Especial Bonelli – A trajectória de Julia e Martin Mystère: Era Moderna

Joana Rosa Russo

Por Joana Rosa Russo (Advogada de profissão, gamer por paixão) [1]

E finalmente chega ao fim nosso especial de matérias -quase investigativas, é verdade! -, sobre os games inspirados e licenciados pela Sergio Bonelli Editore, que por algum motivo, acabaram perdidos no tempo e espaço. Verdade seja dita: seria muita injustiça deixar morrer tais arquivos. Não só pela composição da história das “franquias”, mas como e também, sobre a evolução dos games em si, que volta e meia já reforcei nos outros dois especiais e que podem ser vistos clicando AQUI e AQUI!

Todo processo evolutivo deixa marcas de mudanças de género, conceito e estilo. Em 2017 vemos um boom de jogos indies e uma demanda crescente por games mais “simples”, visual e essencialmente falando. Em termos de mercado, a produção de jogos desse género são baixos, e muitos produtores e desenvolvedores independentes têm se aventurado, até mesmo na seara mobile, que está ganhando força e consome uma boa fatia do mercado de jogos. OK, GAMER, eu sei… jogador de “joguinhos de telemóvel” não deveria entrar na conta, mas cuidado: se você tomar como base a existência de games como Modern Combat e N.O.V.A… é melhor rever seus conceitos.

Bem, facto é que a Bonelli e suas personagens também estão presentes na era moderna dos games, que é enquadrada de 2005 para cá.

E para começarmos a aquecer, que tal falarmos mais sobre Martin Mystery?!

Martin Mystery (ou Martin Mystère)

Antes de falarmos sobre cada publicação, vale uma rápida passagem sobre as edições noticiadas e misteriosas (ao pé da letra), sobre alguns pontos:

  • 1994 – A primeira aparição do nome do detective do impossível, no mundo virtual, foi catalogada no site uBC Fumetti, que, durante uma entrevista com Fracesco Carla, fundador da produtora Simulmondo, fora indagado sobre a produção deste game. Carla esclareceu que realmente chegou-se a anunciar o desenvolvimento do jogo de Martin Mystère, nos idos do ano de 1994, inclusive com direito a publicação de anúncio. Porém, segundo a Wikipédia italiana, o que justificou o abandono do projecto teria sido a perda de interesse pelos jogadores nos games inspirados em quadradinhos.  Localizamos no site da uBC Fumetti a propaganda de anúncio, confiram:

  • Em 1997, a Leonardo Studio, lança efectivamente o primeiro título de Martin sob a categoria de aventura textual, seguindo a mesma tendência já apurada em outros jogos de personagens Bonelli.“Martin Mystère presenta i segreti del Po”, diferente de seus antecessores espirituais, já contava com uma roupagem mais moderna, com um esquema de BD em tempo real com a acção e opção do jogador muito bonita, traduzindo bem a dinâmica de leitura. A diferença aqui também reside no enredo: este game, em especial, é didacticamente atractivo, pois explora a geografia e a história da região do Grande Rio, sem contar na incrível catalogação das culturas locais.
  • 2004 – 2005 – A Artematica produz mais um título, que em verdade é o último que se tem notícias, intitulado  Martin Mystère – Operazione Dorian Gray, já como uma aventura em 3D sob o viciante tipo “aponte e clique”, inspirado na famosa história contada nas BDs números 62, 63, 64, da série regular. O título seguiu a inteligência já destacada em 1997, o que rendeu um prémio à produtora: Prémio alta qualidade para as crianças, o “Il Grillo”, em 2005.
  • 2008 – Aqui apenas faremos uma breve referência, porque o game em si, NÃO tem relação directa com as histórias em quadradinhos propriamente ditas.  Lançado para o Nintendo DS,  Martin Mystery: Monster Invasion, é baseado na animação que traz os personagens Martin, Java e Diana. O game é um RPG a lá Pokemon (tipicamente característico da Nintendo): um cenário com personagens diminutos que andam pelos ambientes com interacção em destaque por turno. A diferença aqui é que para a interacção com a caneta do console portátil, há puzzles para resolver “na mão”. A desenvolvedora responsável é a  OUAT Entertainment, e como publisher, a gigante Ubisoft (calma, você não precisa comprar uma DLC para ler este post… XD). Aqui, para os que estão acostumados com a cara “old school” de Martin, é choque na certa: os personagens foram “maganizados” e ganharam traços joviais e desengonçados, com personalidades marcantes e exageradas. Fui conferir por curiosidade, e confesso que fiquei impressionada:

  • N/D – Em algumas buscas pela Internet localizamos uma desenvolvedora Francesa, a TotalYOO,  que produz muitos joguinhos online e free-to-play, inspirado em séries animadas como Totally Spies e Atomic Betty (são muitas, e é muito bom para a linha teenager). Dentre suas produções Martin Mystery: com os mesmos personagens presentes no game para DS, mas com um grupo de quatro histórias jogáveis totalmente pelo computador em seu próprio navegador. Não, este game também não tem ligação com as histórias em quadradinhos.
  • 2012 – Era Mobile: por incrível que pareça localizei indícios sobre a produção de dois games de Martin Mystery para IOS. No entanto, as páginas do site da própria Bonelli Editore, não estão mais disponíveis, o que fez com a que a menção na página da Wikipedia Italiana fosse o único ponto de partida. Infelizmente não consegui localizar o App nem na Apple Store e nem na sua concorrente, a Google Play… Quem sabe meu contacto com a Editora esclareça algo para nossa comunidade! 😉

Martin Mystery – O senhor do mistério da velha e nova guarda.

1. A “primeira” aparição: 1997 – “Martin Mystère presenta i segreti del Po” (“mas você disse que era moderna era de 2005 para cá..” Disse e é mesmo. Mas não podemos negar a história deste jogo, então leia, porque também é cultura!) 😉

O primeiro título efectivo de MM veio com uma proposta multidisciplinar fantástica, como já adiantei nos comentários acima. Mas a originalidade desta abordagem trouxe um grande sucesso grande na época de seu lançamento.

De cara é possível entender o porquê da fama: o jogador tem três caminhos a escolher: “O retrato do Grande Rio” – em que foi colectado, pelo Centro Etnográfico Ferrarese, vários testemunhos orais de pessoas que passaram a vida nas margens o Grande Rio, “o Delta Gulliver” – dedicada à representação do território do Delta, que foi lindamente apresentada por via aérea e pinturas, além do grande arcabouço cultural, e, finalmente,  … “A história em quadradinhos Martin Mystère”!

Ao clicar no último item que você acessar a versão multimídia de três contos de Martin, em que o arqueólogo da casa Bonelli investiga o destino de muitas lendas. “Nostra Signora dei Fulmini”,  e “Il ragno d’oro” (dois contos escritos por Castelli e projectado por Alessandrini, editados, respectivamente, em 1989 e em 1993 e agora disponível na quarta emissão extra de Martin Mystere,“Il sorriso della Gioconda e altri racconti”) e finalmente, a “Le vie del Delta (uma banda desenhada inédita, escrita por Roberto Roda e desenhado por Montanari & Small).

A presença de Castelli & Alessandrini não pode deixar de constar não só na BD: o trabalho de harmonização de cenas e musicas nos ambientes e nas interacções dos desenhos são nada menos que magníficas. A ênfase musical é muito bem sucedida no clímax das duas histórias obtido através de efeitos visuais e sonoros sincronizados. Destacam-se, em particular, o tempo e o barulho do trem em“Nostra Signora dei Fulmini”.

Também na secção de quadradinhos de Martin, nos bastidores, há  acesso ao roteiro de “Os caminhos do Delta”, nos esboços desenhados por Roberto Zaghi, Germano Bonazzi e Massimo Rotundo para os personagens de desenhos animados de Roda, sem contar na homenagem por vários desenhadores para o personagem criado por Castelli. Entre estes destacam-se o trabalho realizado pelos designers que trabalham com a SBE: Bonazzi e Zaghi (novamente), e o jovem Thomas Fields, actualmente trabalhando em um roteiro de Julia escrito por Giancarlo Berardi.

O que dá a interacção apurada no jogo é que, a cada resposta dada, seja ela certa ou errada, o jogo conta o facto histórico que embasa a situação. Daí ser classificado pelo pessoal da uBC Fumetti como multidisciplinar.

Outro factor de interesse, especialmente do ponto vemos coleccionável, o registo inédito de MM anexado ao CD-Rom: atrás de uma bela capa de Alessandrini, um processo interessante demonstra que examina a questão dos quadradinhos ambientados na área do Delta, carteiras e ilustrações dedicado a Goum por designers da SBE e a versão impressa da revista em quadradinhos “Os caminhos do Delta.”.

A experiência de jogabilidade é fascinante. Pelas palavras dos editores do site uBC Fumetti: ver os rostos e ouvir as vozes de um dono de restaurante que se exalta com a receita de enguia frita; uma senhora idosa que fala de velhas crenças populares; outros locais que contam episódios relacionados com a ocupação nazista, que lembram as vicissitudes experimentadas durante a época, ou que você ainda tem, com perfeita naturalmente, como testemunhas de avistamentos de OVNIs.

2. Martin em 2005 – Martin Mystère: Operation Dorian Gray

Desenvolvido pela Artemática, Martin Mystère: A Operação Dorian Gray, já vem com uma roupagem totalmente renovada. Agora já enquadrado nas categorias dos famosos “aponte e clique”, e já tendo absorvido a famosa vertente de Crime Stories. Agora o game revira os arquivos de Martin Mystère na América do Norte, é a única adaptação de videogame em 3D da franquia de quadradinhos de ficção cientifica italiana.

O jogador assume o papel de um jovem agente do FBI chamado Martin Mystère, que actualmente está investigando um brutal assassinato de um respeitado cientista chamado Professor Eulemberg. O caso levará o jogador por uma viajem por todo o mundo, em aventuras perigosas e emocionante, em uma corrida contra o relógio.


A jogabilidade é padrão para jogos de aventura gráfica: busca de itens para resolver enigmas de lógica. Como o jogo é relativamente actual, é possível oferecer a você, leitor, um pequeno sabor do game:

Entretanto, o game não vingou: a Metascore  dele atingiu a nota de 45, e chegou ao rating de 4,7 pela avaliação dos usuários. Vários veículos de análise promoveram suas críticas, muito ácidas e bem maldosas, que em verdade, devo ponderar que foram exageradas.

O editorial da Computer Gaming Magazine deu uma crítica mordaz descrevendo o jogo como “trágico”; a grande IGN considerou-o como “genérico” e sem grandes dificuldades na resolução dos puzzles, ressaltando que o próprio ambiente soluciona a questão para o jogador. A GameSpot avaliou como arcaico demais. Dentre as críticas mais contundentes, destaca-se a da Game Chronicles, que apontou que “os enigmas eram ilógicos e a história não fazia sentido“.

Mas alguns jogadores tiveram outra percepção. As palavras de um deles: “Sim, mau diálogo e tradução mal feita, mas a música é maravilhosa e não idiota, mudando com você indo de sala em sala. E o ambiente é bem criado. Mais importante ainda, os quebra-cabeças tem lógica e é bom, já que você não pega simplesmente as coisas que você precisa usar até que você tenha uma razão para usá-las. Não acumular meramente.. O jogo traz de volta os jogos de aventura!”.

E neste ponto, concordo com o usuário JeremyB.: jogos de aventura não são de classificação única, como já ponderamos no segundo especial. E em verdade, se não fosse pelo surgimento das aventuras textuais melhoradas nos “aponte e clique”, boa parte da evolução que conhecemos do género poderia ter encontrado dificuldades de popularização ou até mesmo emperrado o desenvolvimento tão fluido que conhecemos hoje.

Julia Kendall

  1. JULIA: INNOCENT EYES

Pois é, descobrimos que sim, amigo, Julia teve um game para PC! Relativamente novo, ele foi lançado em 2010. Produzido pela Artematica e distribuído pela Warner Bros, o jogo é conceitual no infalível modo aponte e clique. Mas a mecânica de cinema envolvida é muito bem estruturada e conta com cutscenes muito bem desenhadas.

O jogo saiu em três episódios, todos lançados em 2010:

a. Parole non dette (24 de Setembro de 2010): a história acontece na noite de Halloween, quando a filha do Juiz Howard é assassinada na garagem de sua casa. O corpo da menina foi encontrado pelos pais, que decidiram voltar mais cedo das férias, por não terem conseguido contactar a garota pelo telefone.
Julia e Webb se encarregam da investigação, que se inicia na casa de Howard. Onde trabalham com as hipóteses de crime passional e uma retaliação ao pai da menina devido a um veredicto recente do juiz.

b. Istinto predatore (22 de Outubro de 2010): este episódio corresponde ao segundo dia da investigação, e se inicia na casa de Julia. Desta vez, além da criminóloga e Webb, também é possível jogar com o sargento Ben Irving, executando algumas tarefas de escritório e auxiliando as investigações através de informações valiosas.

c. Lacrime nere (10 de Dezembro de 2010): este episódio corresponde ao terceiro e último dia da investigação, onde o trio de investigadores é complementado poe Leo Baxter, investigador particular e amigo pessoal de Julia.

Por causa de sua recente história, acha-se facilmente conteúdo de lançamento no YouTube:

Está disponível também, aos mais curiosos, como esta que vos escreve, a gameplay de um dos episódios, no qual podemos verificar o excelente trabalho na renderização das passagens de cena e ambiente, sem contar no trabalho fotográfico do jogo, principalmente quando se explora objectos de proximidade, como a bolsa de Julia:

A cinemática é fluída e a lógica que vemos nas gameplays ficam em um bom nível de dificuldade.

Infelizmente não houve continuidade deste game… O que mais me intrigou no levantamento destas informações: tirando por algumas séries de informações repetidas e traduzidas em diversos sites, não se tem sequer a avaliação da metacritic, mesmo sendo recente. Há poucas considerações em blogues ou fóruns, o que acaba evidenciando que mesmo na agonia do lançamento, muitos admiradores acabaram apagando a chama.

Houve notícia de comercialização do game em Portugal e Itália, mas não angariei informações de algum coleccionador. Pelo menos não até o momento, que tivesse a cópia física do game.

AS DESENVOLVEDORAS

***Artematica***

Fundada em 1996, Artematica Entertainment é uma empresa independente italiana e desenvolvedora de software, especialmente jogos, com sede em Chiavari, na província de Génova. A empresa é um das principais e mais “antigas” casa independente de software na Itália. A empresa desenvolve em plataformas como PC, Web (Facebook, Twitter e gratuito), Sony (PlayStation 2, PlayStation 3 e PSP), Nintendo (DS e Wii), iOS, Android e telemóveis.

Artematica é também uma das mais conhecidas empresas activas no desenvolvimento de advergames (jogos, em particular os electrónicos, como ferramentas para divulgar e promover marcas, produtos, organizações e/ou pontos de vista), sendo a primeira empresa italiana a desenvolver este tipo de produto para as actividades promocionais.

A empresa produz e desenvolve jogos de vídeo multi-plataforma para um treinamento bem diferenciado, muitas vezes baseadas em licenciamento internacional e focada especialmente no género de jogos de aventura. A exemplo, os games são publicados em todo o mundo por parceiros, como a Warner Bros, Ubisoft, DreamCatcher Interactive, DTP-AG, Codemasters, Micro Application, Halifax, Líder, Strategy First, 505 jogos (já falamos dela no primeiro especial 😉 ), Akella e Farol.

A empresa tem muitos títulos e vale a pena conferir os mais populares:

  • Advergames
  • Aventura Clássica
  • Aventura:
  • Games infantis
  • Lógica
  • Prémios Recebidos:
  1. Druuna: Morbus Gravis: melhor jogo multimédia – Prémio Lucca Comics, 2001;
  2. Martin Mystère – Operazione Dorian Gray: Melhor game italiano – Premio Il Grillo – Alta Badia, 2005;
  3. Diabolik: The Original Sin: Melhor game – Prémio Play Mont Festival Internazional del Multimedia, 2008.

Artematica também é mencionada na Encyclopedia of Games, escrito por Giampaolo Dossena, e publicado em 2009 por Arnoldo Mondadori Editore.

***Leonardo Studio***

Infelizmente não consegui reunir muitas informações sobre a Leonardo Studio, produtora do primeiro game de MM. Mesmo recorrendo ao site da Computers & Company, todas as páginas que levam a algum outro site estão fora do ar, denunciando que a desenvolvedora, provavelmente, foi desactivada. 😉

ENCERRAMENTO

Depois de alguns meses estudando, procurando, desenterrando e fazendo mil perguntas, chega ao fim a série especial Bonelli no mundo dos games! Muitas coisas foram descobertas e muitas pérolas foram encontradas pelo caminho. As matérias, principalmente na primeira, que trata de nosso amado Tex, teve uma participação especial do amigo e parceiro, José Carlos Francisco, que disponibilizou algumas imagens do mítico disquete do game do ranger (obrigada 😉 )!

Mais que isso, todo esse trabalho mostrou o quão incrível é e pode ser o universo Bonelli, que, muito além de seu pioneirismo no mundo das BDs, também reinou e participou como expoente para o desenvolvimento nacional de jogos na Itália, seja por convite ou a pedido, que fez a fama de algumas empresas nacionais, essenciais para o aprimoramento da demanda e do mercado na bota.

Estas matérias não são absolutas, e por isso mesmo, qualquer coleccionador que tenha os itens, disquetes, mídias, encartes ou até mesmo uma crítica e curiosidade sobre tais temas será muito bem-vindo, e terei o maior prazer em editar todas elas actualizando as informações e dando os devidos créditos.

Agradeço também aos leitores e, novamente, ao amigo José Carlos Francisco, por aumentar o alcance desta publicação para além-mar! Agradeço a confiança e parceria que no fim, resulta num ganho para todos, com a disseminação destas informações adormecidas, que viabiliza a discussão e busca por histórias e paradeiros. E mais que isso: a história da cultura mundial hoje pode contar com mais algumas linhas de memória resgatada.

E, para finalizar, registo a imensa felicidade em ver a Bonelli retratada em páginas de magazines especializadas em games e cultura NERD/GEEK… Quem sabe não seja um primeiro passo para reavivar esta parte da história tão linda da empresa? Não custa sonhar 😉

Copy,

Roger that!

Ad victoriam, soldier!

(Para aproveitar a extensão completa  das imagens acima, clique nas mesmas)

[1] (Texto publicado originalmente no Síte “4Fun Games“, em 31 de Março de 2017)

Um comentário

  1. Obrigada pelo espaço, Zeca! É sempre muito bom poder contar com você! E graças a este espaço podemos marcar uma história recentemente descoberta, embora antiga, e que fez parte de todo um conjunto evolutivo. Obrigada novamente por permitir que esse pedaço de investigação fique imortalizado no seu blog! É uma honra!

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