As Leituras do Pedro: Tex – O Sinal de Yama

As Leituras do Pedro*

Tex: O Sinal de Yama
Mauro Boselli (argumento)
Fabio Civitelli (desenho)
Mythos Editora
Tex #573, #574 e #575
Brasil, Julho, Agosto e Setembro de 2017
135 x 175 mm, 11 4 p., pb, capa mole, mensal

R$ 8,90/ 3,60 €


Tex: O sinal de Yama
Brasil, Maio de 2018
190 x 260 mm, 330 p., pb, capa dura
R$ 74,90 €

Já o escrevi mais de uma vez. Descobri Tex na adolescência – em edições emprestadas. Não sei quantas li mas, curiosamente – digo eu agora – a imagem que me ficou deste western tradicional, foram os confrontos fantásticos do Ranger e dos seus pards com a dupla de feiticeiros Mefisto/Yama, pai e filho.

Acentuando o carácter realista das histórias de Tex Willer, outra dupla de pai e filho, Gianluigi e Sergio (Bonelli), como autores e editores, souberam criar-lhe sucessivamente novos adversários, raramente recorrentes, para dar força à excepção: os dois atrás citados, mesmo assim só pontualmente presentes nas suas aventuras. Na verdade, entre a criação de Mefisto, em 1971, e este relato de 2016 que agora abordo, uma mão cheia é suficiente para contar os confrontos que tiveram com o Ranger.

Comum a todas elas é a escolha de grandes autores – dos nomes mais fortes das equipas criativas do Ranger de cada época – para darem corpo a mais um momento de um longo confronto tornado eterno pela imortalidade sobrenatural dos magos e a imortalidade (própria de um herói de papel) de Tex. Desta vez, são Mauro Boselli e Fabio Civitelli – autores que dispensam apresentação – os responsáveis por mais um relato fantástico – duplamente fantástico, na sua dimensão sobrenatural e na sua força narrativa.

Porque, se é verdade que com ligeiras excepções as histórias de Tex ancoram no mais sólido realismo, estes confrontos assumem um carácter sobrenatural e de terror, que Boselli e Civitelli, – o primeiro pelo tom escolhido, o segundo pela sua tradução em belas e impactantes imagens, ambos pela dimensão que conferem ao todo – acentuam num longo intróito, de mais de três dezenas de pranchas em que assistimos à ressurreição – mental – de Yama, através da combinação de elementos fantásticos – um longo desfile de demónios, presciências e visões – com outros elementos naturais – um tornado que se abate violentamente (orquestrado pelas tais forças sobrenaturais…?) sob um pequeno povoado do oeste.

Após este início de cortar a respiração, começa então a aproximação entre caçadores e caçados – mesmo que por vezes os papéis pareçam inverter-se ou se invertam mesmo – com Yama, à distância, aparentemente a mexer todos os cordelinhos, guiando os seus inimigos para a armadilha que laboriosamente preparou.

O sinal de Yama

É um percurso lento, com avanços e recuos, com momentos chave e acontecimentos que virão a ganhar importância, que vão prendendo o leitor e fazê-lo ansiar pelo confronto final – com algum receio pelo destino dos seus preferidos.

O sinal de Yama

Mas, se o intróito foi longo e detalhado, o final, sem ser abrupto como de outras vezes, surge mais cedo do que o esperado e não se mostra à altura das expectativas (tão bem) criadas, deixando um sabor a pouco – ou pelo menos conformando-se apenas ao que era expectável…

O sinal de Yama

Publicada no final de 2016, em Itália, teve edição brasileira na colecção regular de Tex – nos números #573 a #575, onde li esta história. Desde Maio último, O Sinal de Yama existe também disponível numa edição de grande formato, bom papel e capa dura. O leitor – ou a sua carteira por ele! – fará a escolha, mas sem dúvida, este é um dos casos em que o tamanho importa e faz a diferença.

*Pedro Cleto, Porto, Portugal, 1964; engenheiro químico de formação, leitor, crítico, divulgador (também no Jornal de Notícias), coleccionador (de figuras) de BD por vocação e também autor do blogue As Leituras do Pedro

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

Um comentário

  1. Comprarei imediatamente o volume cartonato italiano quando sair uma edição a cores.

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