
Ivo Milazzo: Creio que permaneci focado por mais de duas décadas em expressar o meu desejo de contar histórias de aventura, sem analisar muito o que esse trabalho realmente significava. Depois disso, as mudanças inesperadas da vida foram a chave para observá-lo com outros olhos e compreender plenamente o seu papel mediático e cultural. E, sem dúvida, ajudou-me a compreender melhor a mim mesmo e aos outros.

Como avalia seu trabalho hoje em relação ao passado?
Ivo Milazzo: Quem realiza um trabalho ideativo tem a tarefa, senão o dever, de compreender as suas reais capacidades. Cada experiência pode ser uma oportunidade de olhar dentro do poço escuro e desconhecido da Criatividade. Se temos a coragem de seguir a curiosidade típica do hemisfério direito do nosso cérebro, podemos descobrir os infinitos recursos inatos e uma energia poderosa que a lógica da racionalidade nunca nos mostrará. Somente através dessa jornada trabalhosa um artista – ou um contador de histórias por imagens, como gosto de me definir – pode experimentar as armas potenciais de sua própria mente e de seu talento expressivo pessoal.
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Como se forma um desenhador do seu nível?
Ivo Milazzo: Creio que o maior obstáculo é entender qual é o talento individual, aquele que os antigos gregos chamavam de daimon – expresso nos justos limites pessoais para evitar transformá-lo em um demónio nefasto – e que a mais remota Índia definia como dharma no significado de Virtude. Se a compreende, essa vocação precisa ser acreditada, cultivada e desenvolvida através de um caminho específico em dinâmicas operacionais que permitam a ela emergir com força. Acreditar nos próprios recursos é a única certeza real que nos acompanha para nos tornarmos pessoas realizadas e existencialmente privilegiadas.
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No que está a trabalhar atualmente?
Ivo Milazzo: Terminei recentemente um livro que reúne as histórias curtas criadas nos anos 2000, no qual incluí um ensaio sobre Criatividade. Ao tomar consciência de que o tema era geralmente tratado com superficialidade e quase com conhecimento óbvio, pude verificar que, na realidade, sobre ele quase nada se descobriu de forma científica, muito menos sobre a fonte da intuição. E eu mesmo também sabia muito pouco a respeito, depois de mais de cinquenta anos de profissão. Então, que melhor oportunidade do que essa para aprofundar o tema, ao viver numa sociedade condicionada de uma forma que gera ansiedade pelos efeitos do pensamento racional focado no lucro e na imortalidade?

O que Tex representa para si e qual a importância dele na sua vida?
Ivo Milazzo: Talvez um visionário estímulo adolescente para me tornar o autor que sou hoje.

Para concluir, quer deixar uma mensagem aos seus admiradores que irão a Anadia?
Ivo Milazzo: Será um enorme prazer encontrá-los para se apertar as mãos, olhar nos olhos e compartilhar a emoção de se conhecer.

Caro Ivo, em nome do blogue português do Tex agradecemos muito pela entrevista que tão gentilmente nos concedeu.
Ivo Milazzo: Obrigado a vocês pela estima e extrema cortesia.

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

Intervista esclusiva: IVO MILAZZO (in occasione della sua presenza alla 9ª Mostra del Club Tex Portogallo)

Intervista condotta da José Carlos Francisco, con la collaborazione di Júlio Schneider (redattore di Tex per il Brasile) per le traduzioni e le revisioni.

Per celebrare un nuovo anno di vita del Club Tex Portogallo, si terrà una nuova Mostra al Museo del Vino e della Vigna di Anadia (il luogo più importante della città). Situata nel centro del Portogallo, Anadia dista 25 km a nord di Coimbra e 90 km a sud di Oporto.
L’esposizione avrà luogo nei giorni 27 e 28 aprile con la presenza di quattro grandi nomi di Tex: Ivo MILAZZO, Fabio CIVITELLI, Sandro SCASCITELLI e Pedro MAURO.

Caro Ivo Milazzo, benvenuto al blog portoghese di Tex! Sarai presente in Portogallo ad una Mostra del Club Tex Portogallo, nella città di Anadia. Cosa rappresenta per te questo avvenimento che potrà contare sulla tua presenza in un paese straniero?
Ivo Milazzo: Tornare in Portogallo, dopo l’ultima volta volta a Bejá, sarà l’occasione per salutare gli amici e per una visita alla città di Anadia che ospita da tempo un’importante iniziativa su un personaggio divenuto un’icona italiana del Fumetto.

Cosa ha convinto Ivo Milazzo, autore di risonanza mondiale, ad essere presente a questo evento portoghese dedicato a Tex?
Ivo Milazzo: Quest’anno a Lucca Comics & Games la SBE editerà una doppia versione (per libreria e di lusso) della storia “Sangue sul Colorado”, realizzata nel 1998 sui testi di Claudio Nizzi. Mi è sembrato interessante divulgare l’evento in questa occasione dedicata a Tex e nel contempo celebrare un accordo con la Casa editrice che nei prossimi anni pubblicherà le storie che ho creato in carriera sui loro personaggi Nick Rider e Magico Vento, in un’edizione cartonata per le librerie invece che in edicola.

Quali sono le tue aspettative relativamente alla 9ª Mostra del Club Tex Portogallo?
Ivo Milazzo: Può essere l’occasione per vedere meglio Lisbona insieme alla collega brasiliana Lu Vieira, artista emergente anche in Italia. La sua conoscenza della lingua mi permetterà di comprendere più a fondo una cultura che ha contaminato il proprio paese e altri territori durante il periodo coloniale. La nostra società si è formata dalle tante culture mescolatesi nei millenni per il loro perenne migrare. La realtà attuale di popoli che devono lasciare il proprio paese per il condizionamento forzoso di guerre, tirannie o mancanza di cibo, di cure e molte volte di essenziali diritti umani rappresenta solo i nodi infiniti (espansionistici e religiosi) causati da quelle lontane dominazioni, in vero mai risolti. Purtroppo, la situazione odierna racconta che l’Uomo non impara mai dai propri errori né dagli orrori di inutili guerre.

Allargando adesso un po’ l’orizzonte dell’intervista: cosa ti ha convinto ad entrare nell’industria dei comics?
Ivo Milazzo: L’attitudine innata verso la narrazione per immagini mi ha condotto nel suo porto naturale che, attraverso le emozioni del disegno, mi permette di entrare in sintonia con i lettori di varie nazioni. Probabilmente, questo è il significato di tale mestiere e della mia stessa esistenza.

Cos’hai provato quando hai ricevuto l’invito per disegnare Tex?
Ivo Milazzo: In quel periodo si era concluso il lungo sodalizio creativo con Berardi che ci aveva permesso di realizzare molte opere di spiccato valore. Quell’unica storia per la collana annuale di Tex è stata un’importante opportunità creativa. O forse una vera sfida per affrontare un personaggio che aveva accompagnato la mia infanzia in un forte confronto con lo stile personale che avevo affinato sulle tavole del mio Ken Parker, cercando di trovare il corretto equilibrio tra la mia visione narrativa e quella che aveva affascinato dal dopoguerra in poi milioni di lettori sparsi nel mondo. Con rispetto verso il loro beniamino e la mia personalità.

Come analizzi l’evoluzione della tua carriera?
Ivo Milazzo: Penso di essere rimasto concentrato per oltre due decenni a esprimere il mio desiderio di raccontare delle storie di avventura, senza riflettere troppo su cosa significasse veramente questo lavoro. Nel tempo successivo, i cambiamenti inattesi della vita sono stati la chiave per osservarlo con occhi differenti e comprendere a fondo il suo ruolo mediatico e culturale. E, senza dubbio, aiutandomi a capire meglio me stesso e il prossimo.

Come valuti il tuo lavoro di oggi in rapporto al passato?
Ivo Milazzo: Chi esercita un lavoro ideativo ha il compito, se non il dovere, di capire le proprie reali capacità. Ogni esperienza può essere un’occasione per guardare dentro il pozzo oscuro e misconosciuto della Creatività. Se abbiamo il coraggio di seguire la curiosità tipica dell’emisfero destro del nostro cervello, possiamo scoprire le congenite risorse infinite e una potente energia che la logica della razionalità non ci mostrerà mai. Soltanto tramite questo faticoso cammino un artista, o un narratore per immagini come amo definirmi, può sperimentare la potenziali armi della propria mente e quelle del personale estro espressivo.
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Come si forma un disegnatore del tuo calibro?
Ivo Milazzo: Penso che il maggiore ostacolo e’ capire quale sia il talento individuale, quello che gli antichi greci chiamavano “daimon” – espresso nei giusti limiti personali per evitare di trasformalo in un “demone” nefasto – e che l’ancor più remota India definiva “dharma” nel significato di Virtù. Se la si capisce, tale vocazione ha la necessità di essere creduta, coltivata e sviluppata tramite uno specifico cammino in dinamiche operative che le permettano di emergere potentemente. Credere nelle proprie risorse e’ l’unica reale certezza che ci accompagna per diventare persone realizzate ed esistenzialmente privilegiate.
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Su che cosa stai lavorando attualmente?
Ivo Milazzo: Ho terminato da poco un libro che raccoglie le storie brevi realizzate negli anni 2000, in cui ho inserito un saggio sulla Creatività. Avendo preso coscienza che tale argomento venisse in genere trattato con superficialità e quasi con ovvia conoscenza, ho potuto verificare che in realtà su di esso non si è scientificamente scoperto quasi nulla, tantomeno sulla fonte dell’intuizione. E anch’io ne sapevo molto poco dopo oltre cinquant’anni di professione. Allora, quale buon occasione se non questa per approfondire l’argomento vivendo in una società condizionata in forma ansiogena dagli effetti del pensiero razionale incentrato su profitto e immortalità?

Cosa rappresenta Tex per te e quale è la sua importanza nella tua vita?
Ivo Milazzo: Forse un visionario stimolo adolescenziale per diventare l’autore che sono oggi.

In conclusione, vuoi lasciare un messaggio ai tuoi ammiratori che si trasferiranno ad Anadia?
Ivo Milazzo: Sarà un enorme piacere incontrarli per stringere loro la mano, guardarli negli occhi e condividere l’emozione della conoscenza.

Caro Ivo, a nome del blog portoghese di Tex ti ringraziamo moltissimo per l’intervista che ci hai così gentilmente concesso.
Ivo Milazzo: Grazie a voi per la stima e l’estrema cortesia.

(Cliccare sulle immagini per vederle a grandezza naturale)

PEDRO MAURO (primeiro e único desenhador brasileiro de Tex) autor convidado especial em Anadia, acompanhará Fabio Civitelli, Sandro Scascitelli e Ivo Milazzo na 9ª Mostra do Clube Tex Portugal

* Pela primeira vez em Portugal, QUATRO autores de Tex juntos num único evento!

* 9ª Mostra do Clube Tex Portugal, realiza-se nos dias 27 e 28 de Abril de 2024, em plena capital da Bairrada (Anadia – Museu do Vinho Bairrada) e para além de FABIO CIVITELLI, de SANDRO SCASCITELLI e de IVO MILAZZO também contará com a participação de PEDRO MAURO!

PEDRO MAURO, estrela texiana que também participará na 9ª Mostra do Clube Tex Portugal, nos dias 27 e 28 de Abril, na cidade de Anadia

A direcção do Clube Tex Portugal, no final do ano passado, deu a conhecer ao nosso Blogue que a 9ª Mostra do Clube, iria realizar-se no mês de Abril de 2024 e que teria a participação de Fabio Civitelli e de Sandro Scascitelli. Mas afinal deixando a tradição (presença de dois autores) de lado, este ano não teremos apenas duas estrelas texianas, nem sequer três, a abrilhantar este evento que hoje em dia é já um dos principais eventos anuais dedicados ao Ranger em todo o mundo e assim sendo o Blogue Português do Tex dá a conhecer a todos os fãs e coleccionadores de Tex, mas em especial aos sócios do Clube Tex Portugal, que para além do já anunciado Ivo Milazzo (desenhou o Tex Gigante “Sangue no Colorado“) também virá abrilhantar, como Autor Convidado Especial, a 9ª Mostra do único Clube em Portugal dedicado exclusivamente a um herói da BD e o primeiro Clube oficial de Tex no mundo, PEDRO MAURO (desenhador brasileiro que se estreou recentemente no staff oficial de autores de Tex) juntando-se então a Fabio Civitelli, a Sandro Scascitelli e a Ivo Milazzo para deleite dos fãs e coleccionadores de Tex que normalmente prestigiam as Mostras do Clube e dos que virão pela primeira vez, inclusive de países como Espanha, França, Inglaterra e Holanda, para além obviamente do Brasil e Itália, fazendo com que a Mostra Texiana de Anadia seja cada vez mais internacional!

Fabio Civitelli (que deste modo regressa a Portugal pela sétima vez, depois de já nos ter brindado com a sua presença no Salão de Moura (2007), no Festival da Amadora (2008), no Festival de Beja (2010), no Salão de Viseu (2011), no Festival do Porto (2012) e na Comic Con Portugal (2019), completando deste modo um percurso único a nível mundial, já que nunca anteriormente um artista da Nona Arte teve o privilégio de ter sido convidado para abrilhantar todos os principais eventos realizados em Portugal), Sandro Scascitelli (que se estreia no nosso país), Ivo Milazzo (que regressa a Portugal depois da presença em Beja, em 2011) e Pedro Mauro (que também faz a sua estreia num evento português) estão assim confirmados como presenças asseguradas da próxima Mostra do Clube Tex Portugal, que irá realizar-se, como sempre, em Anadia, nos dias 27 e 28 de Abril no Museu do Vinho Bairrada, devido ao interesse e apoio da autarquia Bairradina, numa parceria com o Clube Tex Portugal, que já vem desde 2014, ano da realização da 1ª Mostra do Clube.

Tex Willer na fantástica Arte de Pedro Mauro

Se três desenhadores de Tex (Fabio Civitelli, Sandro Scascitelli e Ivo Milazzo) em Anadia já era um feito incomensurável… ter um quarto desenhador do staff oficial do Tex (Pedro Mauro) na 9ª Mostra do Clube Tex Portugal, nos dias 27 e 28 de Abril, é um verdadeiro feito épico!

Cada vez mais Anadia prova que não é apenas a capital portuguesa do Tex, mas sim a capital mundial do Tex!!!!!!!!

Pedro Mauro participará em Anadia das sessões de desenho ao vivo, autógrafos e conversas Texianas para deleite dos fãs do Ranger

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Arriba… GRINGO volume 3 (de 4), de Wilson Vieira com o selo da Red Dragon Publisher, já disponível no Brasil

TETRALOGIA LITERÁRIA WESTERN!!
EDITORA RED DRAGON PUBLISHER.
EDITOR – ALEX MAGNOS
ESCRITOR – WILSON VIEIRA
ILUSTRADOR DA CAPA – FRED MACÊDO
VOL. 3 – CONTENDO 326 PÁGINAS!!
ARRIBA…GRINGO!!
Saído das cinzas de uma guerra civil, um mestiço leva consigo as marcas de um passado sangrento. A morte o rejeitou, mas ainda pode levá-lo a qualquer momento. E isso significa enfrentar a crueldade, o ódio, a vingança e os fantasmas da mente. Porém não procura desforras ou redenção; somente e simplesmente sobreviver. Acompanhe GRINGO, um cavaleiro solitário, enquanto ele está vivo. Os tradicionais heróis do Wild Old West, estão sempre prontos para enfrentar seus inimigos, respeitando as regras de um jogo leal. GRINGO não! Ele não é esse tipo de herói idealizado, ele simplesmente rompe a mesmice.

A VERDADEIRA HISTÓRIA DO PERSONAGEM GRINGO; SUAS AVENTURAS DENTRO E FORA DA GUERRA CIVIL AMERICANA… ONDE O HEROÍSMO… NUNCA EXISTIU!!
GRINGO – Aqui os personagens são de moral duvidosa, como nos filmes de faroeste mais realistas de Sergio Leone, e a linha que separa o bem do mal é tênue e empoeirada.
Afastando-se das regras do western clássico e repetitivo, impressas na memória colectiva, Leone transfigura magnificamente o género, conferindo-lhe uma “forte cor barroca” tipicamente latina e muito mais credível em todos os sentidos, pensando naquele período da América. História.
Então, em suma, como historiador, essa visão realista do Velho Oeste é perfeita como Wilson Vieira o vê, neste seu personagem…

As Resenhas de Rafael: Tex Willer Especial nº 2 (Mythos Editora) – Um Homem Pacato

As Resenhas de Rafael*

Tex Willer Especial nº 2: Um Homem Pacato
Roteiro: Roberto Recchioni
Arte: Stefano Andreucci
130 páginas
Editora: Mythos

Por longos anos, o nome de Sam Willer ocupou uma simples nota de rodapé na história contada de seu irmão mais velho, Tex. Ainda que o passado do ranger mais famoso do Oeste tenha sido contado pelo próprio Gianluigi Bonelli em tempos pretéritos, o foco narrativo voltado para as origens de Tex só ganharia relevância em 2017, quando foi lançado o já mítico Maxi Tex nº 21 na Itália, publicado pela Mythos Editora no mesmo ano com o título apropriado “O nascimento de um herói“.

Desde então, sob a batuta de Mauro Boselli, diversos autores se ocupam em remontar os anos de formação do lendário personagem italiano, num esforço centrado no título “Tex Willer“, mas que perpassa outras publicações, como Tex Gigante (a exemplo dos volumes “O Magnífico Fora da Lei” e o recente “Pela Honra do Texas“), Tex Graphic Novel (como “Justiça em Corpus Christi” e “O Vingador“) e o próprio Maxi Tex mencionado. Nesse mosaico de grandes e pequenas tramas reveladas, a série “Tex Willer Especial” acabou também incluída, sendo um complemento ao título mensal.

E se Sam Willer já vinha tendo maior destaque nessa era voltada às raízes texianas, é no segundo volume de “Tex Willer Especial” que ele finalmente ganha o merecido protagonismo e desenvolvimento adequado, provando que mesmo os homens simples podem estar destinados aos grandes feitos. Há, por sinal, uma humanidade singular em Sam: como crescer à sombra de alguém perfeito em tudo? Tex crescera valente, destemido perante os desafios, corajoso quando posto diante do perigo, impiedoso na defesa da justiça. Uma lenda viva, forjada no berço.

Sam, por outro lado, carecia do ímpeto tão característico de seu irmão. Era ruim de mira, temia tirar a vida do outro, preferia o sossego dos pastos à vida errante pelo Oeste. Não por acaso, cada um segue um rumo diferente. Enquanto Tex parte para o destino que conhecemos, resta a Sam Willer cuidar do rancho da família, honrando a memória e o esforço de seus pais, pioneiros no vale Nueces. É sobre esse trecho de sua vida que Roberto Recchioni se debruça em “Um homem pacato“, em roteiro ilustrado por um Stefano Andreucci em grande forma.

A história poderia ser descrita como uma crônica sobre o trabalho árduo de um homem, em tempos de desbravamento da fronteira no Texas. Sam trabalha com esmero, auxiliado por Clancy, um caubói leal, mas que também sonha em fazer sua própria fortuna. Ao se ver sozinho na função, nosso protagonista acaba aceitando a oferta de John McQuarrie, um rival da juventude, que trilhara o caminho da bandidagem, mas que buscava uma segunda chance na vida, compensando os erros cometidos.

Sam e John partilham jornadas exaustivas de trabalho, testemunhadas pela viúva Susan Harris, levada pelo interesse naquele fazendeiro honesto (e muito zeloso no modo como fazia a corte). Mas sua dedicação à lida no pasto também era percebida pelos outros criadores da região, que, representados na figura de Lonny Nelson, o convidam a fazer uma viagem com a manada até Brownsville, onde a venda do gado seria feita. A princípio reticente, Sam Willer aceita o desafio, partindo na companhia do próprio Lonny, além de McQuarrie, dois caubóis contratados e Clancy, agora dono de algumas cabeças de boi. Uma dura jornada, que reservará surpresas ao irmão de Tex, pondo em prova não só suas convicções, mas também sua coragem.

Recchioni propõe uma trama vagarosa, que se constrói como o tempo que não se prende ao relógio, mas segue o passo do gado, ruminando sobre a pradaria. Vemos cenas prosaicas, como Sam trabalhando no chiqueiro dos porcos, como a testemunhar seu envolvimento nas tarefas diárias. Dias pacatos, sem grandes acontecimentos, que correm o risco de terem um fim quando John McQuarrie revela sua verdadeira face, dando a deixa para o ato final, quando o roteirista explora novas camadas do nosso protagonista.

É quando percebemos que Sam não é um simples contraponto à personalidade do irmão, ou mero arquétipo explorado nas aventuras ambientadas na fronteira. Ele carrega seus próprios medos, traumas e fardos. A certa altura, por exemplo, revela à viúva Harris que não se sentia o verdadeiro dono da fazenda, como se ainda vivesse sob o jugo dos pais, já falecidos. É instigado pelo senso de pertencimento, alimentado pelo brio de um homem que se entrega integralmente às tarefas executadas, que Sam Willer decide partir para o confronto contra quem ameaça sua vida. Quais consequências o batismo de sangue deixará em Sam?

O traço de Andreucci impressiona pelo detalhismo da paisagem árida do Texas. Entretanto, a luminosidade cegante do sol cede espaço ao uso preciso de sombras quando necessário, seja em enquadramentos que contemplam vários personagens em cena, seja na elaboração de cenas que nos colocam na perspectiva da vida modesta e tranquila de Sam, um homem com temperamento dócil, mas consciente do meio que o cerca e disposto a pagar o preço pelo seu quinhão de terra.

* Rafael Machado é professor, escritor e jornalista. Publica suas resenhas no perfil do instagram “Leituras do Exílio“, além de colaborar com o sítio “Quinta Capa”.

(Imagens – da versão original italiana) disponibilizadas pela Sergio Bonelli Editore; clicar nelas para as apreciar em toda a sua extensão)